Imaginemos a seguinte situação: eu sou um grande mafioso e dedico-me ao tráfico de droga. A polícia já anda a desconfiar de mim e através de uma ordem judicial põe-me os telefones sob escuta. Um dos meus sócios no negócio é o primeiro-ministro do qual a polícia não desconfia e nem lhe passa pela cabeça que esteja envolvido num negócio destes. Um belo dia telefono ao PM para discutir um “negócio”. A chamada é interceptada. A PJ faz um inquérito e envia à Procuradoria-geral da República, que dado envolver o PM reencaminha para o Supremo Tribunal de Justiça, como manda a lei. Como a escuta tinha sido pedida para mim, esta, torna-se nula em virtude de o PM estar envolvido, já que para escutar o PM é necessária autorização do STJ. Resumindo, estou safo porque tenho como sócio o PM.
Perante tal facto, onde mora a justiça em Portugal?
Não quero com tudo isto dizer que o PM está envolvido no processo Face Oculta como está o seu amigo do peito Armando Vara. Eu sempre ouvi dizer que “à mulher de César não basta ser séria como precisa parecer”. Ora neste caso fica-nos sempre a dúvida se o PM é sério ou não, dúvida essa que é legítima.
Segundo a lei, depois do Supremo tomar a decisão, as provas, ou seja, as cassetes com as escutas são destruídas, o que inviabiliza num futuro o retomar do processo.
Todos nós sabemos como é Sívio Berlusconi. Um trafulha todos os dias. No entanto uma comissão de inquérito do Parlamento Italiano analisou o caso e o Parlamento retirou-lhe a imunidade e vai ser julgado. E eu a pensar que os italianos eram os reis da mafiosice. Por cá as coisas são bem piores.
Estamos a caminhar a passos largos para a “africanização” do nosso país.
PS – Os comentadores do costume não vale a pena incomodarem-se a dizer que eu tenho um ódio de estimação ao PM, que me anda a tramar por causa da avaliação dos prof’s e que ganhou as eleições. Já conheço a lenga-lenga. De uma coisa podem ter a certeza, é que se tivessem feito um décimo do que fez Sócrates, a esta hora já estavam a ver o sol aos quadradinhos.
Jacinto César
Queridos comentadores
Cada vez gosto mais dos vossos comentários. Eu nem sei bem o que seria deste blog sem vocês.
É mais que evidente que nutro um ódio profundo pelo também nosso tão querido PM. Reparem que lhe estou a chamar querido tal como aos comentadores, já que os tenho em igual consideração. Cada povo tem os governantes que merece e os meus caros comentadores não merecem melhor.
É também claro como a água que não quero ser avaliado “nem à lei do cacete” e como tal tenho que “desmontar” do cavalo do poder José Sócrates seja lá como for.
Fica-vos muito bem defender a corrupção que vai no nosso país, até porque se calhar quem escreve assim também está a mamar na teta.
Com os meus cumprimentos
Jacinto César
Caro Jacinto
Ao que parece não és só tu ou eu, uns perfeitos analfabetos nestas questões, a pensar que algo está mal. Acabo de ouvir no noticiário das oito da noite que há muitos juristas que entendem que não havia motivo para a nulidade da certidão porque quem estava sob escuta não era o Primeiro Ministro mas o seu amigo Armando Vara, não tendo, portanto sido cometida qualquer ilegalidade nas escutas.
Aliás se eu estivesse no lugar do cidadão José Sócrates Pinto de Sousa, teria hoje mesmo dirigido uma carta ao Supremo Tribunal de Justiça, solicitando a admissão para investigação da certidão em causa , e que a investigação da mesma fosse o mais célere e aprofundada possível, pois não quereria que persistisse qualquer dúvida relativamente ao meu bom nome apenas porque, por uma questão de forma, uma qualquer situação não tinha sido investigada.
Mas claro, isso era se fosse eu!...
António Venâncio
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