Eu confessei a minha ignorância em relação a tudo o que diz respeito a questões económicas, mas alguns não só demonstram essa mesma ignorância como são portadores de uma má fé e duma maldade a todo o tamanho. Como tal gostaria de esclarecer algumas questões que ficaram em aberto.
Em primeiro lugar, nada me move contra aqueles que têm dinheiro e poderiam investir na sua terra. São pessoas que pelas mais variadas razões nunca se “cruzaram” comigo.
E segundo lugar nada de pessoal me move contra os políticos da terra.
Em terceiro lugar sou insuspeito no que digo já que pertenço à classe dos “tesos”, mas não invejo em nada os “outros”.
O que ontem quis aqui deixar claro é que se não forem os elvenses a fazer algo pela cidade, ninguém o fará por nós. Que ninguém tenha dúvidas disso.
A pergunta que gostaria de fazer é a seguinte: porque é que os que podem não o fazem? E foi precisamente por isso que evoquei aqui a família Fino e Rui Nabeiro. Não me venham com a desculpa que não há ninguém com condições para o poder fazer.
Hoje e casualmente falei com alguém que em tempos tinha sido meu aluno. Ele e o irmão continuaram o negócio da família, aumentando-o e modernizando-o. Não me recordo bem quantas pessoas trabalhavam para o pai, mas de certeza que hoje trabalham para os filhos muitos mais e em melhores condições. Não seriam pessoas ricas e se calhar ainda hoje não o são, mas no entanto tiveram a coragem de continuar e melhorar. Quantos casos como este poderão ser contados aqui na cidade? Muito poucos certamente. E porquê? Não sei! Falta de coragem? Talvez! Por comodismo? Certamente!
Ontem quando falei aqui na agricultura, era precisamente isto a que me estava a referir. Torna-se muito mais fácil estender a mão ao euro-subsídio e não fazer nada do que rentabilizar as terras de que são possuidores. Ora se para os espanhóis a agricultura é rentável ao ponto de uma parte substancial do Alentejo já lhes pertencerem, porque não o é para os portugueses? Eu até talvez saiba o porquê. É muito mais fino andar em bons carros e não dobrar a “mola” do que trabalhar. É muito fino aparecerem muito bem postos nas revistas do coração do que serem fotografados em cima de um tractor.
Dos comerciantes já nem vale a pena falar mais do que aquilo que já aqui anteriormente disse num texto mais antigo.
Da indústria já nem é bom falar. Da pouca que havia já não resta nada e até o pão que comemos vem de fora
Mas afinal quem somos nós os elvenses? Uns preguiçosos? Uns mentecaptos? Uns cobardes? Não sei! De uma coisa tenho a certeza: estamos sempre à espera que venham alguém a fazer por nós. É uma fatalidade ancestral!
Jacinto César
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