Sempre achei e tal como o povo diz, “no meio é que está a virtude”, e tem sido quase sempre assim que tenho pautado o meu pensamento. Isto vem a propósito do que escrevi aqui nos últimos dias.
Desde que os países adoptaram modelos económicos, sempre se defrontaram duas grandes correntes de pensamento: o socialismo de estado e o capitalismo. Umas vezes a dominarem mais uns, outras a dominarem mais os outros. No pós-guerra surgiu uma terceira via: a Alemanha com a Social-democracia e a Itália com a Democracia Cristã. E vendo bem as coisas, até concordava com estes sistemas. O estado entregava toda a economia ao sector privado, reservando-se para si os sectores estratégicos da economia e todo o sistema social. As regras eram aquelas e toda a gente sabia com as linhas com que se cozia. E hoje o que é que se passa? As ideologias políticas foram mandadas às urtigas e passou-se ao salve-se quem poder e sem regras. O resultado está à vista. O resultado é aquele que todos nós sentimos no dia a dia. A corrupção alastra de uma maneira incontrolável, o compadrio e as amizades valem mais que a competência e a luta pelo poder é cada vez mais selvagem.
Isto faz-me lembrar dos anos 60 quando a luta das feministas estava no seu auge. Havia um machismo predominante que não queria abrir mão do seu poder. Depois vieram as lutas pela igualdade dos sexos (o que concordo), e depois veio o abuso por parte de alguns sectores da sociedade. E porque não o RESPEITO uns pelos outros sem extremismos? Porque é que temos que andar sempre no 8 ou no 80?
Voltando à economia, penso que estamos a passar por uma época de liberalismo económico selvagem. O capital é rei e senhor. Quem tem dinheiro safa-se. Os outros, os pobres e desfavorecidos, que se lixem. Há no entanto um fenómeno muito peculiar: quando as coisas estão a correr bem, o estado que se lixe, mas quando as coisas se põem feias todos clamam pelo guarda-chuva do estado.
No meio disto tudo encontra-se o povo que trabalha. Confuso, desconfiado de tudo e de todos, aldrabado e explorado por todos. É o bombo da festa.
Atente-se a dois exemplos muito recentes.
1 – Uma empresa de construção civil bem cotada na praça, administrada por ex-ministros e secretários de estado. Sempre se arvoraram como das maiores empresas privadas do país. Pois, mas sempre a chupar na teta do estado. Agora que o estado está falido, ai que desgraça e os empregados que vão para a rua. São privados, mas pouco.
2 – Já hoje li nos jornais que o Centro de Saúde (?) de Cascais vai ser gerido por estrangeiros. Mas aonde é que nós vamos parar?
Resumindo, hoje o que há é uma enorme falta de respeito pelo cidadão, sejam lá os serviços públicos ou privados. Haja bom senso.
Jacinto César
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