Não sei se estou a falar cedo demais, mas a minha convicção é de que o Presidente da Câmara fez muito bem em não ter aceite o contrato programa com o Ministério da Educação que permitia que o Pessoal Auxiliar e as instalações escolares ficassem sob a tutela municipal (2º e 3º ciclos).
Só que as minhas razões são substancialmente diferentes da do Presidente.
Se os funcionários camarários se encontram “subjugados” ao poder real e político do Presidente, já repararam que se iria juntar ao “exército” mais uns quantos? E quando se tivesse que admitir alguém? Será que a “cor” de cada um não iria ter influência na admissão?
Resumindo: seriam mais uns jobs para os boys.
Senhor Presidente, mesmo tendo sido por motivos diferentes fez muito bem em não aceitar. Ganha o senhor por uns motivos e ganha a independência por outros.
PS- Não entendo lá muito bem a oposição quando se manifestou a favor da assinatura do protocolo. Será que estavam a ver bem o filme?
Parece que por fim temos um discurso à Rondão Almeida, ou alguém por ele. Já assim fala o Sócrates. Faz o que eu digo não faças o que eu faço. Todos somos honestos até prova em contrário. Já assim falava e apregoava Vale e Azevedo, Pimenta Machado Isaltino Morais, Fátima Felgueiras, Pinto da Costa, etc.
A César o que é de César. Falemos do que escreveu. Admiro-me que sendo um homem conhecedor do que se passa na Europa desenvolvida,porque lê e viajou muito,tome esta posição sobre um tema que há muitos anos já devia ter sido resolvido em Portugal. Sei que tem alguns receios de ordem política,má política,sobre a passagem destas competências para as Câmaras.Não só pela de Elvas mas por todas as do País. Esse receio será superior aos benefícios ? Quantas vezes já disse e pensou que as directrizes emanadas do Ministério e Direcção Geral são lesivas dos interesses locais e das suas populações? Quantas vezes preconizou que o poder de proximidade resolve melhor os problemas que afligem as populações? Ter medo do Poder Local é rotular de menores os cidadãos de cada localidade.E, eu sei que o Jacinto não é menor,sei que o Jacinto pensa,tem vontade própria,não se deixa embalar pelo sabor do vento.Se assim é,acredite que muitos,muitíssimos portugueses são com você. Porquê ter medo? Nada o justifica. Gostaria que,para além dos receios de ordem política,o Jacinto apresentasse outros argumentos.Sei que os tem.Espero por eles. Um elvense que gosta de falar equilibradamente sobre os assuntos mesmo que não esteja muito dentro deles.É este o caso. No entanto,parece-me que estas alterações seriam benéficas.
Caro amigo: mesmo sendo anónimo e estar a ir contra os meus próprios princípios, respondo-lhe pela seriedade que coloca no seu comentário (que infelizmente é raro). Todos os que estão por dentro dos assuntos da educação e da gestão escolar sabem que seria muito mais flexível e eficaz se a gestão do pessoal auxiliar e instalações se fossem da competência municipal (acredite que sou um acérrimo defensor do municipalismo em detrimento da regionalização). Mas como não há bela sem senão e tal como as coisas estão pelo país, o perigo da politização da gestão do pessoal é real. Pode parecer estranho o que digo, mas a experiência diz-me que cada vez mais é necessário ter-se um cartão de uma partido para se subir na vida, fenómeno que atravessa transversalmente todos os partidos. Por muito boa vontade que tenha já perdi as ilusões sobre a honestidade das pessoas e da transparência dos processos e gestão da democracia. Já fui optimista, mas os anos transformaram-me. Já vi e continuo a ver muita coisa “feia”, e continuo a não ver melhoras algumas.
Eu tenho pena de si. Tenho mais pena de que seja assim. Mas já vi que é assim, preconceituoso. Tenho pena, muita pena. Acho que consigo mudar para melhor muita coisa no mundo, mas dificilmente conseguirei transformar pedras em diamantes.