Acabei ontem de reler o romance de Miguel Sousa Tavares, “O Equador”, que sobre o ponto de vista histórico é exemplar e que descreve com muita precisão o estado de Portugal nos anos imediatamente anteriores à queda da Monarquia. E o engraçado, mas que não tem graça nenhuma, é que podemos estabelecer um paralelo com o que se passa hoje no nosso país. Era um Rei D. Carlos que não passava de uma figura decorativa e dois partidos que se iam revezando no poder. Era a corrupção, o tráfico de influências, os compadrios e tudo o que vimos hoje. Uma cópia chapada do que se passou há cerca de cem anos atrás.
Hoje saíram os novos dados sobre Portugal da Comissão Europeia. As previsões dão conta que o desemprego continua a aumentar, o PIB continua a cair, os rendimentos continuam a baixar, as exportações também estão a cair e pasme-se, a dívida de Portugal continua a aumentar. É caso para perguntar: então depois desta austeridade toda, em que temos dois terços do país ou mais de calças na mão, ainda assim a dívida aumenta? Algo de estranho se passa. Ou o governo não faz a mínima ideia do que anda a fazer ou então andam-nos a esconder a verdade e não nos contam para onde vai o dinheiro.
Antes, ingleses e alemães até se propuseram comprar algumas das nossas colónias para pagarmos a dívida externa. Hoje já não temos colónias e já vendemos ao estrangeiro tudo o que valia dinheiro. E agora? Se calhar era bom fazermos um leilão e despachar a Madeira e os Açores. Sempre era capaz de render alguma coisa.
Bom fim-de-semana para todos
Jacinto César
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