Já não sei quem disse que não há jovens maus. Eu acredito neste princípio. São os adultos que os fazem melhores ou piores. Eu falo por mim e com isto não quero vincular mais ninguém: lido com jovens há 35 anos e nunca tive problemas com eles. Três desses anos foram passados em situação difícil. Foram na tropa, dois dos quais em situação de guerra. Depois foram (são) 32 de ensino.
Para dizer a verdade eu como adolescente não fui melhor dos de hoje: antes pelo contrário. Aqueles que estão a ler estas linhas, se quiserem por a mão na consciência, dirão qualquer coisa parecida. Pensem no que fizeram e logo verão que não foram muito melhores e nalguns aspectos ainda piores.
Então onde está a diferença que tanto se apregoa?
Demos um exemplo muito simples:
1- Fazia uma qualquer patifaria na escola.
2- Se fosse apanhado era castigado
3- Se os meus pais não chegassem a saber (o que era difícil), tudo terminava por aí e voltava ao ponto 1.
4- Se os meus pais soubessem, o “caldo ficava entornado”. A minha mãe “chegava-me a roupa ao pelo. O meu pai nunca me bateu. No entanto tinha mais medo das consequências vindas do lado paterno. Não havia dinheiro, não havia saídas à noite, não havia fins-de-semana, etc, etc. A minha mãe dava-me uns “tabefes” e morria tudo por ali.
5- Quando tudo estava esquecido, voltava tudo ao ponto 1. Acreditem que não fui menino de coro.
E hoje?
1- Um rapaz faz uma asneira.
2- Se for apanhado é castigado.
3- Se os pais não souberem, volta tudo ao ponto 1.
4- Se os pais souberem … bem, agora aqui é que está a diferença. A primeira reacção dos “papás” é que o filho é um santo e incapaz de fazer mal algum. A culpa foi de certeza de outro. Se os pais acreditarem na asneira do filho, para não lhes darem cabo do sossego do lar, todo continua na mesma. Castigos nem pensar. Dar um estalo na criancinha é anti pedagógico.
5- Mesmo sem tudo estar esquecido, volta tudo ao ponto 1.
Afinal onde está a diferença? Só nos papás das criancinhas e da sociedade em que vivemos.
Rapazes maus, somos nós que os fazemos!
Jacinto César
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