Ontem escrevi sobre o tema, mas devo confessar que fiquei irritado com as notícias que foram postas a circular pelo Ministério da Educação sobre os resultados dos exames aos professores e principalmente ao porem em evidência os erros ortográficos dados por estes na prova. E porque é que tal notícia me deixou irritado? Porque esta tem objectivos muito claros e serve para muita gente lavar as mãos de um problema bem mais profundo e que é a EDUCAÇÃO.
Os primeiros a lavar as mãos e a consciência são os pais dos alunos que aproveitam a oportunidade de arranjar um bode expiatório para espiar as suas culpas na educação dos seus rebentos, apontando o dedo aos professores e assobiando para o lado como nada disso lhes dissesse respeito. Só quem andou por "lá" muitos anos é que sabe o estado em que as crianças chegam à escola e o acompanhamentos que os seus progenitores lhes fazem ao longo da vida escolar. Não sabem o que se passa com os filhos, não querem saber e quando algo de anormal se passa lá estão eles de dedo apontado sempre ao mesmo camelo que até nem sabem distinguir uma preposição de um verbo. "Grandes malandros, é por culpa deles que o meu filho está como está". "Foram os professores e as más companhias que fizeram do meu filho a desgraça que é".
Os segundos a lavar as mãos são os políticos de há muitos anos atrás e de vários governos, que aos poucos têm descredibilizado a nobre profissão de ensinar. Com estes conflitos constantes vão arrastando a educação para o abismo em que já se encontra. É o tira e põe todos os anos, são as regras que mudam constantemente, é a burocracia em que afundam as escolas, para já não falar numa legislação que ninguém entende. E tudo isto para quê? Para podermos mostrar lá fora NÚMEROS.
Num universo de muitos milhares de professores, acredito, como sempre acreditei, que há maus professores, há professores razoáveis e há bons professores. Isto passa-se com os professores como se passa com todas as classes profissionais. Agora o que é anormal é através de notícias muito bem encomendadas, fazer passar a ideia para a população de que a generalidade são uns incompetentes. Eu ao ter razão de queixas, por exemplo de um funcionário das finanças, não posso passar a ideia de que todos são fruta da mesma árvore.
Mas enfim, esta é a realidade. Só que eu mesmo estando já fora do sistema não me posso conformar.
Amanhã ainda vou continuar com o tema.
Jacinto César
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