Se me perguntarem o que é que acho sobre os acontecimentos na Grécia com o advento de uma nova classe política, eu não sei bem o que pensar, mas lá que estão a ter muita coragem, lá isso estão. Eu diria mesmo que são uma espécie de aldeia gaulesa da banda desenhada do Astérix a baterem-se com tudo e com todos e principalmente contra os germânicos.
Em relação à economia grega, não sei o que lhe vai acontecer. A Europa tem-se mantido expectante e a ver no que aquilo vai dar e a Alemanha já começou a fazer ameaças.
Para dizer a verdade já agora gostava que se aguentassem nas canelas até às eleições em Espanha. Se estas constituírem uma surpresa igual (surpresa?), algo vai ter que mudar neste amontoado de países, que sendo democráticos e livres, não deixam de estar sobre a "protecção" maternalista da Senhora Ângela.
Já aqui me referi por várias vezes ao livro de George Orwell "A quinta dos animais", também conhecido pelo "Triunfo dos porcos". Na verdade, a Europa é uma quinta em que todos os países (animais) são iguais, mas há uns mais iguais que os outros (porcos). E sendo todos os países iguais, a Alemanha não deixa de ser aquele país que continua a querer impor-se aos outros, agora não pela força das armas, mas pela força do dinheiro.
Vamos esperar para ver, mas eu pessoalmente penso que nada mais vai ser igual ao que era depois das eleições no berço da democracia.
Aguardemos
Jacinto César
Ontem escrevi sobre o tema, mas devo confessar que fiquei irritado com as notícias que foram postas a circular pelo Ministério da Educação sobre os resultados dos exames aos professores e principalmente ao porem em evidência os erros ortográficos dados por estes na prova. E porque é que tal notícia me deixou irritado? Porque esta tem objectivos muito claros e serve para muita gente lavar as mãos de um problema bem mais profundo e que é a EDUCAÇÃO.
Os primeiros a lavar as mãos e a consciência são os pais dos alunos que aproveitam a oportunidade de arranjar um bode expiatório para espiar as suas culpas na educação dos seus rebentos, apontando o dedo aos professores e assobiando para o lado como nada disso lhes dissesse respeito. Só quem andou por "lá" muitos anos é que sabe o estado em que as crianças chegam à escola e o acompanhamentos que os seus progenitores lhes fazem ao longo da vida escolar. Não sabem o que se passa com os filhos, não querem saber e quando algo de anormal se passa lá estão eles de dedo apontado sempre ao mesmo camelo que até nem sabem distinguir uma preposição de um verbo. "Grandes malandros, é por culpa deles que o meu filho está como está". "Foram os professores e as más companhias que fizeram do meu filho a desgraça que é".
Os segundos a lavar as mãos são os políticos de há muitos anos atrás e de vários governos, que aos poucos têm descredibilizado a nobre profissão de ensinar. Com estes conflitos constantes vão arrastando a educação para o abismo em que já se encontra. É o tira e põe todos os anos, são as regras que mudam constantemente, é a burocracia em que afundam as escolas, para já não falar numa legislação que ninguém entende. E tudo isto para quê? Para podermos mostrar lá fora NÚMEROS.
Num universo de muitos milhares de professores, acredito, como sempre acreditei, que há maus professores, há professores razoáveis e há bons professores. Isto passa-se com os professores como se passa com todas as classes profissionais. Agora o que é anormal é através de notícias muito bem encomendadas, fazer passar a ideia para a população de que a generalidade são uns incompetentes. Eu ao ter razão de queixas, por exemplo de um funcionário das finanças, não posso passar a ideia de que todos são fruta da mesma árvore.
Mas enfim, esta é a realidade. Só que eu mesmo estando já fora do sistema não me posso conformar.
Amanhã ainda vou continuar com o tema.
Jacinto César
Esta semana voltou à baila a questão dos exames dos professores e da percentagem de "chumbos" que houve.
Disto tudo tenho que lamentar algumas coisas.
Em primeiro lugar, o exame em si, que não vai avaliar a qualidade do professor dentro de uma sala de aulas. O professor pode ter tido um exame excelente e ser uma nulidade numa sala com 30 "índios" à sua volta. O contrário também é verdade: o professor pode na prova ter dado uns quantos erros ortográficos e no entanto ser um excelente professor, tanto a nível científico como a nível pedagógico.
Resumindo, não é um exame que determina se um professor é bom ou mau, mas sim a sua observação em contexto de aula.
Dois exemplos muito diferente, mas que demonstram o que digo.
1 - Um militar - Em formação o nosso militar pode ser um tipo com características físicas fantásticas, pode disparar para um alvo até de olhos tapados, ser disciplinado e ter todas as características para ser um bom combatente. Pois, mas tudo isto pode não chegar. O nosso homem entra em combate e ao 1º tiro entra em pânico.
2 - Um médico - Normalmente em Portugal entra em Medicina os alunos com médias próximas dos 20 valores, ou seja, são normalmente a nata dos estudantes. Depois seguem para a faculdade e vão continuando a ser bons alunos. Finalmente chega o tão ambicionado dia: serem médicos. E são-no com todo o mérito. Só que um belo dia estão numa urgência e entra-lhe um doente num estado lastimável. O nosso médico entra em pânico e não faz a mínima ideia do que tem que fazer (bloqueou).
Ora bem, estes dois casos que acabei de relatar e que infelizmente acontecem, tanto um como o outro tinham todas as condições para serem bons profissionais, no entanto falta-lhes algo importante: será que qualquer deles tem condições psicológicas para ser um bom profissional?
Há determinadas profissões que não são para quem quer, mas para quem pode. Com os professores passa-se o mesmo e não é com exames que se resolve o problema.
Ser ou não bom professor num futuro tem que ser determinado ao princípio, ou seja, terá que se verificar se o aluno que vai estudar para ser professor, tem ou não condições para o ser. Este seria o caminho.
Finalmente temos o problema maior e que nunca ninguém refere: a qualidade dos pais. Estes reclamam por tudo e por nada e apontam o dedo sempre ao mesmo: o professor! E como são eles como pais? Será que cumprem integralmente a sua tarefa? E quando é que têm coragem de apontar o dedo a si próprios?
Voltarei ao assunto
Jacinto César
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