Já há muito tempo que se fala nesta possibilidade conjuntamente com a Euro-Região.
Este é daqueles temas sobre os quais cada um deve reflectir nos prós e contras.
Este é daqueles temas que são transversais a todos os partidos.
Este é daqueles temas sobres os quais possamos dizer sim ou não sem mais nem menos.
O nosso companheiro Zé de Mello tem sido o grande defensor de Elvas e Badajoz juntas numa só! Penso que lá terá os seus motivos e terá encontrado as vantagens de tal união. É o seu dever como cidadão ajudar que os outros entendam a situação. As suas opiniões serão sempre bem-vindas.
Pela parte que me diz respeito e depois de me ir informando do que se passa noutras situações por essa Europa fora, entendo que não será a melhor solução. E porquê?
Vamos estabelecer um paralelo com outro tipo de associação: o casamento.
Temos duas pessoas que casam, sendo que as suas condições económicas e sociais são muito diferentes. Pode haver tudo aquilo que é normal num casamento: o amor, a amizade e tudo o mais. Como em todos os casamentos há dias bons e dias maus. Até que num dia mau, o poder do mais forte vem ao de cima e o inevitável “ou é assim ou está tudo acabado” acaba com a “sociedade”.
Voltemos a Elvas e Badajoz. Somos vizinhos desde sempre, mas não é por esse facto que devemos fazer o casamento. A diferença entre as duas é abissal e é fatal em que a mais forte faça prevalecer o seu poder. Quero com isto dizer que seríamos sempre subalternizados. E qual seria então o problema? Não passaríamos de mais um dos bairros periféricos de Badajoz. Perderíamos a identidade e a vida própria. Admito que ganharíamos em alguns aspectos, mas ficaríamos sempre a perder.
Um exemplo. Imaginemos que a partir de determinada altura todos os serviços de saúde passavam para a cidade vizinha tal como aconteceu com a maternidade. À primeira vista ficaríamos melhor servidos já que os hospitais de Badajoz têm todas as valências inerentes aos hospitais centrais. E onde perderíamos? Entre médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, pessoal técnico e administrativo, quantos trabalham no nosso hospital? Uma centenas talvez. Ou seja umas centenas de famílias de uma condição económica razoável entravam em debandada para outras paragens. Lembram-se dos despachantes de alfândega? Mas o desastre não ficava só por aqui, mas transformar-se-ia noutra bola de neve. Menos famílias implicam menos consumo e como tal menos comércio. Menos famílias representam menos crianças e como tal menos alunos nas escolas e como tal menos professores que teriam também que procurar outras paragens. Menos famílias, menos dinheiro a circular e como tal menos bancos ou os mesmos com menos funcionários. Penso que não é necessário continuar.
Em resumo, penso que uma associação com Badajoz a médio prazo nos transformará numa cidade fantasma. Muitas pessoas a virem aqui dormir, mas de dia as ruas desertas.
Não sou capaz de dar uma certeza de que tal não aconteceria, mas também e até agora não me convenceu do contrário.
Se as duas cidades fossem mais ou menos equivalentes em meios acreditava numa associação em que a cooperação mútua seria sempre uma mais valia. Mas com esta desproporção, não sei. Teremos talvez todos que pensar bem no assunto e medir as consequências.
Jacinto César
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