A coincidir com o triste regresso dos Pendões, faz hoje dois meses que embarcámos nesta aventura da blogosfera.
Apesar de todos os “incidentes” com muitos dos comentários que por aqui se fizeram, sobrevivemos e contrariando todos os detractores não censuramos NINGUÉM. Cada um escreveu aqui aquilo que bem pensava, mesmo que por vezes tivessem recorrido às ofensas pessoais e a golpes baixos.
Tentámos ser o mais isentos e independentes, e salvo uma ou outra polémica, conseguimo-lo. Pensamos que a melhor prova foi o aumento significativo de leitores.
Cada um de nós tem as suas ideias e opinião sobre tudo o que nos rodeia, e mal seria se assim não fosse, mas nenhum está enfeudado a quem quer que seja.
Agradecemos a todos aqueles que concordando ou discordando fizeram o favor de nos ler. Agradecemos também aos autores dos blogs elvenses que nos referiram.
Amanhã cá estaremos para o nosso terceiro mês de vida.
Obrigado a todos.
PS- Fica aqui a uma referência especial à Dina e ao seu blog (Coisas simples) que só depois de ter dado cabo dos “miolos” ter chegado à conclusão tratar-se da nossa conterrânea Aldina Amador. Um beijo para ela.
Jacinto César
Quando ontem por volta das 10 da noite fui ao Parque da Piedade senti uma tristeza muito grande. Um vazio confrangedor. A falta das pessoas e da animação que trazem com elas era sentida em todo o lado.
Dir-me-ão que era um dia de semana, mas eu contraponho que há uns anos atrás as coisas não eram assim. Mais uma vez reafirmo aquilo que disse num post em Agosto: alguma coisa tem de mudar e uma das soluções poderá ser a que aí apresento. (http://tascadasamoreiras.blogs.sapo.pt/5687.html#comentarios)
Mas o que me leva a escrever hoje não se prende com o que já referi mas sim sobre a organização das festas do Senhor Jesus da Piedade e da Feira de S. Mateus. Penso que está na hora de separar os eventos em termos organizativos. Eu explico:
1- A primeira acção a tomar seria através de um protocolo ou um contrato de médio ou longo prazo (digamos 10, 20 ou 30 anos), entregar a exploração do parque da Piedade à Câmara Municipal. Que efeitos traria tal contrato? A manutenção física do parque, jardins, mata e parque de campismo ficariam por conta da câmara, já que tem pessoal que o pode fazer. Esta manutenção representa um encargo muito grande para a Confraria que assim se libertaria dela. A exploração como não poderia deixar de ser seria também do município.
2- A organização e exploração das duas festas anuais seriam assim pertença do município. Que vantagens teria isto? Sob o ponto de vista económico era um alívio para a Confraria, pois que em anos menos bons não ficaria endividada com os eventos, prejuízos esses que seriam perfeitamente suportados pala câmara sem grandes sacrifícios.
Em termos de organização passaria a ser feita por profissionais municipais e não por amadores mesmo que cheios de boa vontade. Por sua vez, a câmara, tem uma capacidade negocial em termos de alugueres de terrenos e contratações que vão desde as iluminações ao fogo de artifício e outras que a confraria não possui. Basta lembrar que a câmara faz o aluguer de iluminações por altura do Natal e que a partir daí, passaria a negociar em pacote as do Natal e as das festas da cidade. O mesmo se passaria com o fogo de artifício. No aluguer dos terrenos a câmara também teria vantagens em negociar os mesmos em conjunto com o mercado quinzenal.
3- As festas católicas ficariam da exclusividade da Confraria, que com as receitas da “bandeja” dariam para fazer uns floreados e ao mesmo tempo fazer a gestão e manutenção do Santuário. Ao fim e ao cabo é essa a sua verdadeira vocação, e ao mesmo tempo livravam-se de grandes dores de cabeça que sei que têm.
Assim sendo, teríamos as Festa do Senhor Jesus da Piedade organizadas pela Confraria e o S. Mateus e Festas da Cidade organizadas pela Câmara Municipal de Elvas.
Sei que em termos políticos as coisas não seriam pacíficas, pois basta ver o que se diz em relação aos espectáculos organizados pela Câmara. Os mesmos diriam que só teríamos bons S. Mateus de 4 em 4 anos. Mas mesmo assim acho que seria benéfico para toda a gente. Falta para que isto possa acontecer a Confraria ter vontade de abrir mão do poder organizativo e a Câmara vontade de assumir tal tarefa.
Fica a ideia. Como se costuma dizer que quem manda pode e quem pode manda, então que se entendam.
Jacinto César
O presente
A partir do final dos anos 80, princípios dos 90, tudo começou aparentemente a melhorar. Novas escolas começaram a proliferar por todo o país, os equipamentos e materiais didácticos foram aparecendo, os serviços modernizaram-se, os apoios aos alunos foram melhorados (serviços de transportes escolares, alimentação, apoio social, etc.) e finalmente começaram a chegar às escolas uma nova geração de professores.
Ora parecia que todos os ingredientes estavam reunidos para que os resultados finais melhorassem. E melhoraram, mas não proporcionalmente ao investimento feito. E aqui é que surge o problema. Porque é que as coisas estão como estão na educação? Pergunta difícil e com muitas respostas. Estudos atrás de estudos, reformas atrás de reformas e tudo parece andar para trás. Estranho, não é?
Mas analisemos todas as componentes do sistema educativo e seus actores.
Comecemos pela base da pirâmide que são os alunos e que teoricamente seriam os principais interessados em que tudo corresse bem, pois na escola começa o seu futuro. Vejamos então o que se passa:
1- A grande maioria dos alunos quando sai do 1º ciclo aparece “coxa” ao 2º ciclo e por aí adiante, sendo que o agravamento é progressivo e em bola de neve. E porque é que tal acontece? Porque os responsáveis têm vergonha dos métodos “antigos” e como tal os meninos têm que aprender, brincando! Brincar, brincam, agora aprender é que não aprendem. Não se pode admitir que qualquer aluno que acabem o 1º ciclo não saiba ler e escrever, que não saiba já alguma gramática, saiba a tabuada de cor e salteado e não saiba fazer contas de olhos fechados. Mas não, é anti-pedagógico ensinar os meninos a sério e mais do que isso, é quase proibido reter (vulgo chumbar ou reprovar) um menino, mesmo que o menino nada queira fazer.
Logicamente que os problemas se vão agravado e acumulando de ciclo para ciclo e até que chegam ao ensino secundário num estado quase que irreversível. Usando um termo mais drástico, chegam em estado de “coma”.
2- É por demais sabido que de modo algum se pode comparar os “atractivos” da sociedade presente com a do passado. Com a panóplia de brinquedos, tecnologias e diversões que estão ao seu dispor, quem quer ir para a escola? Se calhar nós os mais velhos também não quereríamos. Os chamamentos são mais que muitos e sempre mais “simpáticos” que a escola. Mas alguma coisa tem de mudar. Falaremos nisso adiante.
Resumindo, os actores principais têm culpa, mas muito reduzida!
Passemos à segunda componente: os professores. Se no pós 25 de Abril as suas atitudes e comportamentos eram desculpáveis, dado o estado em que o país vivia, passado este período difícil as coisas teriam que mudar e não mudaram! Porquê? Muitas respostas se podem dar!
1- O professor perdeu completamente a autoridade dentro de uma escola. Custa a admiti-lo, mas é a verdade nua e crua. O professor passou a ser não somente um FORMADOR, mas também um EDUCADOR.
2- Socialmente o professor perdeu influência e ficou desprestigiado. Os próprios políticos e alguns “fazedores de opinião” se encarregaram dessa tarefa. Outras classes profissionais se seguiram e mais se seguirão, com a honrosa excepção dos militares e dos juízes. Está a ver-se o porque, não está?
3- O professor perdeu a iniciativa, ficando amarrado a normas que por vezes são inaplicáveis à massa humana que lhe é confiada.
4- Profissionalmente o professor passou a ser como o caranguejo: passou a andar para trás.
Mas pode-se argumentar com a falta de profissionalismo da classe. Mas será que há neste ou em qualquer outro país uma classe profissional perfeita? Como em tudo na vida, há os muito bons, os bons, os assim-assim e os maus. Portanto, os actores professores também têm culpas no cartório, mas tal como os alunos, são mais vítimas que culpados.
Analisemos a terceira componente do sistema: a escola
1- A escola que desde sempre foi a vanguarda da sociedade, passou a andar a reboque desta. Foi completamente ultrapassada pela velocidade da evolução. Foi trucidada. Não soube ou não pôde adaptar-se à aceleração dos tempos que correm. Perdeu por completo o comboio do progresso e penso que jamais o apanhará.
2- A escola por vezes não está desenhada em função do meio em que está inserida e como tal não cumpre a sua função.
3- A escola tem limitações em termos de autonomia o que complica de sobremaneira o seu funcionamento.
4- A escola é vítima de uma legislação em constante mutação. O que é verdade hoje podê-lo-á não ser amanhã. Atente-se o caso muito recente das célebres aulas de substituição. Num ano eram a solução para muitos problemas, no ano seguinte passou a ser parte do problema.
Resumindo, a escola também tem a sua cota parte de culpas, mas também muito reduzidas.
Por último, vamos ver o que se passa no vértice da pirâmide ou seja o Ministério da Educação.
Se se pensa que por serem os últimos são os mais culpados, tal não corresponde à verdade. Este ministério é um barco gigante que navega e sempre navegou com os ventos da política. É um mal que vem de longe. Há muitos anos atrás, tanto este como todos os outros ministérios eram “governados” por profissionais do assunto a tempo inteiro. Desde o funcionário mais modesto até às chefias, incluindo os directores gerais, directores regionais, iam subindo na carreira por mérito profissional. Somente os secretários de estado e os ministros eram de escolha política. Mal ou bem o sistema ia funcionando. Presentemente até um simples chefe de serviços faz parte de uma carreira, só que política. Vem abaixo o governo e este arrasta atrás de si um sem número de carreiristas políticos, que serão substituídos por outros só que de cor partidária diferente. Mesmo que as políticas educativas fossem as mesmas ao longo dos tempos (que não são), os solavancos são constantes.
Entra um ministro, muda-se a política, fazem-se novas reformas educativas, mudam-se os programas e os conteúdos programáticos, desfazem-se leis e fazem-se novas, mudam-se as caras e os discursos e o problema persiste.
Será então que está encontrado o cerne da questão? Sim e não! O grande pecado dos sucessivos ministérios é o da falta de coragem política de apontar o dedo a quem devia apontar. Só que estes são votos e não convém hostilizar. È mais fácil sacudir a água do capote para cima de outros.
Amanhã escreverei se a paciência não me faltar o último capítulo desta triste novela que é a EDUCAÇÃO em Portugal. É dedicada às FAMÍLIAS e PAIS dos nossos jovens e futuros homens de amanhã!
Jacinto César
O período pós 25 de Abril
Para os que se lembram deste período, fosse na condição em que fosse, devem recordar-se ainda o que foi a Educação e o Sistema educativo na altura.
Poucas serão sempre as palavras para descrever o que se passou nesses “gloriosos anos” nas escolas e universidades portuguesas. Foi aquilo que na gíria se pode dizer o “regabofe total”. Valeu tudo.
Mas recordemos: no pós 25 de Abril a Escola abriu-se a toda a sociedade, ou por outras palavras, massificou-se. Só que as condições existentes na altura eram muito carentes em todos os aspectos: as Escolas não tinham instalações, não tinham professores, não tinham meios materiais e tinham alunos de sobra. Era o caos! As salas chegavam a comportar 40 e 50 alunos: sentados nas carteiras que havia, no chão ou então de pé. Há falta de melhor construíam-se barracões provisórios que por vezes era o mesmo que estar na rua. Material pedagógico nem vê-lo. Programas existiam os antigos que foram sendo alterados e adaptados aos tempos que corriam. Como não podia de deixar de ser (a política, sempre a política) uns professores cumpriam-nos, outros não. Novos programas, novos conteúdos a cada (des)governo. Como estes eram de curta duração é bom de ver o que acontecia. Se o professor era “canhoto” os temas leccionados pendiam sempre para a análise e discussão das sociedades ditas “de democracia popular e avançada” e a palavra fascista era dita e redita um sem número de vezes. O progressismo, a reforma agrária, as ocupações e nacionalizações eram temas recorrentes. Se o professor era “destro” a conversa era exactamente a contrária, sendo que o adjectivo “comuna” era o mais utilizado.
Resultado de toda esta caldeirada foi, e não podia deixar de ser, as passagens administrativas, ou seja, passava toda a gente.
Para colmatar a falta de professores o sistema não foi de intrigas, e fez professores de toda a gente. Alunos que acabavam o 7º ano num ano, no ano seguinte estavam feitos professores de matérias que como toda a gente pode calcular, estavam “preparadíssimos”. Era uma festa para todos e um caos total. Era o tu cá tu lá entre os professores e os alunos, a amena cavaqueira das aulas entre duas cigarradas, era eu sei cá que mais. Uma coisa era certa: toda a minha gente andava satisfeita: os professores passaram de repente a ganhar mais, os alunos estudavam menos e os pais contentes de verem os filhos passar de ano.
Depois inventou-se o serviço cívico para entreter a rapaziada mais um ano longe da universidade que passava um mau bocado devidos às mesmas circunstâncias. Finalmente lá se seguia invariavelmente a caminho de Lisboa ou de Coimbra. Por estas paragens o ambiente não era melhor. O faz que faz continuava, umas cadeiras feitas sabe-se lá como, outras compradas, outras conseguidas à custa do “cabedal” (presumo que meia palavra baste), outras até feitas pelo telefone. Era um vale tudo. De vez em quando lá se tinha que fazer mesmo a cadeira, porque o “prof” era um fascista e não dava abébias. Mas poucos professores tinham a coragem de ser exigentes, pois este era o caminho mais curto para o saneamento político. As festas eram o dia a dia. O estudar era quando Deus quisesse. E não é que não queria mesmo.
Jacinto César
Bem, vamos lá ver se nos entendemos!
Consumir drogas é ilícito! Não é crime mas dá multa!
Traficar drogas é crime! Dá prisão!
Facilitar o tráfico de drogas é crime! Dá prisão!
Mas então como é? A droga passa para dentro das prisões, as chefias destas facilitam, os presos drogam-se e o governo aprova fornecendo seringas. Não, devo ter bebido demais e não devo ter ouvido bem. Isto não pode estar a acontecer, ou então o nosso país deve estar a ficar de pernas para o ar. Está tudo grosso! Quando a lei for posta em prática, se for apanhado a fumar num café, sou multado. Mas se estiver a fumar um charro a multa é de um terço ou de um quarto. Tem muita piada. Lá teremos nós os fumadores passar a andar de charro nos queixos.
Mas voltando ao principio. Mas que moral tem um governo ao tomar uma medida destas? Então o consumo e o tráfico de drogas é punido cá fora e tolerado numa prisão? Mas que justiça é esta, estando as prisões precisamente na tutela desse ministério? É intolerável. Se se promovesse a reabilitação dos toxicodependentes ainda compreendia e até achava justo, pois o tratamento era igual aos que não estão presos. Agora assim, não, nunca, jamais, em tempo algum como me ensinaram. Mas o mais caricato é que quando a lei sobre o consumo de tabaco entrar em vigor, os presos estão proibidos de fumar nos recintos fechados.
E então se eu fosse Guarda Prisional? Das duas três: ou era incompetente, ou era cúmplice ou então corrupto! Eu nunca poderia aceitar tal coisa! Seria para mim o mesmo que me estarem a espetar uma faca nas costas. Seria para mim uma traição por parte da entidade patronal que é o próprio Estado. Haverá guardas que não são honestos, tal como noutra profissão qualquer! E com que cara ficam os honestos? Como se sentirão estas pessoas e servidores do Estado ao serem tratados desta forma? Humilhados!
E se eu fosse Guarda Prisional? Senhor Primeiro Ministro e Senhor Ministro da Justiça, os senhores estão presos!
Nota - Não tenho familiares nem amigos presos nem Guardas Prisionais
Jacinto César
Já há muito tempo que andava para escrever sobre este assunto, mas devido ao melindre tenho andado a evitá-lo, mas com o novo ano a começar sinto-me na obrigação de o fazer.
O ANTES E DEPOIS
O Antes
Qualquer pessoa da minha geração sabe que aquilo que vou contar é verdade e como tal serve o presente artigo para alertar as seguintes.
É verdade que antes do 25 de Abril somente uma pequena parte da população tinha acesso à educação, mas aqueles que podiam ir para a escola saiam com uma FORMAÇÃO diferente e para melhor. Eu falo do meu caso pessoal, que de certeza será parecido com a de muitos outros. Sou filho de pessoas modestas, mas que no entanto fizeram questão que estudasse para poder ter uma vida melhor do que aquela que eles tiveram. Em boa hora o fizeram e por tal lhes estou eternamente agradecido.
Quando fui para a escola primária em Stª Luzia, foi meu professor da 1ª à 4ª classe o saudoso Prof. Candeias. Sei hoje que poderá não ter sido um modelo em pedagogo, mas lá que aprendíamos, aprendíamos. Recordo como se fosse hoje que logo pela manhã todos nós esfregávamos as mãos para as aquecer e não doer tanto as reguadas que de certeza iríamos apanhar de seguida: um erro nas contas, uma reguada, um erro no ditado, uma reguada e por aí acima. Durante o resto do dia ainda tínhamos direito a um brinde: o nó da cana-da-índia nas nossas cabeças e a que chamavam ponteiro. O que é certo é que todos aprendíamos com maior ou menor dificuldade. Nós sabíamos escrever e ler, fazíamos as contas no papel e de cabeça, sabíamos os rios e afluentes, as estações de comboios e apeadeiros, os reis de Portugal, as mulheres, filhos e amantes. Eu sei lá que mais nós sabíamos, mas sabíamos. Recitávamos e cantávamos a tabuada como ninguém, fosse de seguida ou salteada Mas sabíamos. Saído da escola pelas 3 da tarde lá ia a caminho do segundo “suplício” do dia: a Mestra Fava. Se na escola o respeito era imposto à moda do Prof. Candeias, a Mestra Fava não se lhe ficava atrás. Todos os pretextos eram bons para que a minha cara fosse parar às mãos dela. As coisas nem sempre paravam por aqui, pois se chegássemos a casa e contássemos alguma destas peripécias, teria sem dúvida a terceira sessão: alguma tinha feito para merecer. E assim era o meu (nosso) dia-a-dia.
Chegou finalmente o dia da “libertação”: o exame da 4ª classe seguido do exame de admissão. Uns, os mais abastados, faziam-no ao Liceu, os outros à Escola Técnica. Eu pertenci a este último grupo. Finalmente longe da “tirania” da primária.
Santa inocência a minha.
Logo no primeiro dia a reunião geral de alunos no ginásio, presidida pelo seu director: Dr. Amílcar. Conselhos e mais conselhos para o bom funcionamento da escola novinha em folha. Um deles dizia respeito aos corrimões. “Jamais podereis descer a escada pelo corrimão” dizia ele de dedo apontado e eu a ver o corrimão a chamar-me também com um “dedo”. A este segundo, não resisti pouco depois! E quem estava cá em baixo à espera? O Dr. Amílcar, quem mais podia ser. Não é preciso contar o que me aconteceu. O que é certo é que sete anos se passaram e o sistema era igual ao da primária, só com uma agravante: muitos dos professores moravam perto da minha casa e escusado será dizer que a mínima que fizesse era logo do conhecimento dos meus pais. Podem imaginar o “martírio” que passei. Mas há uma coisa que sei: mais estalo, menos estalo, lá íamos aprendendo. E aprendi e aprenderam muitos. E aprendemos e aprendemos bem. A respeito da pedagogia empregue nesses tempos, podereis não estar de acordo com ela na totalidade, mas que as “coisas” funcionavam, lá isso funcionavam. Havia também um factor de extrema importância: a EDUCAÇÃO que recebíamos em casa.
Jacinto César
TASCA FECHADA
Quem quizer vá beber a outro lado. Reabrimos 2ª Feira
BOM S. MATEUS
Há qualquer coisa na água que não cheira bem e não me estou a referir propriamente ao cheiro dela, mesmo que por vezes não cheire nada bem!
Alguém já se pôs a fazer contas dos milhares de litros de água mineral que se vendem diariamente em Elvas? Pois são muitos! Ora bem, se a canalizada fosse de boa qualidade o que é que acontecia? A mineral deixava de se vender e o negócio do precioso líquido lá se ia! Entendem o que eu quero dizer, não entendem? É assim uma espécie de gato escondido com o rabo de fora! E que fazer? Entregar provavelmente a exploração do dito líquido a uma empresa privada. Bom negócio e que será melhor ainda se a qualidade (má) se mantiver, pois então o comércio continuará a vender as garrafinhas aos milhares. A das fontes públicas é o que se sabe: não presta (ou será que presta?) e garantidamente que jamais prestará. Quem tem furo, boa ou má tem que a pagar também!
Eu cá por mim desconfio que tanto faz que a exploração e comercialização seja pública como privada a “coisa” continuará sempre a cheirar mal, e ao fim e ao cabo quem continua a pagar é sempre o mesmo, ou seja, o comum dos cidadãos.
Sendo este um bem que a natureza nos deu e como tal devia ser de todos, desconfio que um dia deste tenhamos que andar de contador ao pescoço para pagarmos o ar que respiramos. Eu cá por mim já ando a treinar-me: respiro vez sim, vez não, não vá aqui também o diabo tecê-las.
Jacinto César
Quem vê a televisão ou abre o jornal tem todos os motivos e mais alguns para pensar que Portugal é o pior dos países deste mundo e arredores. Não é nada de anormal para os genes portugueses. Qualquer pessoa de cultura média e mais ou menos informada, informações catastrofistas entram por um ouvido e saem por outro. A mim preocupam-me fundamentalmente as pessoas simples e pouco informadas. Interiorizam e processam as informações como se de uma verdade indiscutível se tratasse. Isto vem a propósito mais uma vez, da visita do Dalai Lama.
Não é a primeira vez que tal facto acontece no nosso país, mas desta vez foi mais mediatizado: trata-se da reunião havida na Mesquita central de Lisboa que reuniu os clérigos de todas as religiões existentes em Portugal.
Grande exemplo demos e damos diariamente ao mundo: a tolerância. Em que país é que numa mesquita se juntam muçulmanos em oração com judeus, católicos, hindus? Conhecem algum? Eu não! Em que país toda esta gente vive e convive em paz e se tratam uns aos outros somente como seres humanos? Só em Portugal!
Se para muitos isto pode não significar muito, para mim significa tudo.
O português dito “normal” enferma de um grave defeito: tem uma língua muito grande e sempre pronta para dizer mal. E se se trata de dizer mal do seu próprio país então aí dispara em todas as direcções. Discute todos os assuntos com uma ligeireza como se de um perito se tratasse. As suas opiniões são sempre as melhores e as mais bem intencionadas. Fala, fala, mas no fundo não passa de isso mesmo, ou seja falar.
Somos um país pequeno e isso não podemos alterar. Temos defeitos? Muitos! E que país não os tem?
Temos virtudes? Muitas também. O problema é não as sabemos ou não queremos reconhecer. Deixei-vos aqui uma e muito grande. Que todo o mundo nos seguisse.
Jacinto César
Blogs de Elvas