Elvas sempre em primeiro

Todos os comentários que cheguem sem IP não serão publicados.
Quinta-feira, 27 de Outubro de 2011

Mais uma vez discordo

 

 

 

 

Se há anos atrás visse que tinha vocação para ser gestor, se calhar tinha estudado para tal. Mas não tenho nem nunca tive jeito para gerir o que quer que seja. Mas tal facto não me impede de ter uma opinião sobre actos de gestão aplicados por outros.

Já falei aqui não sei quantas vezes sobre o turismoem Elvas. Jáaqui deixei opiniões sobre o que tenho visto por esse mundo fora na qualidade de turista. E é nessa qualidade que aqui tenho deixado as minhas opiniões.

Como turista viciado, como é que planeio todos os anos as minhas férias? Antes de mais estabelecer um orçamento e não passar daí. Para encontrar o lugar desejado, basta ter presente os locais que fazem parte de uma lista de “prioridades”. Depois é só encontrar um desses locais que caiba dentro do referido orçamento. Simples? Não. Ao longo de muitos anos fui, e ainda sou, leitor de revistas que se dedicam à geografia mundial, aos lugares, às culturas, etc., entre as quais dou como exemplo a National Geographic ou a Travel. No meu pensamento retenho sempre os locais que gostaria de visitar. E é assim que faço essa espécie de lista mental. Outro dos processos que utilizo é a troca de impressões com amigos meus que fazem o mesmo. Este local vale a pena ir, aquele não, ao outro talvez. É assim.

O que é que não influencia a minha decisão? A publicidade comercial e a opinião das agencias de viagens. E porquê? Querem vender o produto independentemente do tipo de cliente.

E perguntarão alguns? E a que propósito vem tudo isto? A propósito da acção promovida pela CME sobre TURISMO. Que me perdoe a câmara, mas não é assim que lá vamos. Não é pelo facto de um espanhol ou francês aparecer lá na sua terra com uma camisola com um logótipo alusivo à nossa cidade que vai trazer mais turistas. Pura ilusão. Criar livros e roteiros? Muito bem, mas só irão fazer falta se os turistas cá chegarem. Porquê então gastar dinheiro com estas minudências? Não entendo nem que me abram a cabeça.

Desde sempre aqui tenho dito que o turismo de Elvas deveria ser gerido por alguém com conhecimentos profundos sobre o assunto. Um PROFISSIONAL.

Todos nós temos tendência para sermos treinadores de futebol mas muitas vezes me pergunto se um dia me pusessem a treinar uma equipa de futebol o que é que faria? ASNEIRAS uma atrás das outras. Todos conseguimos ver aquela maldita grande penalidade mas que o árbitro não viu. E se nós estivéssemos a arbitrar será que a teríamos visto?

Senhor Presidente da CME, faça um favor a Elvas, à Câmara e a si próprio contratando alguém que saiba da “poda” ou então jamais sairemos da cepa torta. Acredite, que vale mais pagar a uma revista da especialidade que venha a Elvas fazer uns artigos e umas fotografias do que gastar um tostão que seja nos produtos que mandou fazer para vender no posto de turismo. Isso não serve para nada. Gostaria de lhe desejar muita sorte com a campanha, mas não consigo. Gostaria muito que a campanha desse certo, mas estou muito pessimista. Para uma câmara que paga vencimentos a umas centenas de trabalhadores, não era o vencimento de mais um, mesmo que este fosse elevado, que iria levar o município à falência. Pense no assunto.

 

Jacinto César       


Tasca das amoreiras às 15:43
Link do post | Comentar | Ver comentários (13) | favorito
Quarta-feira, 26 de Outubro de 2011

Coisas da nossa terra

 

 

 

 

Há uns dias atrás escrevi aqui sobre o “desaparecimento” das estátuas encontradas durante as escavações na Quinta das Longas. Claro que as ditas andam por aí a passear sabe-se lá por onde. Mas presumo que aparecerão um dia destes vivas e de saúde.

Pior do que este “desaparecimento”, é o que se tem dado a pouco e pouco nalgumas propriedades rústicas do nosso concelho. Aqui há uns anos atrás e por motivos de estudos, fui fazendo um levantamento de todos os locais arqueológicos conhecidos e alguns desconhecidos. Por essa época, fotografamos e fizemos o levantamento topográfico de todas as antas conhecidas. Eram 82. Não as fui contar agora, mas presumo que algumas já tenham desaparecido. Mas sobre este assunto não tenho a certeza. Certezas tenho em relação ao património de origem romano existente, como disse em quintas e montes do concelho.

Nessa época também foi feito um levantamento mais ou menos exaustivo dos vestígios da ocupação romana na nossa zona. Obviamente tudo foi fotografado. Aqui há umas semanas atrás, e num domingo aborrecido resolvi dar uma volta por alguns desse sítios que conhecia de cor e salteado sem ter que recorrer a nenhuma carta topográfica. Espanto dos espantos, muitos desses vestígios pura e simplesmente desapareceram. E o que desapareceu não eram coisas propriamente pequenas, antes pelo contrário. O que foi disso tudo? Não sei. Sei sim que os proprietários desses locais não gostam muito que se ande por lá a vasculhar. Aquilo que aparece na fotografia são blocos de granito trabalhados e almofadados de origem romana e que provavam dada a quantidade, que naquele local algo de importante se ergueu. A fotografia mostra somente alguns desses blocos e por motivos óbvios não identificam o lugar. Tenho muitas mais deste e de outros lugares que demonstram que é verdade o que afirmo e que desapareceram. É natural que os proprietários tenham receio que de um momento para outro lá apareça uma equipa de arqueólogos e proíba os mesmos de continuarem a trabalhar a terra. Mas fiquem descansados que nada disso vai acontecer porque se aqui há uns anos atrás o antigo IPPAR depois de notificado não quis saber, não é agora que alguém se vai preocupar.

O engraçado desta situação toda é que ao remexer nas velhas fotografias, fui encontrar algumas onde aparecem os chamados caçadores de tesouros, munidos de detectores de metais nas suas “investigações”. Até os carros em que se faziam transportar fotografei. A isto é o que se chama património entregue à bicharada.

Agora que o calor se foi embora e o tempo se torna mais propício paras estas coisas, vou fazer mais uns passeios pelos locais que antes fotografei para saber como se encontram as coisas e se as que lá estavam ganharam asas.

 

Jacinto César      


Tasca das amoreiras às 18:46
Link do post | Comentar | Ver comentários (10) | favorito
Terça-feira, 25 de Outubro de 2011

Ainda o Orçamento Geral de Estado

 

 

 

 

Agradecimento – Quero publicamente manifestar o meu contentamento e satisfação para com os comentadores deste blog. Se não fossem eles a dar opiniões válidas, isto deveras seria uma tristeza e muito enfadonho. Sei que se esforçam ao máximo para acrescentar algo válido às simplicidades que escrevo e é por isso que vos estou agradecido. O meu muito OBRIGADO.

 

Depois do agradecimento feito, gostaria de aqui manifestar mais uma vez o facto de estar a ser tratado como português de 2ª por este governo. Se é verdade que o momento que o país atravessa é grave e exige sacrifícios dos portugueses, só tenho que concordar. Mas, e há sempre um mas, o sacrifício não é de todos mas só de alguns, o que quer dizer que há por aí muito que são mais iguais que os outros, como diria George Orwell no seu livro “O triunfo dos porcos”. Não me gosto de sentir mais do qualquer outro, mas não gosto também que façam de mim bode expiatório. E é o que sinto. Não sendo propriamente um simpatizante do povo alemão, tenho que reconhecer a justiça com que o governo trata os seus cidadãos. Aquando da reunificação alemã, foi pedido um sacrifício a todos os cidadãos no valor de 50€ mensais para recomporem a antiga Alemanha Oriental. Mas o sacrifício foi para todos igual. E em Portugal, que justiça está a ser feita? O pagarem uns por todos. E este facto revolta-me cada vez mais.

No meio disto tudo tenho que ressalvar dois aspectos que me parecem positivos: em primeiro lugar o acabar com as subvenções aos ex-políticos que têm outro emprego e em segundo lugar o fazer no futuro a redistribuição do 13º mês e subsídio de férias pelos 12 meses do ano. Acredito que tanto para o estado enquanto patrão e para os patrões privados seja mais fácil fazer a diluição destes dois subsídios do que ter dois picos de tesouraria. Não discordo. No entanto continuo a pensar que a haver sacrifícios todos deveriam contribuir como é o caso do subsídio de Natal deste ano. Seria mais justo e moral. Assim NÃO! Ainda me resta a esperança que o descontentamento das Forças Armadas faça o governo voltar atrás.

 

Jacinto César 


Tasca das amoreiras às 22:36
Link do post | Comentar | Ver comentários (7) | favorito
Segunda-feira, 24 de Outubro de 2011

Cá estou eu outra vez

 

 

 

Exmo. Senhor Presidente da CME

 

Se de vez em quando lhe vou enviando uns recados é porque fico com a sensação que há de parte de V. Ex.ª. algum feedback. Nestes meus recados não lhe peço mundos e fundos, mas por vezes coisas sem importância para a Câmara, mas importantes para os cidadãos.

É um dado adquirido que a rapaziada não deixa de fazer grafites nas paredes. Pela calada da noite lá se vai pintando uma ou outra para manifestarem os seus dotes artísticos ou para protestar. Por vezes são só parvoeiras. Mas é assim e nada há a fazer a não ser pôr um polícia a cada esquina. Claro que todas estas pinturas nos saem dos bolsos. Diz o ditado “que quando não podes com eles, junta-te a eles”. E é nesse sentido que lhe venho fazer uma sugestão: arranje meia dúzia de paredes brancas espalhadas pela cidade onde cada um pode expressar o que bem entende. Quando estiverem completamente “decoradas”, pintam-se novamente de brando e ala a pintar outra vez os grafites. Com a devida publicidade podia ser que salvássemos as paredes importantes. Pense no assunto. Já aqui manifestei o meu desagrado pela falta de passadeiras na Av. da Piedade junto à Escola Secundária. Já reparei que a obra foi iniciada, mas parece que nunca mais acaba. Optou-se por fazer as passadeiras em pedra branca e de forma definitiva. Acho é que se deveria ter acrescentado uma lomba da largura da passadeira. Não se esqueça que mais acima deveria ser colocada outra que ligasse com o Bairro
das Caixas, já que é por aí que passa o maior número de alunos. Pense bem nas lombas para evitar continuar-se a andar tão depressa na avenida. Aparecerão alguns a dizer que sofrem da coluna, outros ainda a reclamarem por causas das suspensões dos popós, mas se andarem devagar resolvem-se os problemas todos.

Já agora e se não é pedir muito, lembre-se de perguntar à Drª. Elsa sobre aquelas “coisitas” de Elvas que andam por aí a ornamentar museus de outras paragens.

 

Jacinto César


Tasca das amoreiras às 21:18
Link do post | Comentar | Ver comentários (15) | favorito
Domingo, 23 de Outubro de 2011

A Educação, os seus problemas o os rankings – 5

Para acabar esta série de textos sobre a educação, vou tentar fazer compreender ao vulgar dos cidadãos o que é que os malfadados rankings das escolas são. Antes de o fazer gostaria de deixar aqui enxertos de um artigo publicado no Jornal o Público do dia 15 de Outubro do presente ano, na página 14.

O artigo intitula-se
Secundária de Vila Cova pagou aos alunos para estudarem e ascendeu ao topo”. 

Como subtítulo acrescenta:

Escola de Barcelos ofereceu 700 euros aos alunos para terem notas acima dos 13 valores nos exames nacionais. Trocou os últimos lugares pelo topo do ranking. Subiu 534 lugares”.

E o artigo continua:
Foram 534 posições. Nenhuma outra escola do país teve uma subida tão acentuada nos rankings. A Escola Básica e Secundária de Vila Cova, em Barcelos, trocou os últimos lugares pelo topo da lista e é uma das escolas públicas melhores colocadas no Ensino Secundário. A explicação passa por uma medida no início do ano lectivo: os alunos com notas acima de 13 valores nos exames nacionais receberam um prémio monetário. Os prémios em dinheiro são uma das medidas que a escola adoptou depois de em 2009/2010 passado ter ficado entre as piores do país.

 

Eu pergunto: a escola não era a mesma, os professores os mesmos e os alunos iguais? Eram. Que mudou então? O vil metal. É a sociedade em que vivemos.

 

Comecei com vontade de dar a minha opinião sobre o assunto. Perdi-a! Não voltarei a falar mais sobre educação. Dá-me vontade de vomitar.

 

Um Santo Domingo para todos.

 

Jacinto César


Tasca das amoreiras às 18:07
Link do post | Comentar | Ver comentários (5) | favorito
Sexta-feira, 21 de Outubro de 2011

A Educação, os seus problemas o os rankings - 4

Hoje tentarei dar a minha opinião sobre as principais vítimas de todo um sistema que é a sociedade onde vivemos e com os quais deveríamos preocuparmo-nos muito mais, já que serão os homens de amanhã e do seu maior ou menor sucesso hoje depende o seu futuro.

 

4 – Jovens e alunos

 

Qualquer miúdo que responde a um adulto, é sinal que faz o mesmo em casa com os pais. Está provado pela psicologia que todas as crianças chegam a ser cruéis em determinadas condições. Basta verificar nos jardins-de-infância e nas escolas do 1º ciclo o que acontece a qualquer criança que tem o azar de ser gorda, usar óculos ou ter qualquer deficiência. É motivo para que essa criança passe a ser a vítima de todos os outros. Isto não é nada que não seja normal, pois é puro instinto. A que é que cabe corrigir este problema? É aos pais dos outros e não aos pais daqueles que têm a deficiência. Com o tempo e a intervenção dos pais este problema tende em desaparecer. Só que há pais que não ligam ao assunto e aí teremos um miúdo problemático.

Qualquer criança quando chega à escola, o seu comportamento é um reflexo daquilo que se passa em casa. Todos o sabemos, mas muitos continuam a ignorá-lo. O problema é agravado com o aumento de crianças “abandonadas” neste sentido. Os verdadeiros problemas chegarão depois. E nessa altura, é o apontar o dedo a toda a gente na tentativa de se desculpabilizarem dos erros cometidos. O comportamento dos pais vai influenciar definitivamente o comportamento dos filhos. É um dado mais que provado. A EDUCAÇÃO dos jovens, compete à FAMÍLIA e não à escola. A escola FORMA. Mas a grande maioria das pessoas teima em que as coisas não funcionam assim. Para estes a escola tem que substituir os
pais. É a demissão total das obrigações como progenitores. E que resultados temos devido a esta displicência? É o que se vê, principalmente para quem lida mais de perto com os jovens. O simples bom dia ou boa tarde tem que ser arrancado a ferros. Pedir desculpa é considerado uma humilhação. Fazer amizades a não ser temporárias ou por conveniência nem pensar. Valores? Onde é que estão? Hoje ir ao supermercado roubar qualquer coisa transformou-se num hábito e dizem eles que vergonha não é roubar mas ser apanhado.

Foi esta a educação que os nossos pais nos deram? NÃO! Então porque não proceder de igual forma para com os nossos filhos? De uma coisa tenho eu a certeza: os culpados não são ELES, mas sim NÓS!

Amanhã debruçar-me-ei sobre o ranking das escolas e principalmente sobre os maus resultados das escolas da nossa cidade.

 

Tenham um bom fim-de-semana

 

Jacinto César


Tasca das amoreiras às 18:24
Link do post | Comentar | favorito
Quinta-feira, 20 de Outubro de 2011

A Educação, os seus problemas o os rankings - 3

Antes de entrar no tema propriamente dito gostaria de contar alguns episódios passados comigo. Obviamente que não vou citar nomes nem locais, mas sim as situações que um se me colocaram.

1-    Um belo dia telefonam-me da portaria da escola dizendo que estava uma mãe de uma aluna a querer falar com um lemento do Conselho Directivo (nesses época estive aí um bom par de anos). Como estava de serviço pedi que mandassem entrar a dita mãe. Depois de se ter apresentado, disse-me que me queria pedir um favor. E que favor? Então a senhora disse-me que queria que eu proibisse a filha de entrar na escola da maneira como andava vestida já que ela, mãe, não conseguia fazer nada dela.

2-    Como alguns dos leitores sabem, até aqui há um ano e uns meses, vivia na Est. de Santa Rita. Todas as sextas-feiras e sábados, e religiosamente à duas da manhã, a rapaziada que frequentava os bares da Cidade Jardim era mandada sair dos bares pela polícia. Para irem para casa, muitos deles passavam junto à minha casa. Não houve nenhum desses dias que eu não tivesse presenciado rapazes e raparigas de 12, 13, 14 e mais anos passarem aos “bandos” completamente embriagados. Como é que seria a entrada desta rapaziada em casa?

3-    Aqui há muito pouco tempo e a propósito de um assunto que não vem ao caso, uma adolescente vira-se para a mãe, e na presença do pai e minha, diz-lhe: “Oh mãe, tu está completamente maluca”. O pai encolheu os ombros, eu fiquei sem saber que dizer e a senhora em jeito de desculpa vira-se para mim e diz: “ Esta juventude agora é assim”.

 

Gostaria que reflectissem um pouco sobre o que acabei de escrever.

 

4 - A família e a sociedade

 

É verdade que a sociedade nestes últimos 50 anos evoluiu bastante. Houve alguém que não recordo que um dia disse “Depois do Maio de 1968 nada jamais será igual”. E é verdade. Nunca a nossa civilização teve um progresso tão acelerado como a última metade do século XX. Ninguém pode contestar isto. E como é que a sociedade evoluiu nesse meio século
glorioso? De um modo muito desigual. A moral, a ética, a honestidade, o respeito e outros valores foram-se perdendo. E quem é que mais sofreu com estas mudanças? A família. O núcleo básico da sociedade.

Como é que antigamente uma família educava os seus filhos? Como é que os pais preparavam os filhos para a vida? Como
é que era o seu relacionamento com a escola? Como é que era o relacionamento da escola e os seus alunos?

 

Eu fui educado com o meu irmão pelos meus pais que eram pessoas modestas. Se o meu pai era mais pelo diálogo e pelos castigos que “que nos faziam doer muito”, a nossa mãe era mais dada a “dar-nos na cabeça” por qualquer coisa fora do normal que acontecesse. Nesses tempos, eu e o meu irmão passávamos o dia com a nossa cara nas mãos de alguém. Começávamos logo pela manhã a levar do professor pelos erros nas contas ou no ditado, à tarde a “sessão” continuava na mestra e terminávamos o dia com mais uns tabefes em casa. Na verdade era demais e ninguém é apologista de tais métodos. O meu pai, sem me tocar, provocava-me muitas mais “dores”. Uma negativa num ponto significava um fim-de-semana catastrófico. Ir para a rua brincar nem pensar. Ir ao cinema estava fora de causa. E se a negativa era ao fim do período? Bem, eu nem queria sonhar com tal coisa.   Na noite de Natal de 1967, tendo eu 17 anos e pensando que já era um homem, resolvi ir passar a consoada na vadiice com os meus amigos. Resultado: no dia de Natal fiquei de castigo em casa.

Presumo que estas cenas se passavam na maior parte das famílias. Não morreu ninguém. E hoje como é que as coisas se passam? As histórias que contei no princípio ilustram bem como é actualmente. Presumo que nós enquanto filhos não tínhamos a distinta lata de fazer qualquer coisa do género. Mas hoje como pais já não ligamos tanto a todos estes procedimentos arcaicos e tornámo-nos permissivos. Não somos capazes de dizer com firmeza um NÃO! Não nos queremos aborrecer com os catraios pois aborrecidos já vimos nós de um dia de trabalho. E como é que vimos as notícias? E como é que temos tempo para a bola e para a telenovela com os filhos a incomodar-nos com os seus problemas? Pois
é, hoje falta-nos o tempo para aquilo que é fundamental e que é a EDUCAÇÃO dos nossos filhos”Pai, preciso de um telemóvel novo! Nem pensar, diz o pai. Pai, eu sou o único que não tenho lá na minha turma! Nem penses nisso.” Só que do não até ao sim é uma questão de tempo. Acabamos vencidos pelo cansaço. O rapaz aparece a casa com umas quantas negativas. Depois de uns quantos berros e de uma promessa que é a última vez que acontece, tudo se repete de novo até ao desastre final. Consequências? Nenhumas. Argumentos: os professores são uns malandros, o ministro anda a exigir demais das criancinhas, etc, etc. Jamais alguém aponta o dedo a si próprio. Ninguém aceita ser culpado do que quer que seja.

Se o filho anda a portar-se mal, a culpa é sempre das más companhias, sendo que os seus filhos nunca são más companhias para os outros. São sempre os outros. Será que não é já tempo de olharmos um pouco para dentro e reflectirmos para os nossos comportamentos? Difícil.  

Amanhã, tentarei aqui falar dos únicos inocentes no meio disto tudo: os nossos alunos que são também os nossos filhos.

 

Jacinto César


Tasca das amoreiras às 21:37
Link do post | Comentar | Ver comentários (10) | favorito
Quarta-feira, 19 de Outubro de 2011

A Educação, os seus problemas o os rankings - 2

Na continuação do texto que comecei ontem, hoje vou abordar o assunto Escolas e Professores. O tema não é pacífico.

 

2 – As Escolas

 

Seria negar a evidência que as escolas a nível de instalações e equipamentos deram um salto quantitativo e qualitativo notável desde o 25 de Abril. Se é verdade que a situação esteve muito periclitante logo após a revolução devido à massificação do ensino no nosso país, onde tudo era provisório, desde as instalações ao pessoal docente, também é verdade que progressivamente tudo foi melhorando, mas…

 

Vamos ver como é que há uns anos atrás as coisas funcionavam.

 

Em termos de instalações o pós 25 de Abril foi catastrófico. Como referi ontem, as escolas não estavam preparadas para receber tanta gente e de qualquer cubículo se fazia uma sala, para já não falar nos malfadados pavilhões pré-fabricados. Não havia condições mínimas de conforto e de higiene.   Em relação ao corpo docente, era estável. Este era oriundo dos cursos clássicos das universidades que faziam à posterior um curso de ciências pedagógicas. Com a massificação repentina, o défice do pessoal docente foi também enorme. Essa época foi “gloriosa”. Qualquer aluno que tivesse completado o antigo 7º ano e que tivesse um pouco de cabeça e sorte, no ano seguinte era professor. Com um bocado de azar iria ainda encontrar como alunos alguns antigos colegas repetentes. Foi uma época em que valia tudo. Livros, não havia, e cada um desenrascava-se como podia. A política era a rainha de então.

Se a questão das instalações foram mais ou menos resolvidas, já em relação ao corpo docente as coisas não correram bem. As universidades não davam resposta em quantidade para satisfazer as necessidades. E que aconteceu? Como todos se lembram, antigamente todas as capitais de distrito tinham o seu Magistério Primário que formava os professores do 1º Ciclo. Até tudo bem. Com a necessidade de se formar mais professores, as escolas referidas foram então transformadas em Escolas Superiores de Educação e ficou a cargo destas ministrar os Cursos de Ciências Pedagógicas aos saídos das Universidades. Tudo bem ainda. Onde é que então as coisas começaram a correr mal? Rapidamente as Escolas Superiores de Educação deram lugar aos Institutos Politécnicos e a partir de aí as coisas complicaram-se. Passou então a ser ministrados por estes e através das Escolas Superiores de Educação a formação inicial de professores. Estes, em lugar de virem já com a componente científica feita das universidades, passaram a tê-la aí e a componente pedagógica já integrada. Este, para mim foi o grande erro. Os professores daí saídos, em 3 anos faziam a parte científica e pedagógica que dantes era feita em pelo menos 3+2, 4+2 ou 5+2 anos. Se juntarmos a isto as guerras das “escolas” pedagógicas que então reinavam (Bordéus vs. Bóston), obteve-se uma mistura explosiva e sem fim à vista. Por uma questão de facilitismo, os candidatos a professores corriam para as Escolas Sup. de Educação e fugiam das universidades. Para ser claro, eu, se tivesse estudado nessa época teria feito o mesmo. E que resultados é que isto nos trouxe? Eu sei quais foram. Agora cada um pense o que quiser. Claro que para as capitais de distrito este fenómeno foi favorável. Mais professores a alimentar as escolas de ensino superior, mais alunos e toda a gente a ganhar com o assunto. Uma autêntica bola de neve a encher.

E sobre o assunto mais não digo.

Amanhã escreverei sobre o que para mim é o cerne da questão: as famílias.

 

Jacinto César


Tasca das amoreiras às 19:08
Link do post | Comentar | Ver comentários (4) | favorito
Terça-feira, 18 de Outubro de 2011

A Educação, os seus problemas e os rankings

 

 

Ontem prometi aqui a um comentador responder a uma série de perguntas que me colocou. Depois de pensar bem no assunto, pensei que as respostas estariam desligadas dum contexto mais geral e poderiam não fazer sentido. Sem faltar à promessa, prefiro fazer uma análise mais sistematizada dos problemas da Educação e do Ensino. Tal como ontem referi, tudo o que escreverei nos próximos textos, são somente a minha opinião e não vinculam mais ninguém nem qualquer instituição ligada ao ensino. Quero no entanto frisar que sou profissional do ensino há precisamente 36 anos a tempo inteiro, o que me confere alguma experiência acumulada além de ter sido “espectador” privilegiado da evolução do ensino em Portugal no pós 25 de Abril. Assim sendo, dividirei o tema em 4 textos: um sobre as estruturas educativas de topo (Ministério da Educação), o segundo sobre as estruturas educativas de base (escola e professores), uma terceira sobre a família e a sociedade em que se integra e uma quarta sobre os alunos, que são ao fim e ao cabo, os beneficiados de todo este sistema.

 

1 – As políticas educativas

 

Imediatamente antes do 25 de Abril o ensino tinha sofrido uma reforma que ficou conhecida como “reforma Veiga Simão”. Toda ela se baseava num ensino mais ou menos elitista que privilegiava a qualidade à quantidade. Tudo se baseava numa estabilidade muito grande e que dividia o ensino em duas vertentes: a profissional (antigos cursos ministrados pelas Escola Técnicas) e a de continuação dos estudos (antigos Liceus). Os objectivos estavam muito bem definidos, as escolas e liceus bem montados, um corpo docente muito estável e finalmente os alunos que por vontade própria ou por vontade da família estudavam. Tudo decorria sem sobressaltos. A grande maioria dos alunos das escolas técnicas empregavam-se com grande facilidade, e os que iam para o ensino superior duma forma geral lá cumpriam, trazendo o “canudo para casa” e de imediato arranjavam também emprego. Mal ou bem as coisas processavam-se assim e com resultados razoáveis para não dizer bons. Com o advento do 25 de Abril, o ensino massificou-se, as escolas não davam resposta, os professores foram “fabricados à pressa”, as reformas foram-se sucedendo, as alterações curriculares eram anuais e para culminar unificou-se o ensino. Estava estabelecida a confusão geral, da qual ainda hoje não conseguimos sair. O ensino transformou-se num pântano que albergava uma estrutura gigantesca. Tudo era feito em cima do joelho e aquilo que dantes era o motor da sociedade passou a andar a reboque dela. Os anos foram decorrendo e tudo continuou na mesma agravado pelas lutas políticas. Cada governo mudava tudo o que ainda hoje continua a acontecer. Penso que ainda hoje não se estabeleceu uma política de educação consensual que permitiria a sua estabilização. Basta ver a guerra que se montou sobre a avaliação dos professores e que ainda hoje não terminou. Não bastando tudo isto, montaram-se uma quantidade de estruturas intermédias que baralhavam ainda mais e que serviam e servem para satisfazer uma certa clientela política. Diga-se em abono da verdade que sobre este assunto todos os governos foram culpados. Era a dança das “cadeiras”. Ora entravam uns para logo saírem assim que o governo que lá os pôs caísse. Bem, se falarmos então de legislação então é o caos total. São as leis base, são os decretos e despachos a alterarem os anteriores, quando deveriam ser regulamentadores e depois as malfadadas circulares que todos os dias dizem e desdizem. Refira-se a propósito deste assunto que o anterior governo resolveu dar de empreitada a um senhor chamado João Pedroso a tarefa de fazer a compilação de toda a legislação existente. O dinheiro recebeu-o, mas de compilação nada. O caso foi entregue a PGR. Para finalizar este tema não poderia deixar de referir dois assuntos. O primeiro refere-se ao facto de a maioria da legislação ser feita sem conhecimento dos reais problemas das escolas. Fazem-se as leis e depois logo se vê no que resulta à moda do que acontece nos laboratórios. O segundo assunto refere-se a um tema que até me agonia falar nele: as estatísticas. Aos políticos só interessa os resultados independentemente da forma como são obtidos. São necessários números que enganem os nossos parceiros europeus. O pior é que os outros países fazem o mesmo pelo que julgo saber. É esta a estrutura que comanda o destino de 125.000 professores e milhão e meio de alunos. Algo de profundo teria que acontecer, mas os resultados eleitorais são mais importantes. Depositei muita fé no actual ministro, mas aos poucos já a estou a perder. Aquele que me parecia ser uma pesou disposta a fazer tudo contra tudo e contra todos, parece que já está a ser engolido pela política. É lamentável. Pela parte que me diz respeito, sinto-me fora do sistema. Sinto-me cansado. Sinto-me desmoralizado. Continuo à espera de melhores dias.

 

Amanhã continuarei com o segundo tema.

 

Jacinto César     


Tasca das amoreiras às 21:52
Link do post | Comentar | Ver comentários (10) | favorito
Segunda-feira, 17 de Outubro de 2011

Sacrifícios iguais


 

Acidentalmente, numa das minhas deslocações entre casa e o trabalho, ouvi na passada Sexta-feira uma parte do debate na Assembleia da República. Ao defender as medidas de austeridade que apresentara nas vésperas aos portugueses, dizia a determinada altura  o Senhor Primeiro Ministro que essas medidas pretendiam distribuir os sacrifícios de uma forma equitativa. Fiquei a matutar no assunto, e cheguei à conclusão que tem o nosso Primeiro Ministro toda a razão, pois distribuição equitativa não significa igual para tolos mas a cada um segundo as suas possibilidades.

Analisemos pois as medidas e vejamos se não é equitativa a distribuição dos sacrifícios:

1 - Aos ricos, os funcionários públicos que já haviam sido penalizados no ano anterior com uma redução salarial média de 5%, trabalhadores de empresas públicas e pensionistas com mais de 1000 € de rendimento bruto por mês (14000 € anuais) o governo vai buscar o subsídio de férias e de Natal, qualquer coisa como 14,29% dos rendimentos e aos um pouco menos ricos com cerca de 600 € de rendimento bruto por mês (8400 € ano) o governo vai buscar o equivalente a um destes subsídios, algo próximo dos 7,1%, mas em compensação às pobres empresas com um lucro de 10 000 000 €, depois de deduzidos os salários chorudos dos seus administradores, os cartões de crédito, as viaturas de luxo os almoços e juntares de negócios com IVA a 23 % o, o governo aplica um imposto extraordinário de 5%.

2 - Aos ricos trabalhadores por conta de outrem do sector privado, o governo acrescenta meia hora de trabalho, o que representa uma redução do trabalho hora de 6,25 %, mantendo, no entanto, aqueles que conseguirem manter o emprego, o mesmo rendimento anual, mas em compensação à entidade patronal deu o sacrifício de aturar o funcionário mais meia hora a custo zero, o que para os pobres empresários das grandes empresas exportadoras significa o grande sacrifício poder prescindir de um de cada dezoito empregados, ficando com a mesma força de trabalho, para o pequeno empresário local significa pagar por exemplo a electricidade com IVA a 23% durante mais meia hora para ter um operário a produzir para um mercado em recessão profunda, um administrativo a facturar o que não se vende nesse mercado ou um comercial a aguardar os clientes que não existem.

Não restam dúvidas, a distribuição é equitativa.

 

António Venâncio


Tasca das amoreiras às 16:38
Link do post | Comentar | Ver comentários (12) | favorito

Últimos copos

Forte da Graça - 18

Forte da Graça - 17

Forte da Graça - 16

Forte da Graça - 15

Forte da Graça - 14

Forte da Graça - 13

Forte da Graça - 12

Forte da Graça - 11

Forte da Graça - 10

Forte da Graça - 9

Adega

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Agosto 2015

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
12
13
14
15

16
17
18
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


A procurar na adega

 

Blogs de Elvas

Tags

todas as tags

últ. comentários

logo que poluiçao iriam causar duas ou tres embarc...
Muito interessante. Nessa documentação há document...
Nest baluarte existio uma oficina de artesanato on...
JacintoSó agora tive oportunidade de lhe vir dizer...
VERGONHA? MAS ESSAS DUAS ALMAS PERDIDAS RONDÃO E E...
Uma cartita. Uma cartinha. Uma carta.Assim anda en...
Os piores lambe-botas são os partidos de Esquerda ...
O mundo está para os corruptos e caloteiros. Uma a...
O mundo é dos caloteiros . Uma autentica vergonha.
"Não se pode aceitar que um professor dê 20 erros ...

mais comentados

101 comentários
89 comentários
86 comentários

subscrever feeds

SAPO Blogs
Em destaque no SAPO Blogs
pub