Ainda parece que foi ontem que todos vimos a felicidade dos berlinenses de leste ao atravessar o malfadado muro que dividia a grande Berlim desde 1961. Lembro-me como se fosse hoje, aqueles abraços de irmãos separados, o choro de famílias divididas, a curiosidade daqueles infelizes a passearem-se pelas ruas do lado ocidental.
O que é certo é que veio abaixo devido à coragem de muita gente, principalmente de polacos e húngaros.
Só que mais muros existem e ninguém se lembra deles. Os irlandeses do norte continuam divididos devido à intolerância religiosa, os palestinianos continuam separados dos israelitas dada a intolerância política e os mexicanos dos americanos pelo vil metal. E assim anda o mundo.
Mas se muros físicos há, outros bem piores continuam a existir, mesmo entre nós portugueses. Continuamos a ver pessoas com acesso à saúde de luxo e outros á “saúde” que por esmola lhes vão dando, continuamos a ver muros que separam os “Belmiros de Azevedo” dos que recebem uma reforma miserável, continuamos a ter muros que separam os portugueses no acesso à (in)justiça, continuamos a ter muros e muros e muros em todo o lado.
Era necessário que houvesse a coragem daqueles homens e mulheres que deitaram abaixo aquele que se tornou o símbolo de todos os muros. Assim houvesse também vontade para isso.
E já passaram 20 anos. Quantos mais serão necessários para os derrubar a todos?
Jacinto César
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