Cada vez mais sinto um desiludido da política em Portugal. Não porque seja político, mas porque sou cidadão. Perdi por completo a fé naqueles que nos governam. E quando falo em quem nos governa, estou a referir-me aos actuais, aos anteriores e aqueles que virão a seguir. Tenho que reconhecer que da esquerda à direita já não há políticos sérios. A corrupção, os compadrios e as amizades por conveniência, cortam transversalmente todos os partidos políticos e a sociedade em geral. É um polvo gigante que estende os seus tentáculos a todo o lado. Basta ir seguindo com atenção as notícias do dia-a-dia (em letra pequena, claro) para nos apercebermos como as coisas andam. São ministros que nomeiam administrações de empresas públicas, que por sua vez os acolhem quando saem do governo. São filhos de importantes figuras do estado que são nomeados para cargos de relevo assim que acabam o seu curso. São ex-dirigentes políticos que só não foram formalmente acusados de crimes graves por pressão de figurões e que agora estão colocados em organizações internacionais ou colocados em empresas portuguesas a operar no estrangeiro. Há de tudo um pouco.
Se até há uns anos atrás as fraudes com o Fundo Social Europeu serviram para enriquecer meio mundo (políticos, sindicatos e apêndices), hoje a técnica é diferente.
Gostaria que alguém me explicasse os 1200 M€ (sim, leram bem, mil e duzentos milhões de euros) que estão no OGE na rubrica “Estudos e pareceres”. Para onde vai parar este dinheiro? Quem é que faz os Estudos? Quem é que dá os parecerem? Para que servem esses estudos e pareceres? Presumo que já tenham adivinhado.
Os partidos vão-se alternando no poder, dizem cobras e lagartos uns dos outros, mas tudo continua na mesma e com tendência para piorar.
O que me preocupa é o sentimento de impotência para por fim a este estado de coisas. Penso que só chamando o inspector Corrado Cattani!
Jacinto César
António Venâncio
Segundo o Ministério das Finanças, o aumento médio dos salários em Portugal em 2008 será de 3,5%. Prevendo-se uma inflação de 2,1%, logo haverá um ganho real de 1,4%. Até aqui o discurso ainda agrada.
Sabendo-se como se sabe que a Função Pública vai ser aumentada 2,1% (como tal 0,0% de ganho, se acertarem na inflação o que seria inédito nesta década), que a grande maioria dos portugueses ganha o salário mínimo nacional ou pouco mais e leva com o mesmo aumento, pergunto então: quem é que neste país vai ser aumentado de tal forma para que a média seja de 3,5%? Bem, aqui o discurso já não cheira bem!
Será que são os mesmos de sempre, ou sou eu que estou a fazer mal as contas? Ou não será a velha história de um se “empanturrar” com um frango inteiro e o outro não comer nada? Em média, ambos comem meio frango!
Há grandes mistérios!
Jacinto César
Sim, vergonha é o que eu sinto! E porquê?
Como todas as noites faço e antes de me deitar levo o cão à rua fazer o último “chi chi” do dia. Qual não é o meu espanto quando dou de caras com “cidadãos portugueses” a revirar o conteúdo dos contentores do lixo. Eu nem queria acreditar (se calhar tenho andado distraído)! Uma cena que pensava eu só ser possível nos países do 3º mundo. Aqui em Portugal e em pleno século vinte e um acontece uma coisa destas! Mas aonde chegámos nós? Mas que país é este que deixa chegar a este ponto as pessoas?
Desculpem! Não escrevo mais nada. Estou envergonhado!
Jacinto César
Eu cá se mandasse na feitura dos dicionários de língua portuguesa, definiria polítticu da seguinte maneira:
Polítticu, subs. masc. fem.,adj: aldrabão, corrupto, sem vergonha, vendedor de banha da cobra, fala barato, proxeneta, vira casacas, arrogante, feijão frade, desonesto, desumano, vaidoso, oportunista, mentiroso, mafioso, … .
Ufa, desabafei!
Quem concordou com o que disse, engana-se.
Lembram-se por acaso dum senhor chamado Oliveira Salazar? Com todos os defeitos que tinha e que são por demais sabidos, alguém lhe pode apontar o dedo e colocar-lhe algum dos adjectivos acima enumerados? Apontar um dedo a um Homem que nasceu pobre e pobre morreu? A um Homem que manteve uma linha de rumo de princípio ao fim da vida?
Lembram-se de certeza de um Homem de seu nome Álvaro Cunhal? Por muito que se esteja em desacordo com as suas ideias políticas, alguém tem a coragem de o apelidar com algum dos epítetos acima referidos? Alguém o viu alguma vez dar o dito por não dito e alterar o seu pensamento?
Afinal ainda os há (ou houve?)!
O primeiro foi sempre poder. O segundo, sempre oposição.
Comparemos estes com os actuais. Começando pela Assembleia da República, dá dó ver aquela gente a arrastar-se pelos “passos perdidos” e a coçar o fundilho das calças pelas cadeiras do hemiciclo. Como é possível que dois terços dos senhores deputados, todos os dias (não devo estar a fazer bem as contas) e durante quatro longos anos permanecerem mudos? Grande sacrifício fazem em nome da Nação! E então os mártires que por lá se arrastam duas e mais legislaturas? Bem, esses só canonizados. Vá lá que o Senhor Presidente que até é boa pessoa, os vai deixando ler “A Bola” e o “Jornal do Crime” ou então lá teria que fazer mais uma despesa e substituir as cadeiras por camas. Estão a ver o filme: eles de pijama e elas de camisa de dormir. E se algum deles um dia resolver falar e dizer de sua justiça? Haveria de certeza algum alarve a gritar “ porque não te calas”! E são aquelas as cabecinhas que representam o povo. Estamos tramados!
Olhemos agora para o governo. Já repararam bem para o Sr. Ministro da Economia? E para o Sr. Ministro das Obras Públicas? E para a querida Sra. Ministra da Educação? São alguns dos cromos que me faltam para completar a minha infindável “caderneta”. Mais não digo mais desta “categoria profissional” não vá vir por aí algum processo. No entanto sempre acrescento que fazem grandes sacrifícios em comer umas jantaradas atrás de outras. Bolas, até comer lagosta farta. Quantos deles estarão cheios de inveja pelas feijoadas que nós comemos! E uma açordinha alentejana? Já viram que até lhes escorre a baba pelo canto da boca? Este povo é um ingrato.
E como os últimos por vezes são os primeiros, não gostaria de dar aqui um elogio especial aos nossos autarcas. Grande rapaziada! São uns compinchas do melhor. Armam-se em grandes senhores, iluminados, sabedores do ofício, mas é só para inglês ver! No fundo até são boas pessoas! Não me venham com a lamúria de que a Fátinha tem aqueles defeitos todos, pois é uma rapariguinha 5 estrelas. E o Isaltino? Que injustos são ao chamarem-lhe o que chamam! É um amigão do peito e muito boa pessoa! E as calúnias que uns boateiros levantaram ao nosso querido Major! Injustiça tremenda. E o nosso amigo Avelino? E o portista Gomes? Ex autarca, ex-ministro, ex-deputado, ex-administrador. Como se pode exigir mais a um português? O povo é ingrato em relação aos nossos governantes. Não posso nomear mais, senão nunca mais acabava.
Jacinto César
Mas não é que o raio da frase não me sai da cabeça?
Seja por uns motivos ou outros, todos nós, algumas vezes na vida a ouvimos. “Antigamente” era frequente ouvir-se, por tudo e por nada e onde quer que fosse! Era o calar-se por medo. Vieram os “cravos” e se por acaso piscássemos mais o olho à direita lá tínhamos nós que falar baixo! Aqui o medo provinha dos antípodas do “antigamente”. E nós calados. Passámos uns anitos em que se foi do 8 para o 80. Aí foi o regabofe total. E não é que passados mais uns anos, quando ingenuamente pensei que caminhávamos para o equilíbrio, nos começaram a mandar calar novamente? Arre que é demais! Dizes mal do primeiro-ministro e toma lá, porque devias estar calado! Dizes por aí umas verdades incómodas e toma lá que já almoçaste. Lá voltamos nós à conversa do “poder”. Mais uma vez relembro a sabedoria popular: quem pode manda, quem manda pode. Nem mais.
Se um Chavez me incomoda, o calar-me, incomoda-me muito mais. Começo a entendê-lo! Levamos nós uma vida a calar e calar sem nunca podermos desfazer o nó que nos vai na garganta? E aquele aperto no peito por não podermos dizer aquilo que nos vai cá dentro?
Passamos o dia inteiro a ouvir as pessoas queixarem-se! Vem o governo que tira a uns e dá a outros (não, não são Robins dos Bosques). Promete que é branco e sai preto! Diz à esquerda e vira à direita! Vem um põe, para vir outro de seguida tirar. E nós? Calados.
Acho que está na hora de dizer basta! Penso que está na hora se sermos nós mandar calar aqueles que sempre tiveram o poder de nos mandar calar!
Olha Chavez, és uma grande besta, mas mesmo assim venham de lá mais cinco!
Jacinto César
Passado que foi uma semana de esta frase ter sido dita e depois de ouvir argumentos pró e contra, deveria sentir-me esclarecido! Mas não. Sinto-me cada vez mais confuso.
A primeira reacção foi colocar-me de imediato a favor “del Rey”. Incondicionalmente! Meditei e digeri os acontecimentos e pensei que afinal o monarca não agiu da melhor maneira. Voltei a pensar, dei de novo as cartas, e aqui estou eu cheio de dúvidas, ou seja, o que aparentemente era muito simples, tornou-se em mim numa grande dúvida.
Vejamos as mesmas palavras ditas noutro contexto. Por exemplo numa sala de aulas. Porventura esta será das frases mais ditas durante uma aula. A frequência será tanto maior quanto menores forem os alunos. Quem é que não perdeu já a cabeça até com os próprios filhos? Presumo que ninguém e acredito que com razão, pois a pequenada tem o condão de por vezes nos dar a volta ao “miolo”. Penso que tudo de acordo. E se o professor disser qualquer “inconveniência” e um aluno o manda calar? Bem, aí temos o caldo entornado!
E aonde quero eu chegar? É que quem manda calar outro, normalmente ou é ou sente-se superior. Pela força da razão ou pela razão da força!
Qualquer relação entre duas pessoas “ditas” educadas e civilizadas pressupõe um respeito mútuo. Mas na realidade as coisas não se processam assim, e há sempre uma a querer dominar a outra seja da forma que for. Pela força física, psicologicamente, economicamente ou outra qualquer. Está mal, mas infelizmente é assim. São as hierarquias!
Voltemos então ao princípio.
É uma verdade indiscutível que o “cowboy” sul-americano não teve a compostura que é exigida a um chefe de estado. A atitude é de alguém sem princípios e mais própria de um guardador de gado (sem ofensas para estes, claro está).
E a atitude do rei? Será que foi a melhor? Ou será uma atitude paternalista duma Espanha poderosa a impor-se a “um filho” rebelde? Será que uma pessoa inteligente (que quero acreditar que o é) pode dizer uma coisa destas a outra? Ou será que quem tem o poder obrigatoriamente tem que ter a razão moral?
Já ouvi muita coisa sobre o assunto, sendo que a grande maioria se colocou a favor do rei espanhol. Os argumentos são habituais. O “homem” é um ditador, um tirano, um déspota e outros adjectivos mais. De acordo! O “homem” não é flor que se cheire.
Mas pergunto eu: e se o interlocutor fosse, não o presidente da Venezuela mas o presidente chinês? Será que a dita frase teria sido proferida? Ou será que o presidente chinês não é um ditador, um tirano, um déspota e coisas piores?
Então em que ficamos? Será que foi dita por uma questão de princípios ou por uma questão de poder? Escolham!
Jacinto César
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