Caro Zé
Espero que esta minha carta te vá encontrar bem a ti e aos teus. Nós por cá estamos bons.
Já quase tinha esquecido a tua amizade, mas como sabes desde que há dois anos me aposentei acabei por me retirar em minha casa, qual frade num convento e quase que me desliguei do mundo.
Na 5ª feira ao ler o jornaleco cá da parvónia, que ainda vai sendo o único meio de saber quem é que já foi desta para a melhor, reparei que deste uma entrevista que eu li com muita atenção. E sabes? Fiquei comovido até às lágrimas ao manifestares publicamente a nossa velha amizade.
Sei que tenho andado um bocado arredado das nossas jantaradas e festanças, mas como já te disse anteriormente esta vida de reformado fez-me mal à cabeça. Quanto menos faço, menos me apetece fazer. E é por isso que te dou razão ao não quereres desistir em voltar a ser presidente cá da nossa terra. Acho que fazes bem para não te acontecer o que me está a acontecer a mim. Bastantes vezes te disse para te ires embora para casa a tratar dos teus netinhos, mas vejo agora que te estava a dar um mau conselho. Fazes bem e vai à luta novamente e conta comigo para te apoiar.
Já agora que te estou a escrever, aproveito para te pedir um favor: para não ficar ainda mais maluco do que já estou com esta minha solidão, quando voltares a entrar lembra-te do teu velho amigo de há tantos anos e arranja-me lá um entretêm. Pode ser pouca coisa, mas sempre dá para ir passando melhor o tempo e sempre são também mais umas coroas que entram. Olha, posso até ficar como teu assessor e assim sempre vamos dando um bocado à língua e também à má-língua, porque não?
Até lá, resta enviar-te deste meu "convento" um forte abraço daquele que nunca te esquecerá.
Do teu amigo Jacinto César
PS- Quem te manda também cumprimentos é o teu velho amigo Zézé Rijo.
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