Nestes últimos dias tenho andado num dilema terrível: se por um lado gostaria de fazer greve, por outro não. Explico-me melhor.
Quando se faz uma greve e seja lá ela a que for, em princípio é para reivindicar algo ou para mostrar descontentamento sobre qualquer coisa. Mas para ela seja efectiva, é necessário que faça “doer”. Por estes motivos estaria nela.
Acontece que determinadas greves e à moda do futebol, beneficiam o infractor ou seja o estado. E é por esse motivo que a minha vontade balança para o não. Veja-se o meu caso e o da maioria dos funcionários públicos. Faço greve. Ao fim do mês vão-me ao ordenado. Se a coisa ficasse por aqui, mais uma vez diria que sim para manifestar o meu desacordo com a situação. Só que as aulas de amanhã terei que as repor lá para o fim do ano lectivo, o seja, sou penalizado duas vezes. Se formos analisar o que se passa em muitos organismos do estado, a situação é a mesma. O que não fazem amanhã terão que se fazer depois. Assim sendo, quem é que são os maiores prejudicados? Os utentes dos serviços. Quem é o maior beneficiado? O estado que poupa um dia de vencimento e subsídio de refeição. É caso para dizer que se o governo da boca para fora vai manifestando o seu desagrado, intimamente não se importa e até pode desejar “uma repetição da jogada”.
Se vivêssemos nos EUA, aí sim, o “patrão” não paga mas paga o sindicato. Não sei se em algum país europeu as coisas também se processam de igual forma.
Resumindo: a não ser que me dê um impulso de última hora, vou trabalhar.
Jacinto César
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