Acabei ontem de reler o romance de Miguel Sousa Tavares, “O Equador”, que sobre o ponto de vista histórico é exemplar e que descreve com muita precisão o estado de Portugal nos anos imediatamente anteriores à queda da Monarquia. E o engraçado, mas que não tem graça nenhuma, é que podemos estabelecer um paralelo com o que se passa hoje no nosso país. Era um Rei D. Carlos que não passava de uma figura decorativa e dois partidos que se iam revezando no poder. Era a corrupção, o tráfico de influências, os compadrios e tudo o que vimos hoje. Uma cópia chapada do que se passou há cerca de cem anos atrás.
Hoje saíram os novos dados sobre Portugal da Comissão Europeia. As previsões dão conta que o desemprego continua a aumentar, o PIB continua a cair, os rendimentos continuam a baixar, as exportações também estão a cair e pasme-se, a dívida de Portugal continua a aumentar. É caso para perguntar: então depois desta austeridade toda, em que temos dois terços do país ou mais de calças na mão, ainda assim a dívida aumenta? Algo de estranho se passa. Ou o governo não faz a mínima ideia do que anda a fazer ou então andam-nos a esconder a verdade e não nos contam para onde vai o dinheiro.
Antes, ingleses e alemães até se propuseram comprar algumas das nossas colónias para pagarmos a dívida externa. Hoje já não temos colónias e já vendemos ao estrangeiro tudo o que valia dinheiro. E agora? Se calhar era bom fazermos um leilão e despachar a Madeira e os Açores. Sempre era capaz de render alguma coisa.
Bom fim-de-semana para todos
Jacinto César
Hoje pediram-me para ver uma história que estava no site da Rede Globo brasileira. É a história de uma cadela, de seu nome Lilica, que se habituou a matar a fome em casa de alguém que lhe dava de comida, mas que ficava a cerca de2 quilómetrosde distância. Resumindo, a cadela vivia num lado e ia comer a outro. Esta vivia com mais animais no mesmo local: outro cão, um galo, duas galinhas e ainda um burro. A pessoa que a alimentava levava-lhe um saco de comida até um certo local onde a cadela a esperava. Acontece que logo ali comia o que lhe traziam, mas não comia tudo. Pegava no saco de plástico e desaparecia. Um dia a pessoa que a alimentava seguiu-a. Qual não foi o seu espanto quando percebeu que trazia o resto para entregar aos seus companheiros. Podia comer logo tudo, mas comia o necessário para se alimentar e levar o resto para os outros.
Imediatamente antes de ter visto esta história, estava a ver as notícias da SIC e ouvi Miguel Sousa Tavares comentar um caso da actualidade. O Eng. Jardim Gonçalves tem uma reforma de cerca de 150 mil euros, carro com condutor às ordens, avião às ordens e seguranças. Isto tudo pago pelo BCP. Claro que tudo isto foi negociado antes de se ter vindo embora do banco, banco esse que está a ser financiado por TODOS NÓS através dos dinheiros que o estado lá injecta. Claro que o banco já tentou em tribunal alterar a situação, mas nada. Este senhor tem de reforma sozinho o equivalente à reforma de 300 euros de 500 pessoas, que com esta quantia quase morrem de fome.
Inicialmente estava com vontade de dizer como é que é possível dois animais portarem-se de maneira tão diferente, mas ao chamar animal ao Eng. Jardim Gonçalves estava a ofender a Lilica, cadela essa que dá uma grande lição de vida a muito boa gente. Nestas coisas, lá dizia o outro, há animais e animais.
Link do filme: http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-reporter/v/cadela-solidaria-enfrenta-perigo-para-alimentar-amigos/2258688/
Uma boa semana para todos.
Jacinto César
Foto de Daniel Rodriges
Diz o “nosso primeiro-ministro”: “Ninguém pode afastar a possibilidade de uma espiral recessiva”. O homem acabou de descobrir aquilo que qualquer pessoa mais ou menos informada já sabia há muito tempo. O problema é que não se sabe como sair deste labirinto, porque o que se perspectiva vai agravar ainda mais o problema e ninguém faz ideia como sair. Bem, para alguns não. Há por aí muito boa gente a ganhar muito dinheiro à custa da crise e da desgraça de um povo inteiro.
Hoje, um fotógrafo português foi distinguido com o prémio da World Press Photo, coisa que não é para todos. Entrevistado acabou por confessar que está no desemprego e teve que vender todo o seu equipamento fotográfico para sobreviver.
Mas será que no nosso país as competências servem para alguma coisa? Hoje, ter um cartão de um partido é meio caminho andado para qualquer incompetente ter um tacho. Pode ser a maior burridade, mas haverá sempre um lugarzito numa qualquer administração onde o colocar.
E sabem onde param os honestos, os competentes e os dedicados? Do lado de fora da política. E sabem porquê? Por sentirem vergonha de pertenceram a um clube de privilegiados, onde a corrupção, a desonestidade, o oportunismo e a falta de vergonha imperam.
Tenham um bom fim-de-semana se puderem.
Jacinto César
Baixam os vencimentos!
Baixam os impostos recolhidos!
Baixa o consumo!
Baixam os impostos recolhidos!
Aumenta o desemprego!
Aumentam-se mais os impostos e diminuem-se outra vez os vencimentos!
O PIB continua a diminuir!
As importações diminuem! Os impostos recolhidos também!
As exportações também estão a inverter o ciclo de crescimento! E o emprego diminui.
E depois disto que fazer? Voltamos ao princípio da história que pelos vistos não tem fim.
Ontem, alguém comentou aqui que temos mesmo que cortar os 4 mil milhões em 2014. Esse alguém, corajoso anónimo, deve estar a falar de barriga cheia, já que não se deve importar com os cortes das prestações sociais. Pode ser que um dia que lhe toque a ele também.
Há uns dias atrás aconteceu uma coisa extraordinária. O governo parece que está a pensar em acabar com a ADSE, coisa que concordo, já que deveria haver somente um sistema único de protecção à saúde. Pelos vistos, alguma oposição também concorda. Segundo o meu ponto de vista seria um bom passo para se poupar algum dinheiro.
Mas calma, alguém estáem desacordo. E quem? Os serviços de saúde privados que perderiam 200 milhões de euros anuais. Privados sim, mas sempre com a boca aberta para mamar na teta do estado. E se fossem só estes a mamar nas tetas do estado ainda era o menos. Só que há por aí uma cáfila monumental a fazer o mesmo. Sempre ávidos de chupar mais e mais. Basta olhar para os poderosos bancos para se entender para onde vai muito do dinheiro dos nossos impostos e que deveria ter uma finalidade bem distinta.
Haja alegria.
Jacinto César
Passado que é o Carnaval, dias estes que serviram para se esquecer das agruras da vida, eis que estamos de volta àquilo que sendo anormal, já se tornou normalidade: o país em cinzas.
Por mais que queira escolher um tema para escrever, são tantos os problemas que nem sei o que escolher. Há quem diga que já batemos no fundo, mas pelo que me é dado a ver, o “fundo” ainda se avista.
É o desemprego a bater recordes todos os meses.
É a corrupção que aumenta. Todos os dias aparece um novo caso.
É a justiça que continua a não dar respostas, pelo menos nos grandes casos, já que nos casos em que os pequenos estão envolvidos ela funciona rápida.
São os vencimentos a emagrecerem e o custo de vida a aumentar.
Bem, são tantas as coisas que me incomodam e incomodam os portugueses, que penso que já nem restam forças para protestar.
Fala-se ainda hoje dos 40 anos tenebrosos do “fascismo” e de ditadura. Mas qual fascismo e ditadura? A única coisa que se alterou foi o facto de podermos votar no ditador, porque de resto as coisas ainda estão piores.
Hoje, ouvi contar um episódio passado aqui em Elvas que me deixou estarrecido: um funcionário no dia 8 deste mês perguntou ao patrão quando é que lhe pagava. Resultado: despedido. Se as coisas estão muito feias para quem não tem trabalho, quem o tem anda aterrorizado. O medo está presente no dia a dia.
Já era quase adulto quando o António resolveu cair da cadeira. Atravessei todo o período Marcelista e vivi o resto da minha vida na chamada “democracia”. Democracia? Digam-me os mais velhos ou aqueles que se julgam informados, quando é que estivemos pior do que hoje? Onde é que houve os escândalos que há hoje? Ganhámos a liberdade de falar! É verdade! E que ganhámos com isso? Nada, já que podemos berrar o que quisermos que ninguém nos ouve.
Nunca houve tanta gente a passar tão mal como hoje. A pobreza e a pobreza envergonhada aumentam a cada dia que passa.
Espero do fundo do coração que um dia Portugal renasça das cinzas.
Jacinto César
Havia dantes uma canção que não recordo nem o nome nem o intérprete, que às tantas dizia “ … procuro e não te encontro …”.
O mesmo digo eu hoje (porque não sei cantar), mas em relação à verdade. Isto vem a propósito do Forte. Vou tentando ouvir as minhas fontes aqui e ali, uns dizem uma coisa, outros outra, mas ninguém é peremptório nas afirmações que faz (diria antes, palpites).
E o tempo vai passando.
Eu penso que, sendo a CME também culpada ou não no estado a que isto chegou, enquanto não tomar uma posição FORTE e DURA sobre o assunto, nada se resolverá. Ou antes, resolve uma futura desclassificação.
Deixo aqui novamente as recomendações do ICOMOS e verifiquemos o que ainda não foi feito:
“ICOMOS recomenda ainda que o Estado Parte tenha em consideração a seguinte:
Pelo que leio, até agora nada ou quase nada foi cumprido. A “canelada” chegará um dia.
Jacinto César
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