Finalmente passou o dia que me deixa sempre deprimido. Finalmente estamos já a 26.
Já não consigo ter paciência para ouvir as renovadas promessas de um país novo, de um país melhor. Esta cantilena já tem barbas e cheira a mofo.
Por vezes já tenho dado por mim a pensar se os comunistas não têm razão no que dizem. Bem, lá falar bem, falam eles, o problema era se se apanhassem no poder e depois nunca mais de lá saem. Mas lá que têm razão, lá isso têm.
Contrariando a maioria das pessoas que na juventude apoiaram partidos da extrema-esquerda e depois foram evoluindo para a direita, eu sinto-me cada vez mais de esquerda. Só que nenhuma esquerda me satisfaz. O meu problema é que da extrema-esquerda para a extrema-direita vai um passo e eu estou em vias de o dar.
Não quero de modo algum voltar ao Deus, Pátria e Família ou ao Fado, Futebol e Fátima, mas que tudo isto precisa de levar uma volta para entrar nos eixos, lá isso precisa. E quem o pode fazer? O povo? Tenho as minhas dúvidas. Está de tal maneira amestrado e mecanizado, que quando vai às urnas põe a cruz sempre no mesmo lugar. Estarei a insinuar que o povo é burro? Não, está é acomodado. Para que partir para uma nova aventura se o que temos nos vai dando uns tostões? Para quê recomeçar tudo de novo se os que vierem são iguais? Para quê eleger alguém diferente se nos irá governar? Se assim fosse, cada vez que caímos não nos levantávamos! Para quê almoçar se daqui a umas horas vamos jantar? Para quê levantar-me da cama se daqui a umas horas volto-me a deitar?
As pessoas não jogam no Euromilhões, que mesmo sabendo que vão perder, têm sempre uma réstia de esperança que nos toque alguma coisa?
As pessoas casadas não se divorciam quando as coisas correm mal e partem para uma nova?
As pessoas quando estão doentes não se tratam, mesmo sabendo que mais ano menos ano vão morrer?
Não se costuma dizer que a esperança é a última coisa a morrer?
Então estamos à espera de quê para mudar? Que é que é necessário acontecer mais para darmos um murro na mesa? Não basta já sermos humilhados todos os dias? Não nos basta já os roubos a que somos sujeitos a todas as horas? Não basta já … …
Jacinto César
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