Como todos sabemos, em todas as eleições e sem excepções, os políticos prometem tudo e mais alguma coisa, ou seja, mente descaradamente com todos os dentes que têm.
Basta lembrarmo-nos dos dois últimos governos, e falo destes porque são aqueles que provavelmente nos lembramos melhor, aquilo que fizeram depois e aquilo que tinham prometido antes. E o povo na sua boa fé lá vai metendo o boletim de voto naqueles que lhe prometem mais coisas. Só que depois é que são elas.
Acho que tinha um remédio para isto. Vejamos então a receita:
1 - Todos os partidos seriam obrigados a apresentar um plano para uma legislatura como se fossem ganhar as eleições;
2 - Esse plano conteria as principais medidas importantes a tomar durante a legislatura;
3 - Esses planos seriam depositados no Tribunal Constitucional;
4 - O partido ou coligação que ganhasse as eleições teria que cumprir rigorosamente aquilo que estava no plano;
5 - Qualquer fuga ao plano daria como consequência a demissão do governo pelo Presidente da República que marcaria novas eleições.
Quais seriam as consequência de tal remédio:
1 - Os partidos ver-se-iam obrigados a escrever programas eleitorais realistas e que se sentissem capazes de cumprir;
2 - Ao escrever os programas eleitorais, os partidos só lá colocariam aquilo que de verdade conseguiriam cumprir e não fantasiar para enganar os eleitores, pois já sabiam as consequências do seu não cumprimento;
3 - Os votantes votariam naquele programa que lhe fosse mais favorável, sabendo que ao votar num partido, este se chegasse a governar teria que cumprir o que prometeu e não seria enganado como somos todos os anos em que há eleições.
O que é certo é que se prometem mundos e fundos quando à partida já sabem que é impossível cumprir o que prometeram. Toda a vida política seria mais honesta e talvez assim as pessoas acreditassem mais numa classe que já bateu no fundo há muito tempo da credibilidade.
Vamos nessa.
Jacinto César
“ Entrem senhoras e senhores, meninas e meninos. Venham ver ao vivo um verdadeiro artista. Venham ver o malabarista Gaspar. Venham ver a transformação da água em água, do ar em ar e do nadaem nada. Entrem, entrem, é a maior atracção nacional do momento, consegue fazer rir os alegres e chorar os tristes. Entrem, entrem!”
Eu não sei se há por aí muitas pessoas que ainda se lembram deste tipo de pregão nas feiras, a propósito de malabaristas, ilusionistas e vendedores de banha da cobra. Mas hoje ao ouvir o Ministro Gaspar, veio-me à memória este tipo de pregões, em que se promete tudo antes e tudo fica na mesma depois.
Vieram para a rua às centenas de milhares protestar contra a austeridade que vai dando conta dos nossos rendimentos mensais. Protestou-se contra a falta de equidade no esforço que os portugueses estão a fazer. Berrou-se pelo descalabro que é o desemprego. E que acrescentou Gaspar? Mais austeridade em cima da austeridade. Mas há ainda a hipocrisia do ministro ao anunciar a devolução de um dos subsídios à Função Pública. Então o malabarista não consegue dar com uma mão e depois à socapa retira com a outra? Resumindo, os privados continuam com os dois subsídios dos quais lhe é retirado um sob a forma de IRS. Aos públicos dão-lhes um deles que depois lhes é retirado da mesma forma, ou seja, em sede de IRS. A isto chama-se “equidade”.
Grandes malabaristas, para não lhes chamar outra coisa.
Jacinto César
Ex.mo Senhor Ministro das Finanças
Venho por este meio solicitar a V. Ex ª, não a atribuição de um prémio, pois considero que ninguém tem direito a um prémio pelo mero cumprimento do seu contrato de trabalho, contrariamente ao que parece ser prática para alguns (poucos) privilegiados de acordo com as declarações de v.Exª "Recordo que esses gestores têm um contrato de prestação de serviços de gestão que define objectivos que deveriam ter sido atingidos no ano de 2007. Se o prémio lhes foi atribuído é porque eles cumpriram as funções para que foram contratados, cumprindo os objectivos que estavam definidos no contrato", (Santos, Teixeira; http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_digital/news.asp?section_id=30&id_news=121064, 27-7-2009 ; 19h 30m ), mas tão só o reposicionamento, meu e de todos os meus colegas professores nos escalões remuneratórios nos quais nos encontraríamos, não fora a suspensão e posterior revogação unilateral de algumas normas do nosso contrato de trabalho por parte do actual governo.
Fundamento este requerimento, mais uma vez, nas declarações proferidas por V. Ex ª segundo as quais "Estado é uma pessoa de bem" e que "respeita os contratos que celebra" (Santos, Teixeira; http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_digital/news.asp?section_id=30&id_news=121064, 27-7-2009 ; 19h 30m ).
Não querendo acreditar que este afã em cumprir contratos não diga respeito a todos os portugueses, mas apenas àqueles que pertencem à classe dos administradores
Peço deferimento
“O Governo quer os aposentados de novo nas escolas para auxiliarem nas tarefas não lectivas, como o apoio ao estudo, aos alunos imigrantes, ou nas visitas de estudo”
In DN 3 de Fevereiro de 2009
Ao apresentar esta proposta vem o Governo assumir que há um trabalho não lectivo, no interior das escolas, que tem vindo até agora a ser assegurado pelos docentes que nelas trabalham, naquelas horas da componente não lectiva que nunca são contabilizadas quando se fala no horário de trabalho do professor.
Sabe este governo que, com as novas burocracias introduzidas nas escolas pela famigerado sistema de avaliação, pela elaboração de portefólios e relatórios, fichas e grelhas com que se enchem dossiers, pelas não menos famosas CIF que foram introduzidas na sinalização de alunos para ensino especial ao mesmo tempo que se reduzia o número de professores de apoio, reduziu drasticamente o tempo disponível para que os professores possam realizar esse trabalho não lectivo agora assumido.
Não quer o Governo, por teimosia, voltar a trás nas decisões tomadas que conduziram a esta situação.
Nesta circunstância só teria um caminho a seguir, colocar nas escolas alguns dos milhares de professores que se encontram o desemprego, para desempenharem esta tarefa.
Mas se o objectivo de toda a política educativa tem sido no sentido de reduzir custos, por um lado e de desvalorizar o trabalho do professor por outro, como podia o Governo vir agora contratar novos professores aumentando de novo a despesa e demonstrando que afinal, os professores estavam sobrecarregados de trabalho? Não podia!...
Então, mais uma vez, descobriu a fórmula ideal para resolver o problema e amesquinhar ainda mais o trabalho dos professores.
Apresentando esta proposta o Governo está a dizer por um lado que a importância que dá ao estudo acompanhado e à integração dos imigrantes e a outras actividades não lectivas é tão pequena que não merece um cêntimo de investimento (o dinheiro faz falta para salvar os bancos), por outro que na realidade existe muito trabalho a realizar nas escolas, mas ele é tão insignificante que nem merece ser pago.
António Venâncio
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