Para terminar esta série de textos sobre a indignação, gostaria hoje de abordar o tema “desporto”.
Penso que toda a gente tem consciência que o desporto tal como o conhecemos há muitos anos atrás acabou. Este “desporto” transformou-se numa indústria a nível mundial e como tal assim é tratado. Todos gostaríamos que a chamada “verdade desportiva” estivesse sempre presente, mas desenganemo-nos, pois isso faz parte do passado. Hoje quem comanda os destinos do desporto são as “máfias” corporizadas nos dirigentes desportivos, nos dirigentes federativos e nas grandes organizações representativas do “desporto” a nível mundial. Esta é a realidade.
Como tal, e como em todos os outros campos de actividades económicas, os grandes “comem” os pequenos porque se movimentam muitos milhões e estes não têm o direito de comer nenhuma fatia do bolo.
Eu sou um desiludido do desporto em geral e do futebol em particular. E porquê? Porque tudo aquilo que vou vendo cheira-me sempre a esturro. A começar pelos jogadores (para não dizer mercenários), os treinadores, os dirigentes e companhia.
Logo os primeiros não me merecem o menor respeito. Quando são contratados afirmam sempre que darão a vida pelo clube que os contratou e até a relva irão comer se for necessário. Depois é vê-los a jogar. As manhas, as tentativas de enganar tudo e todos, para já não falar de quando se vendem por interesses maiores (ler apostas desportivas). Depois são os treinadores que os incentivam e ensinam a serem assim. Para acabar são os dirigentes que não olham a meios para atingir os seus objectivos. São capazes de tudo e até a própria mãe são capazes de vender.
Dirão agora: e os árbitros? Em minha opinião acabam por ser as maiores vítimas no meio disto tudo. São os bodes expiatórios de tudo o que de mau acontece a este ou àquele clube. Acredito que haverá árbitros desonestos como há desonestos em todos os sectores profissionais. Mas no futebol e fazendo fé no que dizem os adeptos, são todos corruptos. Mas será que não há nenhum sério? Será que todos são “uns vendidos”? Ou seremos nós que queremos ver isso dessa forma?
Ouve-se a toda a hora da boca dos aficionados que os ditos árbitros ou são corruptos ou incompetentes! Uma pergunta gostaria de fazer a todos esses adeptos: nas suas actividades profissionais será que são todos assim tão competentes, como querem que os outros o sejam, e não cometem falhas algumas? Pensem bem nisto que vos pergunto. Façam uma introspecção e depois opinem sobre os outros.
No domingo passado o Sporting queixou-se muito do árbitro. Acredito que tenham queixas a fazer. Mas detenhamo-nos naquele “golo” que o dito clube marcou. Haveria no estádio uma boa dúzia de câmaras de TV. Viu-se o lance de todos os ângulos e mais algum e fiquei na dúvida se a bola entro toda ou não na baliza do Setúbal. A pergunta que eu gostaria de deixar no ar é a seguinte: como é que aquele “desgraçado” em fracções de segundo pode decidir em consciência? Se valida é porque valida! Se não valida é porque não valida! Quer isto dizer que o dito é sempre ladrão ou na boca de uns ou na dos outros. E quem fala deste lance fala de milhares deles que se dão durante uma época. “Foi fora de jogo” dizem uns. Eu vi na televisão que o jogador estava com um pé à frente da linha. E como é que um bandeirinha em fracções de segundo consegue ver? LADRÃO!
Uma vez assisti a uma cena do arco-da-velha. Estava eu a assistir a um jogo ao vivo. No momentos em que jogadores e árbitros entravam no campo, o meu “companheiro” do lado já estava a chamar ladrão ao “homem de negro”. Na minha boa fé, perguntei-lhe porque é que estava já a chamar aquilo ao árbitro se o jogo ainda não tinha começado? Resposta: “ … ainda não roubou, mas vai roubar-nos de certeza”.
Por aqui me fico, sabendo que muito mais havia a dizer. Quanto à verdade desportiva, não passa de uma utopia.
Jacinto César
Todos os meus leitores e amigos sabem, já que nunca o escondi, que sempre me opus ao chamado “casamento” entre homossexuais e isto tão-somente pelo facto de se colocar a palavra CASAMENTO à união entre pessoas do mesmo sexo. Quanto ao resto sou um acérrimo defensor das liberdades de cada um. O mesmo digo em relação à adopção de crianças por uniões de facto de homossexuais. E isto porque não suporto a ideia de uma criança ser educada por 2 pais ou 2 mães. É a minha opinião e vale tanto como outra qualquer.
Agora o que é indigno são as notícias que nos têm surgido nestes últimos tempos sobre a perseguição e condenação a todos os homossexuais em alguns países africanos, árabes e nalguns asiáticos.
O que se passa em África é então o absurdo, ao ponto de os governos incentivarem a denúncia e até condenarem os cidadãos que conheçam casos e não os denunciem. Condenações à morte e penas de prisão enormes. Mas o que é isto senão a selvajaria de povos que levam a sua intolerância até aos limites?
E aonde param os campeões das liberdades (leia-se USA)? Pois é, a maioria destes países têm petróleo e são dos maiores produtores mundiais (Nigéria, Arábia Saudita … …). E que acontecia se os condenassem? Que raio de hipocrisia.
Se houver por aí um pequeno país que não tenha o dito ouro negro ou que não seja estrategicamente importante e “mijar” fora do penico, cai o Carmo e a Trindade. Agora condenar os poderosos?
No continente africano e no médio oriente tem-se assistido a tudo. São os atropelos à liberdade religiosa, são as restrições à liberdade das mulheres, é a mutilação genital dessas mesmas mulheres, é a liberdade de imprensa, é …, é o vale tudo. E os “campeões” das liberdades e o seu séquito europeu calados.
Isto sim é INDIGNO para mim e não a indignação provocada por uma falsidade desportiva qualquer que produz uma onda de protestos de meio país.
Sobre isso falarei amanhã.
Jacinto César
Como sempre depois da tempestade vem a bonança e cá estou eu novamente pronto para agitar as massas.
Acontece que ontem, faz ideia, pois eu não vi, que o Sporting foi prejudicado pelos árbitros no jogo com o Setúbal. Mas não é sobre o futebol que quero escrever.
Imediatamente após o encontro, surgiram no FaceBook comentários dos mais diversos mostrando a sua indignação pelos acontecimentos atrás relatados, como se isso fosse o fim do mundo. Eu até sou do Benfica e estou-me nas tintas para que percam ou ganhem. Não fico doente, não deixo de comer e não perco a fome. Os jogadores ganham milhões e os adeptos é que ficam doentes com os resultados.
Mas a indignação que mostram com o futebol, não a vejo manifestada com os roubos a que todos nós estamos sujeitos diariamente. Roubam-nos o ordenado, roubam-nos nas reformas, vemos os tubarões safarem-se diariamente das malhas da “justiça”, vemos esses mesmos tubarões diariamente ficarem cada vez mais ricos à custa do Zé, vemos injustiças e atropelos que se cometem a toda a hora, e CALAMOS.
Mas afinal o que é que nos interessa como cidadãos: a PORRA do futebol ou depauperação das nossas condições de vida.
Não consigo entender o que se passa na cabeça dos portugueses. Mais, penso até que o nosso (des)governo dá tudo para que haja todas as semanas escândalos na bola para que o pessoal se entretenha com isso e esqueça as outras coisas.
Razão tinha mais uma vez o António que dizia que o que era preciso era aplicar a política dos três F’s: Fátima, fado e futebol.
Sabem? Eu sinto-me indignado não só com o que se faz diariamente aos portugueses como me sinto indignado com os próprios portugueses que se indignam com tudo menos com aquilo que de verdade os afecta. Sinto-me triste.
Uma boa semana para todos
Jacinto César
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