Caro Senhor
Sei que por vezes sou inconveniente por dizer aquilo que me vai na cabeça e na alma, mas pelo menos sou honesto. Inteligente como é, deve saber melhor do que eu, que há por aí muita gente que tinha vontade de lhe dizer NÃO, mas seja lá porque motivo for acabam por dizer SIM. Eu cá por mim se gosto, gosto, se não gosto não gosto e pronto.
Isto tudo vem a propósito da alteração dos nomes dos equipamentos que já têm o seu nome e que agora lhe vai ser acrescentado o título de Comendador. O senhor não acha que deveria ser o primeiro a não concordar com tal medida? O senhor não entende que tal atitude não lhe fica bem? O senhor ainda não percebeu que a maioria das pessoas não concordam, mas que lhe vão batendo umas palmadinhas nas costas e depois sabe-se lá o que dizem ou que pensam?
Já lá vão uns anos sobre uma conversa que tivemos em particular na Escola Secundária (continua a cravar cigarros a toda a gente?) e que eu lhe disse que um dos seus grandes defeitos era o ser vaidoso. Pois bem, é isso mesmo que continuo a achar. O senhor não consegue ser modesto, mesmo que essa, fosse artificial. O senhor gosta que o bajulem e lhe digam amém a tudo. Feitios.
Já aqui lhe disse num dos meus escritos que como presidente da câmara merece ser homenageado pelo trabalho que fez em prol da cidade. É verdade. Mas o jantar que vai ocorrer hoje precisamente para o homenagear cheira-me que é mais um acto de vassalagem artificial onde o senhor irá produzir mais um dos seus inflamados discursos políticos. Claro!
Alguém aí da câmara abordou-me para me convidar a comparecer ao jantar. Eu educadamente respondi que não ia estar presente. E PORQUÊ? Foi a resposta ao meu não. Não tinha que dar explicações algumas, mas acabei por dizer que não ia porque não queria assistir a mais um “comício político” como aconteceu no almoço que juntou no Coliseu de Elvas as Universidades Seniores de todo o país. Gostava que tivesse ouvido os comentários que logo ali se fizeram. Mas mais uma vez e em lugar de dizerem o que pensavam, à que dar mais uma palmadinha nas costas, para lhe fazer aumentar ainda o seu ego, que já deve estar bem alto.
Caro senhor, tenha um bom jantar e um bom fim-de-semana, extensivo aos demais elvenses.
PS – Tenho a noção que hoje ninguém o irá informar sobre o que escrevi. Era inconveniente e o jantar poder-lhe-ia assentar mal.
Jacinto César
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