A verdade é que, com toda esta guerra aberta no sistema, por medidas demagógicas e que em nada contribuem para a qualidade do ensino esta desceu signitivamente, quer por falta de tempo para o professor trabalhar o importante, as suas aulas, quer pela quebra de autoridade introduzida pelo próprio Ministério, através de sucessivas declarações e de legislação como o estatuto do aluno. Agora, mostrando claramente o que é importante para o Ministério, vem a Senhora Ministra dizer que se pode flexibilizar a avaliação designadamente não fazendo observação de aulas este ano.
Qual é a missão fundamental do professor, não será leccionar as suas aulas?
Então se podemos suprimir a observação das aulas fica o quê?
É como se uma equipa de futebol dissesse de hoje em diante, para escolher um jogador, não vamos vê-lo jogar, basta que nos diga como joga e ver como fica na sala de imprensa no final do jogo.
Então porque permite o Ministério que se retire esse item este ano e obriga a manter outros como o sucesso(nota final) dos alunos?
Por várias razões:
1º Porque é um dos “pormenores” menos importantes do seu ponto de vista. Se assim não fosse, seria esta a base de toda a avaliação, e a observação de aulas seria efectuada por supervisores com formação especifica, capazes de uma avaliação formativa que contribuísse para um melhor desempenho dos professores.
2º Porque a ser implementado da forma apressada e não planeada como o Ministério o desenhou, daria origem à maior desorganização de sempre na Escola Pública, com os avaliadores a não poderem leccionar as aulas aos seus alunos, para ir assistir às aulas dos colegas, e os alunos a chegarem ao final do ano com grande parte do programa por leccionar, o que para o Ministério não seria grave não fora o facto de os pais daqueles que querem trabalhar e se esforçam por ter bons resultados alunos (os eternos prejudicados do sistema), começarem a sentir o quanto isto prejudicava os seus filho.
3º Porque o importante é a estatística, e não se pode abdicar de “obrigar” os professores a dar “boas notas”, sob a ameaça de não terem eles próprios “boas notas”, para que a estatística corra bem e se possa fazer a respectiva demagogia com os números.
4º Porque o importante não é a qualidade, como se quer apregoar, mas a quantidade, a prová-lo está o facto de sempre que se questiona a Ministra um Secretário do Estado ou o senhor Primeiro Ministro sobre o assunto educação apenas responderem com números.
E porque não fazê-lo bem?
1º Porque teria que recuar na legislação publicada, e em toda a demagogia já derramada sobre os professores
2º Porque implicaria a formação de supervisores, o que representaria um custo para o sistema.
3º Porque os supervisores teriam que ter o horário significativamente reduzido ou inclusivamente não leccionar, dependendo do número de avaliados, para poder dispor de tempo para assistir às aulas fazer os encontros de pré e pós observação de uma avaliação consciente e eficaz do ponto de vista da melhoria da qualidade o que teria custos elevados para o Ministério.
4º Porque teria que haver um supervisor por cada área disciplinar, para que pudesse com conhecimento de causa, avaliar quer pedagógica quer cientificamente, e isto é incompatível com o desenho dos novos departamentos desenhado pelo Ministério par poupar dinheiro.
5º Porque, como toda a medida de fundo credível para a Educação teria que estar publicada no mínimo em Maio/Junho para ser aplicada no ano lectivo seguinte, por forma a permitir a organização e distribuição de serviço e os Horários por forma a compatibilizar a assistência às aulas dos supervisores com as suas próprias aulas. E o Ministério publicou a legislação em Janeiro.
Por tudo isto, não é possível neste momento centrar a avaliação no que realmente importa, a qualidade das aulas avaliada por alguém com formação para tal.
Pela teimosia do governo, vamos continuar com uma farsa de avaliação cujos únicos objectivos são conseguir estatísticas demagógicas e impedir a progressão na carreira aos professores por forma discriminatória, e sem qualquer relação nem influência positiva na qualidade de ensino.
António Venâncio