Afinal enganei-me
Em Novembro do passado ano de 2008 escrevi uma carta aberta ao Dr. Simão Dores e que passo a transcrever.
Carta aberta ao Dr. Simão Dores
Caro Doutor
Não tenho o prazer de o conhecer, mas calculo que um dia destes nos iremos cruzar por aí.
Estou-lhe a escrever depois de ter lido a sua entrevista ao jornal cá da terra. Ficaram-me muitas dúvidas sobre os seus reais objectivos ao presidir a uma associação dita cívica. Vai-me perdoar, mas não posso acreditar integralmente no que disse. E as dúvidas com que fiquei foram as mesmas que muitos conterrâneos nossos ficaram também.
Presumo que já leu ou já lhe fizeram chegar a minha posição crítica em relação à referida associação e como tal já deve saber o porquê. No entanto volto a dizer-lhe qual o motivo das minha reticencias. Tenho uma opinião desfavorável em relação à ADE pelo facto de esta estar a servir de rampa de lançamento da sua candidatura à presidência da câmara, o que é totalmente legítimo como também estou farto de dizer.
O problema que vejo não está na candidatura mas o processo meio encapotado para a lançarem. Mas muito bem, foi essa a estratégia que entenderam como correcta e contra factos não há argumentos. Mas não era esta a dúvida que tinha. Então é assim: imaginemos que o senhor ganha as eleições (o que é possível). A dúvida que me surge, é como é que o senhor vai compatibilizar as várias tendências do movimento que o apoiou? O senhor já reparou que o dito movimento é uma aliança contra natura, que tem elementos que vão da extrema-esquerda à direita?
Vamos continuar a admitir que ganhou as eleições. Como será a sua relação com os seus vereadores eleitos, se depois cada um quiser puxar a brasa à sua sardinha?
Eu sei que todos eles irão jurar por todas as alminhas que terão um comportamento independente e que pensarão somente no bem da nossa cidade. Mas o senhor acredita nisso? Basta ver o que aconteceu com a anterior coligação concorrente à câmara e eram só dois partidos, que ainda por cima têm muitas afinidades. Foi tão eficaz que o único vereador eleito acabou por desertar para o “inimigo”.
Vai-me desculpar mais uma vez, mas não acredito numa tão ampla coligação. Mais cedo ou mais tarde a clubite virá ao de cima e aí teremos o senhor aos “papéis” tentando conciliar o inconciliável.
Acredito sinceramente nos seus bons propósitos. O que não acredito é na amálgama política que o vai apoiar. Com a idade que tenho já vi muita coisa na vida e quero crer que o senhor também. Só não sei é como é que vai cair numa confusão destas.
Que tenha sorte!
Hoje quando abri o Linhas de Elvas deparei-me com notícias que me fizeram reler a carta transcrita e cheguei à conclusão que afinal me tinha enganado redondamente. Afinal as desavenças políticas não se deram depois de uma possível vitória do Dr. Simão Dores, mas logo na formação das listas. Que erro infantil que cometi. Como foi possível não ter adivinhado aquilo que para mim deveria ter sido evidente? De resto foi tudo como previ noutros escritos anteriores a este.
No fim disto tudo eu sei quem se vai rir. Não adivinham? Oposição fragmentada em 3 candidatos mais o eterno Manuel António Torneiro, ou seja 4 contra um do qual resultará, para quem fizer as continhas, um
Chama-se a isto o suicídio político colectivo.
Jacinto César
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