Era vontade minha continuar a argumentar sobre as razões da proposta que tenho vindo a fazer para que a Procissão dos Pendões e a Feira de S. Mateus passassem a iniciar-se a 20 de Agosto.
Pelos comentários que se têm feito e que apontam sempre na mesma direcção, ou seja a tradição, não me resta outra alternativa que apresentar o argumento último. Era em princípio para ser o último, depois de apresentar todos os outros argumentos que tinha para fundamentar a minha proposta. Acredito que nenhum demoveria aqueles que pensam que o 20 de Setembro É A TRADIÇÃO. Errado. Não é. Adiante.
Vou contar-vos uma história. Então é assim:
“Recuando no tempo, até ao século XVIII, encontramos aí o início da história daquele Santuário. Num dia de verão, no ano 1736, num local denominado da Saúde, a pouco mais de mil metros a oeste da cidade de Elvas, na antiga estrada que ligava Elvas a Varche, existia uma singela e deteriorada cruz de madeira que assinalava a morte por queda, naquele sítio, de um lavrador da região.
O sacerdote Manuel Antunes, numa das suas frequentes deslocações a uma propriedade nos arredores da cidade, montando uma mula, por duas vezes foi atirado ao chão, ficando bastante maltratado das quedas. Tendo retomado o marcha a pé, sentindo que as forças o abandonavam e temendo já não chegar ao seu destino, o Padre Manuel Antunes ajoelhou-se diante daquela cruz e em oração fez a promessa solene de a mandar reparar e nela pintar a imagem do Senhor e ainda de ali dizer uma Missa votiva em acção de graças, se durante aquele verão, outra queda não voltasse a dar e a sua débil saúde não se agravasse.
Tendo as suas súplicas sido atendidas e em cumprimento do voto, mandou reparar a singela cruz e pintar-lhe a imagem de Jesus Crucificado, que justamente intitulou de Senhor Jesus da Piedade. Mandou ainda levantar um poste com um nicho, em alvenaria, onde foi colocada a cruz com a imagem para que ficasse convenientemente resguardada. A Missa foi rezada em altar próprio erguido junto daquela milagrosa Cruz e teve a assistência de muita gente. Era o início de uma importante romaria, que se repetiria e crescendo ao longo do tempo. Devido à fama dos milagres chegaram peregrinos de toda a parte, inclusive de Espanha, predominantemente de Badajoz, das províncias da Extremadura e da Andaluzia.
Crescendo a fama dos muitos milagres e também da devoção popular, levando ao aumento sucessivo dos peregrinos e das suas ofertas, esmolas e ex-votos, tornou-se necessário construir uma ermida.
Para que a edificação daquela ermida (a primitiva) se concretizasse, Luiz Manuel Marquês, proprietário daqueles terrenos, deu como esmola o terreno necessário, para o traçado ofereceu-se o artista elvense João Fernandes e ainda as esmolas do povo para custear as obras de construção.
A 20 de Outubro de 1737, com a autorização do Cabido, teve lugar a primeira procissão para a transferência solene da Cruz para a ermida. Na procissão participou todo o povo devoto, as autoridades civis, militares e eclesiásticas, a nobreza da cidade e as confrarias com os seus estandartes.
Nesta capela, de arquitectura singular e de planta octogonal, que ainda hoje existe incorporada no corpo da actual Igreja, encontra-se a primitiva Cruz de madeira.”
Reza assim a autorização do Cabido:
“Illl.mo Sr. Diz o Bn.º Manuel Antunes, que elle e varios devotos do Senhor da Piedade edificaram uma capella no sitio da Saude, extramuros d’esta cidade, a fim de collocarem n’ella a imagem de Christo Crucificado, que se acha exposta à inclemencia do tempo no meio d’uma estrada; e porque não pódem transferir a ditta imagem para a nova capella sem licença de V. Ill.ma, e sem primeiro ser a mesma por V. Ill.ma visitada, e approvada, para ver se está com decencia, e que tudo dispõem as Constituições d’este bispado, tit. 18.º, parágf. 1º portanto, P. a V. Ill, ma seja servido mandar visitar a ditta capella; e, achando-a com decencia, approval-a, para se poder collocar a ditta imagem, e juntamente seja servido dar-lhes licença para que a translação se faça com a pompa devida, cantando-se n’ella hymnos e psalmos; como nas procissões se costuma. E. R. M."
Despacho: Commettemos ao M. R. Sr. conego Manuel Garcia para visitar a ermida, que nos representão, e para assistir á mudança da Imagem com a decencia devida; porém não se dirá missa na ditta ermida sem expressa licença nossa. Elvas em cabido de 8 d’outubro de 1737.”
De salientar que a data do Despacho do Cabido é datado de 8 de Outubro e como tal, posterior a 20 de Setembro.
Para aqueles que possam duvidar do que aqui escrevo podem consultar “A egreja do Senhor Jesus da Piedade - Estudos e notas elvenses, vol. III, p. 13.” escrito pelo nosso conterrâneo António Thomaz Pires.
Como acabei de demonstrar as celebrações a 20 de Setembro são posteriores, e a partir de um ano que não consegui ainda determinar. Tão pouco consegui ainda saber qual o motivo da mudança do mês de Outubro para o mês de Setembro. De uma coisa tenho a certeza: a data de 20 de Setembro não tem qualquer significado e o mais provável é que tenha sido alterada por uns dos argumentos que ainda iria utilizar, ou seja, a instabilidade meteorológica.
Daqui para a frente pode-se argumentar com tudo o que se queira, mas o argumento TRADIÇÃO morreu!
Jacinto César
Antes de voltar ao tema gostaria de agradecer à maioria dos comentadores do post anterior por terem discutido o assunto sem muitas picardias.
Voltando ao tema em questão, gostaria de referir alguns argumentos em que se fundamenta a minha opinião:
1- A data de 20 de Setembro não representa nenhum facto especial, a não ser estar associado ao final de um ano agrícola e ao início de outro. As festas, tanto as religiosas como as profanas, coincidiam com os poucos dias de férias que os trabalhadores agrícolas tinham entre os referidos anos agrícolas. Aproveitavam então essa época para fazerem as compras mais importantes, como sendo a roupa, o calçado ou algumas alfaias agrícolas ligeiras. Compravam também as novidades que os feirantes traziam. Eram dias de festa efectivamente populares e genuínas. Viviam-se aqueles dias de forma “total”. Comia-se, bebia-se, cantava-se, dançava-se e quando já não havia nada para fazer então dormia-se.
2- Com o evento dos transportes públicos (o primeiro que apareceu foi o célebre autocarro branco do Painho seguindo-se a Setubalense) as pessoas começaram a deixar progressivamente de aqui pernoitar. Iam e vinham os dias que queriam. Recordo-me ainda de nos olivais adjacentes ao Santuário haver uma sementeira de tabuletas, tendo cada uma o nome da localidade para onde se dirigia o autocarro que os levaria de volta a casa. Este facto fez com que as grandes noitadas começassem a diminuir. Foi o princípio da mudança.
3- Com a massificação do transporte individual tudo mudou e as coisas nunca mais voltaram a ser iguais. Nem poderiam pois os tempos estavam a mudar.
4- Actualmente, a única coisa que permanece inalterável na forma e no conteúdo é a Procissão dos Pendões que marca o início oficial das festas. Quanto ao resto tudo mudou.
Pergunto então, qual é o problema de passar TUDO do 20 de Setembro para 20 de Agosto? Eu não consigo encontrar qualquer malefício, antes pelo contrário.
Amanhã continuarei a argumentar as razões da minha proposta.
Jacinto César
Já várias vezes se falou por aqui do S. Mateus e o seu futuro. Mas também é verdade que continua tudo na mesma e sem que haja mostras de vontade, para pelo menos haver uma discussão pública sobre o assunto. Mais, penso que será necessário haver mais um ano em que corra tudo mal para se pensar então no assunto. Pensar até se irá pensar, mas tudo irá continuar na mesma.
A proposta que já uma vez aqui fiz, mantêm-se de pé: adiantar um mês as festas da cidade, ou seja, 20 de Agosto, por todas as razões que já apresentei.
Por tal motivo, gostaria de ouvir a opinião, séria, dos comentadores do blog. Se as opiniões forem em número significativo sempre se poderá fazer alguma pressão sobre a Confraria e Câmara para que abram um debate público.
Nota – Recado ao Zé de Mello
Continuamos todos à espera que o meu amigo delegue em alguém poderes para avançar a recolha de fundos para o retorno do Órgão à Sé.
Jacinto César
1 - Este blog nunca esteve, não está e jamais estará enfeudado a qualquer grupo de interesses;
2 – São objectivos deste blog comentar tudo aquilo que os seus elementos acharem pertinente, seja a nível local, nacional ou internacional;
3 – Jamais aqui se faltou ao respeito a quem quer que fosse. Criticamos, e isso sim, casos, atitudes e tudo o que no pareça incorrecto por parte dos órgãos que nos governam, sejam eles locais ou nacionais, das oposições a estes órgãos e todos aqueles que de uma forma ou outra influenciam a nossa sociedade;
4 – Este blog tinha também como objectivo medir o pulso à sociedade que nos rodeia, ouvindo a sua opinião, dando voz àqueles que a não têm e permitir a denúncia do que de mal se faz. Temos que admitir que este objectivo está muito longe de ser atingido;
5 – Era e continuará a ser objectivo deste blog não proceder a qualquer censura aos comentários que aqui se fazem, salvo como temos dito e reafirmado, casos de ofensas pessoais e que envolvam pessoas que nada tem a ver com as problemáticas em questão;
6 – Como é sabido de todos, a grande maioria dos comentários são produzidos por anónimos, que devem ser por norma pessoas de grande coragem e carácter;
7 – Estamos conscientes que somos responsáveis por tudo aquilo que escrevemos e por tudo aquilo que os comentadores escrevem;
8 – Dado que essa responsabilidade existe tivemos que nos precaver ou seja, em caso de um problema grave temos sempre a possibilidade de saber quem são os ditos anónimos (estes pensam que pelo facto de não porem lá o nome ficam “não identificados”). Santa inocência e ignorância destes bravos da blogosfera.
9 – Em relação aos anónimos quero ainda dizer que compreendo alguns deles, já que dependem directa ou indirectamente do poder instituído. Para estes, fica disponível um mail, onde podem denunciar aquilo que entenderem, que jamais será divulgada a sua identidade, a não ser por ordem judicial. Fica então disponível o seguinte mail: jjnc@sapo.pt;
10 – Finalmente faço votos para que a paz regresse. Eu por mim esqueço, ou antes, já esqueci.
Jacinto César
Aquilo que me propõe que faça chama-se censura e pensava eu que já tinha acabado. Para sua informação tudo continuará na mesma, até ao dia em que as galinhas tussam, salvaguardando como já tinha referido os casos que envolvam uma manifesta ofensa às pessoas e principalmente a pessoas que não são vistas nem achadas nos blogs e nos meios políticos e mediáticos.
Já reparou que está com os mesmos tiques que o nosso 1º Ministro quando este fez o mesmo que o meu caro me está a querer fazer, quando o Professor António Balbino escreveu no seu Portugal Profundo uns posts sobre ele?
O meu caro já reparou que no seu blog faz propaganda a uns dos blogs mais ofensivos que há em Portugal e que se chama “We have kaos in the garden”? Mas que raio de moralidade. Sabe? Vou-lhe dizer uma coisa que já há muito tempo ando com vontade de fazer, que é escrever ao Presidente do seu partido para lhe dizer o bem que está representado no distrito em geral e em Elvas
Mas adiante. O meu caro entrou em parafuso, presumo, pelos dois comentários que aqui apareceram com o título de TRAFULHICES 1 e 2. Se bem me recordo quando foi publicado o primeiro, o senhor pediu-me que publicasse o IP do comentador, pedido que foi satisfeito de imediato. Se com os dados que lhe forneci não foi capaz de identificar o autor, foi porque não sabe ou não o quis fazer por medo de ser acusado de invasão de computador pessoal.
Li e reli os dois comentários em questão e não encontrei neles qualquer ofensa ou insinuação a seu respeito. O senhor é que parece que enfiou a carapuça.
Como há muito tempo venho dizendo, se há coisas que não me agradam, são os cobardes dos anónimos. Mas quem não quer andar à chuva só tem que ficar
Uma vez em privado disse-lhe que não prestava. Hoje com maior propriedade digo-lhe em público: NÃO PRESTA.
Que Deus nos livre de outro tirano como Chefe do Município.
Jacinto César
1- O 1º Ministro vai vir a Elvas no 14 de Janeiro e anuncia a mudança da capital de distrito para Elvas;
2- O conhecido empresário Stanley Ho compra o Forte da Graça e instala aí o maior casino da Europa;
3- O Presidente da Câmara anuncia para o Jardim das Laranjeiras a construção de um Zoo e os primeiros habitantes serão os animais que actualmente se encontram na sua propriedade da Sochinhas. As feras perigosas ficarão instaladas em jaulas no pátio da Câmara;
4- A África do Sul desiste a favor de Portugal e da Espanha do Campeonato do Mundo de Futebol de 2010. Elvas será escolhida como sede de um dos grupos. Entretanto, O Elvas em lugar de subir de divisão, baixa para os regionais.
5- Decidida ficou a localização da estação do TGV: Fontainhas;
6- Ficou ainda decidido que a Plataforma logística ficará situada nas Sochinhas. O Presidente da Câmara num gesto magnânimo oferece os seus terrenos aí situados;
7- O Hospital de Santa Luzia será transformado
8- Várias empresas de alta tecnologia digladiam-se por um lugarzinho para aqui se instalarem;
9- As Eleições Autárquicas são ganhas por Rondão de Almeida com 100% de votos (Tiago Abreu é apanhado por uma câmara de vigilância a por a cruz no adversário);
10- Rondão de Almeida abdica do lugar e delega a Presidência
Caros elvenses, perante estas previsões já podem dormir descansados. A oposição resolveu em bloco mudar-se para Campo Maior e tentar lá a sorte.
Jacinto César
Facto 2 – O futebolista Dany do Dínamo de Moscovo foi transferido para o Zenith de S. Petersburgo por 30 milhões de Euros
Facto 3 – A COMUNIDADE EUROPEIA RESOLVEU ATRIBUIR UM SUBSÍDIO DE 5 MILHÕES DE EUROS Á GEÓRGIA PARA AJUDAR À RECONSTRUÇÃO NO PÓS-GUERRA.
Julgo que nem será necessário fazer comentários. Os factos falam por si. Mas em que mundo vivemos nós?
Jacinto César
Ponham-se agora no papel de um turista que nos visita e quer levar um “boneco” da nossa Sé de recordação. O resultado é o que está à vista. Lindo!
O ano passado recordo-me de ter escrito sobre o assunto e ter apresentado uma solução. Claro que vozes de burro não chegam ao céu e a minha não chega ao executivo municipal. Porque cargas de água não se monta o palco do outro lado da praça? Há espaço mais que suficiente, não incomoda ninguém e principalmente não incomodava a Sé e os turistas que a querem fotografar. Faz conta que a ideia até é vossa, mas retirem o palco daquele local. A Sé agradece e os que nos visitam também.
Nota – Relativamente aos comentários ao post de ontem, queria esclarecer o seguinte: as alcunhas que põem a algumas figuras públicas da cidade não as considero ofensivas pelo simples facto que não é nada que não se faça na televisão na “Contra Informação” e nos “Gatos Fedorentos”. Já antes do 25A se fazia. O que é intolerável é ofensa gratuita ou a ofensa e insinuações a familiares, os quais nada têm a ver com os blogs. Espero ter esclarecido o que são os limites do tolerável.
Jacinto César
Como podemos nós ter uma cidade melhor?
Como podemos ter um país em que nos possamos orgulhar?
Cada dia que passa, maior é o desânimo que se apodera de mim.
Olhamos em nossa volta e aquilo que vimos é a mediocridade e pior que isso, o seu culto. Princípios éticos e morais são coisas do passado. Os corruptos e os desonestos dão cartas, são os maiores e proliferam em todos os sectores da sociedade.
Quando quem está por “cima” dá o exemplo, como é que se pode exigir aos que estão por “baixo”?
Elvas não escapa a este fenómeno. A cultura anda pelas ruas da amargura, a honestidade é coisa que anda arredada de muita gente, a falta de civismo está presente em todo o lado, a cultura da golpada está instalada há muitos anos. E que podemos fazer (os outros) para alterar este estado de coisas? Nada! Assistir impotentes a esta caminhada desenfreada. Eu ainda não me rendi, mas por vezes desanimo. A NOSSA CIDADE anda a precisar de uma “revolução”.
Nota – Gostaria de lembrar a todos os que nos visitam com o propósito de ofender tudo e todos, que a partir de agora há uma coisa que vai mudar. Podem continuar a escrever o que quiserem que não serão censurados, mas prometo-vos que vos identificarei perante todos. Podem até queixar-se de mim por vos invadir a privacidade, mas terei sempre o argumento de que foi para defender a honra e a dignidade dos ofendidos. Cada um dos ofendidos fará depois o que entender. Aqueles que me conhecem sabem que sou capaz de o fazer. Os que não me conhecem experimentem-me.
Jacinto César
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