Como já não sou propriamente uma criança, recordo-me com algum saudosismo, do antigo PPD de Sá Carneiro e do CDS de Freitas do Amaral. A pujança destes partidos foi fundamental para a estabilização da democracia em Portugal e o carisma dos seus líderes transmitia-nos confiança e “conforto”. É também indiscutível que nesses tempos “gloriosos” do PREC o Partido Socialista também foi fundamental na “batalha” contra a vermelhidão que à força nos queria dominar. Mas detenhamo-nos no PSD.
Todos sabemos que a perca do seu líder nesses tempos foi trágica para o partido e que nunca mais se endireitou até Cavaco Silva ter chegado ao poder, tendo passado por momentos conturbados, mas nada parecidos com o que actualmente se passa. É a morte lenta.
A sucessão de líderes em tão pouco tempo tem provocado guerras intestinas nunca vistas e mesmo inimagináveis. A guerra pelo poder é cada vez mais feroz e os “barões” assistem ao festim com um ar de quem não é culpado de nada. Viram a cara para o lado e assobiam como se nada tivesse a ver com eles, quando em minha opinião, têm sido precisamente estes os grandes culpados. Eles não estão no poder, mas continuam a ter mais poder que os próprios líderes têm. Vão corroendo o partido por dentro até à destruição. Por vezes até dão a sensação de estarem enfeudados ao PS e ao PP. Estes últimos por si só, não conseguiriam fazer melhor “serviço”.
Quando vejo os comentários feitos por Marcelo Rebelo de Sousa na RTP, vejo nele uma pessoa que tem tanto de inteligência como de hipócrita. Ele bem vai empurrando para a fogueira este ou aquele conforme as conveniências, mas sempre pronto para o assalto, o que, se de facto vier a acontecer, será um regresso ao passado.
Toda esta situação para mim é preocupante, já que acredito que não passaremos muito tempo sem eleições antecipadas e os principais beneficiários serão o PS e o PP.
A subida desmesurada destes dois últimos em futuros actos eleitorais não será muito benéfica porque de modo algum convém que o PS volte às maiorias absolutas e o PP não tem quadros em quantidade para suportar uma subida significativa de eleitorado.
Os tempos que se vizinham para o PSD são trágicos na minha perspectiva, e não se vê uma luz ao fundo do túnel da estabilidade. Vai ser um grande enterro e um enterro em grande. Vai ser o salve-se que puder. Sócrates vai rir-se daquela forma que alguns ainda se lembrarão do cão “Polgoso” que se ria com um ar cínico quando fazia uma partida a alguém. Pudera, eu se estivesse no seu lugar também me ria. O estrondo vai ser tremendo!
Jacinto César
Blogs de Elvas