Elvas sempre em primeiro
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Sexta-feira, 31 de Agosto de 2007
Não quero deixar de comparecer aos festejos deste primeiro mês, que realmente excedeu todas as nossa expectativas. O nascimento numa altura algo desfavorável, visto tratar-se de um período de férias, fez-me temer algum insucesso, pelo menos inicial. É portanto com satisfação que assisto a um tão elevado número de leitores em tão pouco tempo.
No mês até agora decorrido, não me foi possível, precisamente devido à altura do ano,, contribuir com a assiduidade que gostaria, facto que penso poder corrigir a partir de agora.
O que escrevi, bom ou mau, é a minha opinião assinada, e assumo-a integralmente, no respeito pelos princípios de liberdade e frontalidade em que fui educado.
As críticas, sempre que construtivas e fundamentadas, são bem vindas e um contributo para um são de bate, a maledicência eivada de mentira e sob a capa do anonimato dispensava-se muito bem, mas não se censura, não por falta de conhecimentos como alguns alegam, mas por princípio. Apenas excesso de outra ordem nos levariam a tomar essa posição. Quem nos lê, com espírito aberto, e lê os comentários saberá certamente separar o trigo do joio!...
António Venâncio
Faz hoje precisamente um mês que este Blog nasceu. Fruto de um casamento fora do comum, o parto acabou por ser fácil (nem necessitámos de ir a Badajoz) e deu-se ironicamente em plena Av. de Badajoz numa esplanada de um café!
Foram, pelo menos para mim, umas noites bem passadas a escrever meia dúzia de coisas, quiçá sem interesse, mas que a mim me deram um certo gozo, pois era a primeira vez que escrevia para leitores e dizia o que queria.
Foram 31 dias em que por vezes escrevi o que me passava pela cabeça e por vezes me incomodava a alma. Foram 31 dias a ler comentários sobre o que escrevíamos, alguns deles pouco agradáveis, mas nenhum foi censurado. Já que falo em comentários, houve e há um fenómeno que me desagrada muito: os anónimos. Mas será que já se perdeu a coragem de assumir aquilo que se diz sem receios de se ser perseguido ou preso como no antigamente? Ou será que é aquele fenómeno chamado de cobardia de se poder dizer o que se quer a coberto de uma máscara, como ladrão encapuçado?
Jamais me passou pela cabeça que o Blog tivesse o número de leitores que teve neste primeiro mês e que houvesse tanta gente com paciência de nos aturar. Assim sendo, continuaremos!
Jacinto César
Quinta-feira, 30 de Agosto de 2007
Costumamos nós por aqui dizer que de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos. E a verdade é que cada vez que o vento é de Leste “cheira mal”. Há uma razão científica para o fenómeno.
Mas o que me estranha muito é o “mau cheiro” que vem dos lados de Lisboa apesar do vento estar de Norte.
Fenómeno este tão estranho! Será que está para chegar por aí alguém com cheiro pestilento, ou alguém com os intestinos na cabeça e o “dito” na boca?
Deus nos acuda e nos proteja de tal fenómeno, pois nunca se sabe o que vai acontecer e o pestilento cheiro tem-se propagado pelo país desde 2005.
Eu cá por mim já sei o que vou fazer: emigrar por um dia!
Jacinto César
Quarta-feira, 29 de Agosto de 2007
Tal como o fiz aqui há uns posts atrás em relação à política, faço-o hoje em relação à religião.
Sou Católico Apostólico Romano e ponto final. Sou-o pela educação que me deram enquanto criança e adolescente e por convicção depois de adulto. Mas se me ensinaram isto, ensinaram-me também a ser tolerante para com todas as outras religiões. E assim me tendo mantido, sendo no entanto pouco tolerante com o fanatismo religioso. E quando me refiro ao fanatismo estou-me a referir ao fanatismo em TODAS as religiões incluindo aquela que professo, pois também o há.
Para felicidade minha já tive a oportunidade de visitar os maiores santuários de todas as religiões (com excepção de Meca e de Jerusalém, e confesso que foi por um bocado de receio da minha integridade física). Em todos eles fui bem recebido e em todos eles mostrei o respeito devido aos crentes, mas confesso também que há uma religião que me cativa profundamente como pessoa: estou a referir-me ao Budismo.
Isto tudo vem a propósito da segunda visita a Portugal de Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama do Budismo Tibetano. Penso que muitas pessoas conhecem a sua história com o filme “Sete anos no Tibete”, mas menos conhecerão o pensamento do Homem. É convicção minha que poucos homens haverá ao cimo da terra com um pensamento mais humano, mais pacifista, mais desprendido dos valores materiais que o Dalai Lama. Quem esteve na sua presença jamais esquece a sensação de paz e de humildade que transmite. A alegria daquele sorriso é devastadora para o comum dos mortais. A pessoa sente-se minúscula perante aquele pequeno grande Homem. Gostaria de deixar aqui um pedido a todos aqueles que têm a paciência de nos aturarem: experimentem ler qualquer dos seus livros e depois reflictam sobre a vida que todos nós vivemos.
Há três homens que me impressionaram no século XX: um já não é vivo e trata-se de ,Mahatma Gandhi outro ainda está entre nós e é Nelson Mandela e o último é precisamente o Dalai Lama.
Perdoem-me a franqueza, mas se a paciência não me faltar gostaria de dedicar aqui um escrito a cada um deles, pois homens como estes não nascem todos os dias e tem sempre que se escrever com um H bem grande.
O maior desânimo é quando regressamos à nossa realidade do quotidiano e deparamos com os homens muito pequeninos nos rodeiam.
Jacinto César
Terça-feira, 28 de Agosto de 2007
Parece inacreditável como é que estes números ainda acontecem. E a pensar eu que vivíamos num Mundo a desenvolver-se, mas…
Atentemos aos números, mas não corem de vergonha.
- 12,6% de cidadãos a viver abaixo dos níveis de pobreza.
- 15% de cidadãos sem cuidados de saúde.
- 5% de crianças e jovens com menos de 18 anos na pobreza
- 3,5% de crianças não têm assistência médica.
- 5,2% de pessoas com mais de 65 anos vivem na pobreza.
Como é que um país dito desenvolvido pode viver com estes números vergonhosos? Eu se fosse político não saía à rua com vergonha e se calhar também com medo.
Mas tenham calma que estes números não são de Portugal, são da maior potência ao cimo desta terra. Estou a referir-me aos Estados Unidos da América.
Sr. Bush, vamos lá, confesse lá que só dorme com um Vallium 10 ou então não tem pingo de vergonha. Eu inclino-me mais para a segunda hipótese.
Jacinto César
Domingo, 26 de Agosto de 2007
Segundo notícia da agência Lusa de 25 de Agosto de 2007 o Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Rui Nobre Gonçalves declarou na Fatacil "O balanço é muito positivo e o facto de, durante este século, este ser o ano com menos área ardida no país é um bom sinal de que as coisas estão no bom caminho".
Em primeiro lugar, e dado que apenas vamos no sétimo ano do século, é no mínimo uma forma “um pouco!..” empolada de dizer que é o ano com menor área ardida dos últimos sete. Mas vamos ao mais importante da afirmação “é um bom sinal de que as coisas vão no bom caminho”, será?..
Desconhece o senhor Secretário de Estado a influência das condições climatéricas na eclosão dos incêndios e na maior ou menor facilidade do seu combate?
Ou será que não se apercebeu que este Verão tem tido, até ao momento, uma meteorologia muito favorável no tocante à prevenção de incêndios e ao seu combate (o tão famoso mau tempo para ir para a praia)?
Todos nós nos congratulamos com a diminuição da área ardida (excepto por ventura uma meia dúzia de pirómanos e aqueles que por interesses inconfessáveis desejavam ver arder “uma certa área”), no entanto temos que agradecer essa diminuição ao facto de os meses de Julho e Agosto terem bastante frescos e até chuvosos, e não podemos concluir que estamos no bom ou no mau caminho, a não ser que essa condições se tivessem devido a uma qualquer capacidade de intervenção nas condições meteorológicas que, por enquanto, não vi anunciada em lado nenhum.
Não sei se o novo plano de intervenção na prevenção e combate a incêndios é ou não eficaz, sei isso sim que não foi felizmente possível testá-lo em situação semelhante à de anos anteriores. Parece-me pois que a conclusão tirada pelo senhor Secretário de Estado, ou revela o mais profundo desconhecimento da realidade de um sector que tutela, o que seria grave atendendo ao ênfase posto no mérito e na competência em todo o discurso deste governo, ou se trata de uma tentativa de iludir os eleitores dos meios urbanos (aqueles que afinal decidem as eleições), que nunca estiveram próximos de um incêndio rural e desconhecem as condições particulares para a sua eclosão, progressão no terreno e facilidade o dificuldade de extinção, através de uma manobra da demagogia mais despudorada, em que pretende creditar a favor do Governo e do seu Ministério algo que se fica a dever maioritariamente a causas naturais.
No entanto, espero sinceramente que o novo plano de intervenção na prevenção e combate a incêndios seja mesmo eficaz, e que, quando vier um Verão com condições meteorológicas normais, se venha a revelar capaz, pela prevenção, de evitar ao máximo a eclosão de novos incêndios, e quando tal não for possível, o combate se revele célere e coordenado, reduzindo ao mínimo a ária ardida e os danos materiais e ambientais.
Se tal se vier a verificar, aqui estarei para, neste mesmo espaço, cumprimentar o Senhor Secretário de Estado e a sua equipa pelos resultados obtidos.
António Venâncio
Sábado, 25 de Agosto de 2007
Desde a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia, sempre que se discutiu um novo Quadro Comunitário de Apoio, qualquer que fosse o governo vigente sempre apelou à solidariedade dos restantes países, defendendo a atribuição de fundos de coesão o mais elevados possível, com o argumento de que, a fragilidade e o atraso da nossa economia assim o exigiam, para que pudéssemos acompanhar os chamados países da frente. Até aqui parece que estamos todos de acordo, quando passamos para a actuação desses mesmos governos (todos sem excepção) no domínio interno, é que surge a contradição, senão vejamos:
- Onde esteve ao longo de todos estes anos a solidariedade entre as regiões mais ricas do litoral e as mais empobrecidas do interior?...
- Onde estão os fundos de convergência Nacional, que permitam dinamizar, à luz da mesma lógica, a economia das regiões mais desfavorecidas?...
- Quais as apostas de discriminação positiva que foram levadas a efeito, através da política fiscal ou através Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal para incentivar o desenvolvimento económico dessas regiões, e fazê-las convergir com o todo Nacional?...
Contrariamente, aquilo a que fomos assistindo, foi a uma concentração dos investimentos do estado, e dos apoios aos investimentos privados nas regiões do litoral, e de entre estas nas que se situam na grande Lisboa e no grande Porto, numa política concentracionita, que tem a sua expressão máxima no actual governo actual, (é exemplo da mentalidade reinante a referências ao “deserto”), cuja política deixou de ser a de simplesmente não apoiar o desenvolvimento destas regiões, não apostar nele e não o promover, para consistir na destruição sistemática da sua fraca economia, encerando alguns organismos públicos, e esvaziado progressivo de todos os outros, contribuindo desta forma, directamente para a desertificação, e indirectamente para dificultar o desenvolvimento e a instalação de empresas privadas.
Não adianta criticar, pois este governo é completamente surdo a qualquer crítica.
A esses donos da verdade, e com os seus próprios argumentos deixo uma pergunta que sei que não vai ter reposta:
- Que diria o Senho Primeiro Ministro se a Comunidade Europeia resolvesse retirar de Portugal a Agência Europeia para a Segurança Marítima, argumentando que Portugal apenas tem costa Atlântica, para a passar para Espanha, que tem também costa Mediterrânica, ou o Observatório Europeu para a Droga e a Toxicodependência, com o argumento que Portugal tem pouca população para observar, pode perfeitamente ser observada por uma agência situada do outro lado da fronteira (Como as Grávidas de Elvas)?...
António Venâncio
Quarta-feira, 22 de Agosto de 2007
Gostava hoje de escrever sobre o mais recente horror que para mim não é assim tão horrível como tudo isso e que se trata da envolvente ao Aqueduto das Amoreiras.
Vejamos então: não entendi ainda onde é que está o problema da envolvente norte. Quer-se dar destaque ou não ao monumento? Sim? Então onde está o problema? Não consigo encontrar nenhuma aberração na intervenção feita: discreta quanto baste, utilização de materiais e técnicas actuais e de geometria elegante. Se há pessoas que não gostam, mais uma vez vamos parar à questão do gosto pessoal.
Relativamente ainda à envolvente norte, será de verdade um horror voltar para aquele local o mercado. Isso sim seria para mim um filme de terror.
Em relação à envolvente sul, aí há vários pontos a discutir. A saber:
1 – A rotunda. Ora bem, para mim esta não é bonita nem feia, mas sim a possível. É a rotunda que se tem que adaptar às vias e tráfego existentes e não o contrário. Portanto …
2 – Iluminação da rotunda. Os postes que foram colocados de bonitos não têm nada, mas, não vejo que estes obstruam (?) a visão dos Arcos. Poderiam ser mais baixos? Talvez. Poderiam ser de outro tipo? Talvez. Mas até agora não ouvi ninguém dizer que estes ou aqueles ficavam melhores ou que colocados de outra forma ficariam mais bonitos!
3 – Iluminação dos Arcos. A actual é um horror em todos os sentidos, mas como presumo que irá ser alterada, vou esperar para ver. Um horror são também aquela molhada de fios e cabos que passam na frente. Espero que haja o bom senso de os enterrar!
4 – O mini olival em frente à ESDSII. Se já não gostava daquelas velhas arvores junto ao Aqueduto, muito menos gosto daquele triangular olival. Só se for para os turistas verem o que é uma oliveira e uma azeitona. É incompreensível a existência de tal “jardim”. Ora a Câmara muito bem o podia comprar e transformar o dito numa zona ajardinada. O dono do dito não o quer vender! Pois bem: exproprie-se e assunto arrumado. Penso eu que já alguém terá pensado numa solução.
Em relação à envolvente leste, penso haver um plano de intervenção para o local. Esperemos também para ver.
Resumindo: mais um “não horror”
Jacinto César
Terça-feira, 21 de Agosto de 2007
Depois de ontem ter escrito sobre dois não horrores sob o meu ponto de vista, hoje gostava de escrever sobre não horrores, mas sobre atentados.
1º atentado - Sei que muita gente pensa que a 1ª Câmara de Elvas se situava onde hoje se encontra o Centro Cultural na Praça da Republica. Mas não! A 1ª Câmara de Elvas (administração) ficava situada no actual Largo do Salvador. Aí se situava também uma Igreja cujo nome não me ocorre agora (e por preguiça não vou rebuscar os meus papéis), o mercado diário e o 1º pelourinho. Sem mais nem menos. Um dia contarei aqui os desaguisados entre o “regedor” da época e o padre da referida Igreja e as “peixeiradas” com os mercadores.
Mas não é sobre isto que quero falar mas sim do edifício da Câmara que é nem mais nem menos do que aquele que se parece com um WC. Pois é, o edifício coberto de mosaicos azuis que se encontra no Largo do Salvador. Alguém alguma vez se pronunciou sobre tal horror, que para mim é um verdadeiro atentado? É simplesmente vergonhoso que alguém tenha permitido tal ou se não permitiu que não tenha obrigado a quem o fez que o desmanchasse.
2º atentado - Este atentado apesar de ser mais moderno, começa a desenhar-se há muitos anos. Onde se encontra o actual (ex) BNU, ficava situada a Igreja do Nosso Senhor dos Bens Casados. Sei que esta esteve em ruínas muitos anos. Mas em lugar de se recuperar resolveu-se deitá-la abaixo para construir o referido edifício. O problema é que atrás da Igreja veio também abaixo o Arco do Relógio (o verdadeiro) e o pano de muralha (2ª cerca) que ia da antiga Setubalense até ao horror que é o prédio chamado “mata-gatos”. Esse pano de muralha ligava a actual “Torre Fernandina”, passa pelo interior do edifício da PSP, foi interrompido com o horror da CGD, continua pelo interior da Casa da Cultura e terminava na torre seguinte que se situa no Arco da Senhora da Encarnação. Uma das portas deste troço de muralha é o Arco do Relógio ( o moderno) e a outra a que destruíram e que atrás citei.
Para completar todo este horror nasceu então (antes tivesse sofrido de IVG) o celebérrimo prédio Mata-gatos. Horror, aquilo? Qual quê, aquilo foi atentado!
Para estes dois HORRORES dois remédios.
1º remédio - para a antiga Câmara obrigar o proprietário a deitar abaixo os “enfeites” do tipo casa de banho.
2º remédio – para o prédio Mata-gatos a Câmara Municipal comprava os dois últimos andares e derrubava-os. Sei que quem lá vive deve ter umas vistas esplêndidas, mas para o bem comum …. ABAIXO!
Amanhã continuarei com os Horrores.
Jacinto César
Segunda-feira, 20 de Agosto de 2007
Já que está na moda falar-se das maravilhas e horrores de Elvas e porque o nosso colega Zé de Mello levantou a questão num inquérito no seu blog, então falemos.
Antes de falar propriamente disso gostaria de falar aqui um pouco conservação e restauro de património. Há fundamentalmente três teorias ou escolas sobre a conservação e restauro de património.
A mais curiosa de todas é a inglesa que diz que tudo, nasce, cresce e morre. E é baseado nesta teoria que surgem as célebres ruínas de castelos ingleses: se caiu mais uma pedra, onde caiu aí fica! É a morte que vem aos bocados. Há quem conteste, mas é uma corrente de opinião.
Os nossos vizinhos espanhóis utilizam outra técnica e que se baseia na substituição da peça em falta por uma igual e do mesmo material, sendo esta assinalada como sendo falsa. São os chamados pastiches cujo exemplo mais próximo é o Teatro Romano de Mérida. A maioria das colunatas não são originais. Foi por isso que o nosso IPPAR chumbou a reconstrução da Ponte da Ajuda.
Uma outra teoria é a substituição da peça ou do material dum objecto por outro material totalmente diferente. O caso mais comum é o usado em porcelanas antigas nas quais faltam pedaços e que são substituídos por uma outra matéria normalmente de cor branca ou cinzento neutro. É precisamente esta técnica que vai ser utilizada na reconstrução da referida Ponte da Ajuda. Onde faltam as pedras é colocado cimento. Ficamos assim com uma noção do que era o conjunto (neste caso a ponte completa), mas num material visivelmente diferente.
Depois desta introdução falemos então dos tão badalados horrores.
1 – Praça da Republica - Prédio do BES.
Não querendo de modo algum entrar em polémica com alguém e admitindo sem problema algum o gosto de cada, para mim é um “não horror” e por vários motivos. A mim ensinaram-me que para detectar um “horror”, poderíamos utilizar a seguinte técnica: coloquemo-nos no centro do tabuleiro da praça. Rodemos sobre nós próprios 360 graus com um movimento relativamente rápido e constante. O que é que nos chama a atenção? A Sé sem a menor dúvida. Significa isso que a nossa vista não encontrou nada de anormal a não ser a Sé! Claro está que se pode aplicar o método em qualquer lado.
Em segundo lugar gostaria de recordar que antes de o referido prédio ser construído estava lá outro prédio, de maior volumetria onde funcionava o Banco de Portugal. Esse prédio era forrado exteriormente por mosaicos rectangulares, vidrados e de cor verde garrafa. Era um edifício antigo, mas esse sim um horror. O actual prédio e para quem está situado de frente para a rua dos Sapateiros, reparará que tem igual volumetria ao que está do outro lado da rua. Inclusive se repararem até as varandas superiores são semelhantes. Quanto aos materiais utilizados, aí já nada se pode fazer pois depende exclusivamente do gosto do arquitecto que o projectou. E quem sou eu (ou nós) para o fazer. Agora que não é nenhum horror urbanístico, lá isso não é, gostemos nós ou não.
2 – Parque de estacionamento subterrâneo – Praça da Republica
Pois bem, se há algum horror neste parque de estacionamento será somente pelo seu nome, já que de resto não vejo o porquê. O que normalmente se critica são os muretes laterais da entrada e da saída dos carros e a entrada do elevador. Pois bem, asneira seria ter feito o mesmo em alvenaria e depois pintados de branco ou ocre. Isso é que era simular uma construção que nunca existiu. Lá se os vidros ou acrílicos deveriam ser como são, se deviam ser vermelhos ou verdes ou pretos às bolinhas amarelas, mais uma vez estamos a discutir o gosto de cada um. Agora sobre o ponto de vista estético e sobre o ponto de vista de uma paisagem urbana protegida está correcto o que foi feito. Há inúmeros casos em Portugal e no estrangeiro da utilização de técnicas semelhantes, mesmo em cidades que em termos patrimoniais não têm nada a ver com Elvas. Quem tiver dúvidas diga que eu apresentarei fotografias de outros casos. Ainda para quem tiver mais dúvidas fale com qualquer arquitecto cá de Elvas.
Há muitas aberrações na nossa cidade, mas estas duas não o são certamente. Amanhã se estiver bem disposto continuarei a escrever das maravilhas e horrores de Elvas.
Jacinto César