Toda a minha vida e talvez por os meus pais terem sido pobres, habituei-me a ver comprar e vender coisas em segunda mão. Ainda hoje é uma prática, não tão corrente como dantes, mas ainda presente na nossa sociedade. A sociedade de consumo a que nestas últimas décadas nos habituámos, faz com que usemos e deitemos fora coisas que por vezes estavam mais que boas. Faço aqui o “mea culpa” porque sofro do mesmo problema, mesmo que por vezes a consciência me fique algo pesada. Compra-se novo porque é mais bonito ou está mais na moda ou simplesmente porque estamos fartos de ver o mesmo “tareco” todos os dias.
Isto tudo vem a propósito da iniciativa da câmara em recolher o produto desses “luxos”, recupera-los e entregá-los a quem mais necessite. Não digo que seja uma função do executivo municipal pois parece-me ser mais próprio de uma organização de solidariedade social. Mas entende-se.
O que não consigo entender é a posição do dirigente do CDS/PP local, Tiago Abreu, ser contra e dizer que é humilhante para a dignidade dos cidadãos o receber este “lixo”. Este nosso político vive na verdade num mundo diferente do comum dos cidadãos. Nunca soube e nem sabe o que são necessidades (espero do fundo do coração que nunca chegue a saber). Então será que é humilhante uma pessoa receber uma televisão boa porque comprou um LCD último modelo? Ou receber um frigorífico porque o que tínhamos se tornou pequeno?
È por esta e por outras parecidas que por vezes me pergunto o que seria dos elvenses com um presidente deste género. Falar forte e alto pode ser apanágio de quem é corajoso, o que não quer dizer que não se digam asneiras.
“Caro Tiago”, o senhor pode fazer muito barulho, pode ser muito corajoso nas suas intervenções públicas, pode até ter razão em algumas coisas que diz, mas acaba por perder a credibilidade com tiradas deste tipo. Baixe lá desse seu pedestal de ouro e olhe à sua volta, fale com os necessitados, veja como muitos dos nossos concidadãos vivem e depois então “debite” lá o seu discurso.
Como deve saber pode responder como quiser, ou seja, por si ou por terceiros anónimos que eu publicarei SEMPRE.
Jacinto César
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