Texto escrito em 4 de Setembro de 2011
Continuando a falar nas medidas que propunha para alterar o S. Mateus e consequentemente as Festas da Cidade e partindo do princípio que a medida 1 era aceite proponho:
Medida – 3
Todos os anos por alturas das festas, no topo do Parque da Piedade é montada uma tenda gigante que alberga o artesanato, as tasquinhas e os poucos (e maus) espectáculos que se realizam.
Quanto aos espectáculos já falei neles e qual o destino que lhes dava. Falta o resto. Assim sendo proponho:
1 – Construção de um pavilhão definitivo que albergasse o artesanato e as tasquinhas;
2 – Que o referido pavilhão fosse construído em substituição da ampliação do Centro de Negócios;
3 – Que o actual Centro de Negócios fosse vendido a privados ou dar-lhe outra utilização;
4 – Que o pavilhão da Piedade fosse utilizado para todas as feiras que se realizam em Elvas;
5 – Que o mercado quinzenal fosse também aí realizado.
Porque é que proponho tais medidas?
Em primeiro lugar dava-se vida ao Parque da Piedade. Em segundo lugar, havia espaço para estacionamento ao contrário do que se passa no actual Centro de Negócios. Em terceiro lugar, dava-se alguma dignidade ao mercado quinzenal e por fim ganhava o S. Mateus ao ter um espaço muito melhor que a “barraca gigante”.
Se no olival nas traseiras do local onde a tenda é montada fosse
construído um parque de estacionamento, e este fosse ligado por uma via ao estacionamento do Coliseu, teríamos uma zona de eventos concentrados, com muitos lugares de estacionamento e finalmente ganharíamos uma zona em termos paisagísticos muito agradável.
Amanhã acabarei esta série de artigos com o mais polémico de todos e que se prende com a alteração da data do S. Mateus.
Jacinto César
Não, não me estou a referir a Nuno Crato. Estou a referir-me à Vila do Crato e às suas festa de Agosto. Por acaso já pensaram bem na afluência de pessoas ao Festival do Crato? 55 mil pessoas naqueles dias. É absolutamente fantástico como em meia dúzia de anos o Crato passou a pertencer ao “mapa” de Portugal. Mérito sem dúvida dos organizadores que conseguiram produzir um evento que atrai pessoas de todo o país e de Espanha. Já pensaram bem que a área onde se faz este evento pouco maior será que a carpa gigante que é colocada ao cimo do Parque da Piedade? E se eles fazem, porque é que Elvas com as tradições centenárias que tem o S. Mateus não consegue fazer?
Sei que alguns já estão a pensar: “ Chega-se próximo do S. Mateus e aí está ele a bater no “ceguinho””.
Mas porque cargas de água a minha terra há-de andar de marcha-atrás quando vejo as outras a andar em frente?
Até há poucos anos atrás tínhamos as Festas do Povoem Campo Maiore que eram inéditas no país, ao ponto de atraírem centenas de milhares de pessoas ( penso que não estou enganado que nas primeiras festas a seguir ao 25A estiveramem Campo Maiorcerca de 1 milhão de pessoas). Como a receita resultou, logo houve outras localidades a seguirem-lhe o exemplo, sendo o maior aqui próximo de nós são as Festas do Redondo. Até Juromenha já faz as suas festas com flores de papel.
E o S. Mateus? O que é que é preciso acontecer para se dar uma volta ao assunto? Bater no fundo como o país? Esperar que morra lentamente como a Feira de Maio?
E o que pensa disto a Digníssima Confraria? NADA! E a Câmara Municipal? NADA! E de tanto NADA acontecer é que qualquer dia temos o S. Mateus, não morto, mas já enterrado.
Ainda há uns dias atrás, ao fim da tarde fui dar uma volta ao Parque da Piedade. Que tristeza. As pessoas que por lá andavam contavam-se pelos dedos de uma mão. Que lástima ver aquele “parque de campismo” deserto.
Caros membros da Mesa da Confraria do S. Jesus da Piedade: se não sabem ou não querem fazerem melhor, DEMITAM-SE.
Voltaremos ao assunto.
Bom fim-de-semana para todos
Jacinto César
Quando me encontrava em Moçambique ao serviço do país entre os anos de72 e 74, havia datas difíceis de ultrapassar. Criavam em mim um estado de angustia muito grande e sentia como que um aperto no peito e um nó na garganta. Eram as lembranças da família e amigos. O natal era uma dessas datas que custavam muito a suportar, até porque é uma quadra do ano em que por princípio toda a família se reúne. As saudades aumentavam exponencialmente. Esse fenómeno era compartilhado por todos o que comigo se encontravam naquela situação. Nesses tempos e nesses lugares, tínhamos que nos acostumar que aquela era a nossa família e
confortávamo-nos uns aos outros.
E quando chegava o S. Mateus? Bem, aí as coisas tornavam-se ainda piores para mim, pois nas "redondezas" eu era o único natural de Elvas e a solidão era completa. Os dias 20 de Setembro de 1973 e de 1974 devem ter sido dos piores dias da minha vida até então. Cheguei a trautear o Hino do Senhor Jesus da Piedade quase em silêncio, e com uma lágrima no olho, quanto mais não fosse para marcar a minha presença em espírito. Dias difíceis esses mesmo num contexto de guerra.
E porque volto eu a este assunto? Porque mais uma vez é assunto de polémica e desgraçadamente motivo para guerrilhas políticas. Por mais que não queira, cada vez estou mais farto da política e dos políticos. Começo quase a sentir saudades do "antigamente" mesmo com todos os problemas inerentes a uma ditadura. Hoje começa a tornar-se impossível fazer seja o que for sem que os políticos metam o nariz e queiram de qualquer forma controlar acontecimentos por mais pequenos que sejam. Mas que democracia esta!
Mas voltemos ao S. Mateus e sua organização. No post que publiquei no dia 27 de Setembro advogava que as duas festas deveriam ser separadas e expliquei o porquê. Dizia então que a Confraria devia ocupar-se unicamente das Festas de Igreja, entregando a organização da Feira de S. Mateus à Câmara Municipal, independentemente de quem ocupasse a cadeira do poder. Afirmei-o e mantenho o que disse mesmo que haja políticos a concordar e outros a discordar. Da Confraria tenho uma experiência indirecta muito grande (o meu pai esteve lá 20 anos). Devido ao amadorismo dos seus membros, os problemas eram mais que muitos e as dificuldades enormes, e isto a todos os níveis, desde os financeiros até à organização propriamente dita. Recordo até um episódio caricato que se passava todos os anos: a câmara dava um subsídio à confraria, mas esta no dia 21, tinha que oferecer um almoço às entidades civis e religiosas na Pousada de S. Luzia. Lá se ia o subsídio. Há ainda vivos uns quantos mesários (incluindo o meu pai) que podem confirmar isto. Ora como a mesa da confraria continua composta por amadores, mesmo que cheios de boa vontade, estes deveriam dedicar-se unicamente às festa religiosas. Com as receitas geradas pela bandeja, poderiam até melhorá-las, reintroduzindo por exemplo a presença de um coro e uma orquestra de câmara como dantes se fazia e que presumo por falta de dinheiro se deixou de fazer. Tinham todos os ingredientes para tornar estas festas mais dignas, dado que a disponibilidade de tempo era maior, os problemas menores e as aflições financeiras reduzidas a zero.
A organização da feira passaria integralmente para o Município, e não vejo aqui mal algum, antes pelo contrário, só traria benefícios para todos. A feira poderia ser gerida de uma forma profissional e rentabilizada sob o ponto de vista económico, tal como expliquei no post anteriormente referido.
Dirão alguns: as festas passariam a andar ao sabor do calendário eleitoral! Pois, e então os membros da confraria não podem eventualmente, também eles estarem enfeudados ao poder instalado e acontecer o mesmo? Neste ponto, acho que cada cidadão tem as suas responsabilidades ao não ter a memória curta e só se lembrar do que foi feito em ano de eleições. Eu acredito que as pessoas não esquecem.
Por outro lado, não nos podemos esquecer que a política é um polvo e que tem tentáculos em toda a parte. Não me venha dizer que há políticos que abdiquem de controlar tudo e todos. Basta ver o que acontece a nível nacional de cada vez que um partido ganha eleições: é ver uns saírem e outros a entrar para os mais variados cargos. Passado uns anos tudo roda novamente. Não acredito em políticos com pureza de intenções e se para lá entraram assim depressa perdem essa pureza para não serem cilindrados. Essa história de dizerem que “se lá estivessem as coisas eram diferentes” já não convence ninguém! Nem os mais “distraídos”.
Jacinto César
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