Elvas como é sobejamente sabido atravessa talvez a sua pior crise de sempre. Algumas das situações que agravaram ainda mais a empobrecida economia elvense são também conhecidas de todos. Outras não o são assim tão claras. Antes de chegarmos até Elvas demos uma volta por duas localidades à nossa volta.
Comecemos por Campo Maior. Porque é que a nossa mais próxima vizinha não sofre tanto com a crise? Rui Nabeiro pode ter muitos defeitos (conheço-o muito mal para o julgar), mas tem uma enorme virtude: julgo que daria “a “vida” pela sua terra. Pode gostar muito de dinheiro (quem não gosta?), mas penso que para salvar Campo Maior era capaz de “despir as roupas que trás vestidas”. Penso que ninguém duvida destes factos. Pode-se falar muito do Comendador, mas a sua terra está em primeiro lugar!
Portalegre ao longo destas últimas décadas tem tido algumas famílias “endinheiradas” que em termos económicos têm empurrado a “capital” para a frente. Basta lembrarmo-nos de uma que tem andado com a sua terra quase ao colo. Estou a referir-me à família Fino. Poderíamos falar de outras. Se juntarmos a isto os lobys exercidos a favor da cidade pelos deputados dela naturais, poderemos tirar algumas conclusões.
E Elvas? Onde têm andado ao longo dos anos os homens de dinheiro que poderiam ter feito algo pela sua terra? Alguém os viu? Eu não! O que vi ao longo de décadas foi uma população a viver de uma forma enfeudada às “grandes” famílias de agricultores. Não vale a pena escamotear a verdade que todos conhecem mas evitam falar nela. Nunca conveio as estas famílias o desenvolvimento da cidade, já que perderiam a mão-de-obra quase escrava de que eram possuidores. E não se pense que isto acabou há muitos anos.
Resumindo, a economia de Elvas foi sempre baseada numa agricultura mais que ultrapassada e pelos militares que aqui viviam e que faziam coro com as famílias atrás referidas. Toda a gente o sabe, mas é incomodo falar no assunto. O ridículo da situação é ver estes últimos agora a dispararem em todas as direcções e assobiarem para o lado como se não tivessem culpas no cartório.
E agora? Já viram por aí algum elvense com dinheiro e com vontade de ajudar a nossa cidade e nela investir? Não? Eu também não! E de que estamos à espera? De um Messias salvador vindo de fora investir aqui! Mas alguém ainda tem ilusões a esse respeito? Os políticos locais bem podem prometer mundos e fundos que nem eles próprios acreditam. E quando digo políticos, refiro-me a todos: poder e oposição. Todos eles conhecem a realidade, mas vão atirando poeira para os olhos dos menos avisados. Vivemos de ilusões e de sonhos. Tenho ouvido muita gente falar num plano estratégico para a cidade. Mas qual plano estratégico? Alguém tem alguma solução escondida na manga como se um trunfo se tratasse e não o quer jogar? Ponho as minhas dúvidas. Estamos então irremediavelmente condenados há pobreza! NÃO! Resta-nos a nossa única grande riqueza: o nosso património e a riqueza que ele pode produzir. Estarei enganado? Talvez esteja dada a minha ignorância, mas só vejo a curto e médio prazo o TURISMO como solução.
Quem souber do assunto que se pronuncie.
Jacinto César
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