Muito se tem falado da pressão que a Câmara Municipal de Elvas
tem feito ultimamente sobre o Ministério da Defesa no sentido da sua
aquisição ou cedência.
Vamos ser um pouco optimista e acreditar que tal vai para a frente.
Que fazer depois?
O ano passado tive a felicidade de ter visitado Goa. Jamais tinha
sentido emoção tão forte ao perceber que tanto a língua como o
património portugueses são omnipresentes e são tratados com um
especial carinho pelos goeses. Claro que aproveitei e “meti o nariz”
em todo o lado.
Foi nos templos católicos, nas fortificações, nos mercados tipicamente
portugueses, nos restaurantes onde se serve sardinha assada, nas
pastelarias e cafés que nos fazem lembrar constantemente o nosso
país, etc., etc.
Em Pangim interpretei sem dúvida alguma a cena mais lamentável
que tive como turista. Fui abordado na rua por uma senhora que em
inglês queria vender-me objectos em prata. Farto de tantos episódios
idênticos e a toda a hora, disse em português “não me chateis mais”
ou coisa do género. A pessoa que me abordou, segurou-me pelo braço
e disse-me: “olhe, não se esqueça que isto aqui ainda é um bocadinho
de Portugal”. Foi pior do que ter apanhado com uma pedra na cabeça.
Fiquei envergonhado pelo que tinha dito, apresar de nunca ter dito
qualquer palavra imprópria. Mas a lição serviu-me para que daí
em diante olhasse para tudo com uns olhos diferentes.
E que tem tudo isto a ver com o Forte da Graça? Tudo!
Já ouvi mil e uma opiniões sobre o que fazer com o forte, que utilização
se lhe pode dar. Uma vez passou-me pela cabeça até, porque
não promover um concurso internacional e ideias para o referido monumento.
A partir do momento em que visitei todos os fortes
existentes em Goa, mudei de ideias. E porque não fazer NADA?
Porque não restituir-lhe toda a dignidade que merece e deixá-lo
simplesmente assim? Deixar que as pessoas nele passeiem à vontade
sem ter que tropeçar com qualquer organismo, ou hotel ou restaurante
que os impeça de o ver tal qual era nos seus tempos áureos?
Foi exactamente isso que vi em Goa. Fortes e fortins perfeitamente
restaurados, fossos e interiores relvados, binóculos espalhados
para ver as paisagens, duas ou três pessoas a vigiar e um na bilheteira e
pronto. E porque não isto em lugar de ter que adaptar o edifício a
qualquer coisa e que lhe altere a originalidade?
Jacinto César
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