Uma das actividades foi o levantamento de todas as guaritas existentes nas muralhas. A apresentação desse trabalho foi feita num stand na Feira de S. Mateus. No dia da inauguração, alguém que mostrou interesse na nossa actividade, fez no entanto um comentário muito curioso que só mais tarde entendi: “vocês, com esta associação, o que pretendem é ter um trampolim para a política”. Eu retorqui que jamais me (ele) veria na vida política. Respondeu o meu interlocutor: “ nós cá estamos para ver”. Nesse mesmo ano ou seguinte (já não recordo) houve eleições autárquicas. Não é que salvo eu, o meu irmão e mais um ou outro, todos formaram parte das listas dos vários partidos? A profecia tinha-se cumprido. Foi o fim da ADEME.
Pensei eu na altura que o homem ou era bruxo (coisa que não acredito) ou tinha faro político; e se ainda não adivinharam quem era a personagem eu digo: Rondão de Almeida, ao vivo e a cores.
Isto vem tudo a propósito da “fundação” da ADE.
Não sou, como não podia deixar de ser, a contra a criação de associações cívicas para a defesa de qualquer coisa que seja útil para a cidade ou para o país. Mais, acho que é obrigação de todos os cidadãos intervirem na sociedade. Só que essas associações têm que ser formadas por pessoas descomprometidas com a política partidária ou então correremos o risco de estas se transformarem num contra poder com pretensões de serem elas mesmas poder.
Sempre gostei de caldeirada de peixe, mas este tipo de caldeirada não me agrada e a experiência diz-me que os resultados nunca serão satisfatórios.
Já referi aqui várias vezes, assim como em conversas pessoais com alguns dos elementos que são o embrião da ADE, que a luta política não pode continuar a ser feita como até aqui, sob pena de o resultado ser zero. Não se pode combater o poder com as mesmas armas deste, sob pena de sermos constantemente derrotados. Temos que trazer o “inimigo” a combater ao nosso terreno e bater-lhe no sítio onde dói mais.
Não será demais recordar a história de David e Golias ou a táctica utilizada em Aljubarrota.
Exemplo dessa mesma má política é a baixeza dos comentários ao meu anterior post, que são inadmissíveis, ao ponto de até a vida familiar dos citados vir à baila. Não se pode ir por este caminho pois a derrota é mais que certa e, mais cedo ou mais tarde surgirá a vitimização, a que o “povo” é tão sensível.
Os problemas de Elvas, penso eu, já não se resolvem de forma convencional. Requerem medidas e atitudes mais firmes e tácticas mais diversificadas e apuradas. Eu por mim continuo aqui como espectador, na esperança de um dia o combate ser outro. Nesse dia direi “PRESENTE”.
Jacinto César
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