Caro José Júlio, o assunto que aqui trago hoje, já foi largamente debatido nas tertúlias habituais das cinco da tarde, no entanto, dado o que se tem dito(e principalmente escrito) nestes últimos dias, considero ser a altura ideal para expor publicamente um ponto de vista que tu conheces, e que se outro mérito não tiver, servirá para lançar o debate.
Quero antes de mais deixar claro que não sou de todo contra as coligações, desde que as mesmas assentem em primeiro lugar, na convergência de projectos claramente definidos, coerentes entre si e relativamente aos quais se tenha uma noção, ainda que aproximada, da aceitação de cada um deles por parte do eleitorado, em é necessário que se defina uma estratégia comum, e que essa estratégia seja respeitada pelos partidos que fazem parte dessa coligação, por último é necessário que se constitua uma equipa coesa, com as competências necessárias para levar a cabo esse projecto conjunto.
Partindo desse pressuposto, vou passar a explicar quais os motivos que me levam a defender que o PSD Elvas não deveria apresentar-se em coligação às próximas eleições autárquicas:
1º Dado o número de actos eleitorais consecutivos em que o PSD se tem apresentado coligado, não tem havido oportunidade para que o partido defina o seu projecto para o concelho e o apresente aos militantes. Pelo que, neste momento, ninguém em Elvas conhece esse projecto e qual o contributo do PSD para o projecto conjunto de uma possível coligação.
2º Pelo mesmo motivo, não há uma noção, ainda que aproximada, da aceitação que possa existir por parte do eleitorado dos projectos quer do PSD quer do outro ou outros partidos que eventualmente viessem a fazer parte da coligação, para permitir chegar a um projecto comum assente na proposta com maior aceitação, e que congregasse os aspectos positivos da outra ou outras que com ela não colidissem.
3º Relativamente à estratégia, pelo que se tem verificado neste último mandato, a que tem sido utilizada pela coligação tem-se revelado desadequada. A isto acresce que o actual líder do CDS/PP Elvas não se coíbe de desenvolver estratégia própria, tentando, e por vezes conseguindo, levar a reboque o PSD, em total divergência daquilo que deve ser uma coligação. Tal situação leva-nos a supor difícil o estabelecimento de uma estratégia comum, e que caso fosse definida, que a mesma viesse a ser respeitada por todas as partes.
4º Finalmente, e dada a actual liderança do CDS/PP Elvas, não nos parece fácil a formação de uma equipa coerente, em que sejam privilegiadas as competências necessárias à realização de um projecto, em detrimento das necessidades de protagonismo já evidenciadas.
Porque uma coligação deve ser um meio de realizar um projecto e não um fim em si mesmo nascido do voluntarismo dos líderes partidários, entendo amigo José Júlio que não estão reunidas as condições para uma coligação autárquica à direita do PS em Elvas.
António Venâncio
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