Não tenho o prazer de o conhecer, mas calculo que um dia destes nos iremos cruzar por aí.
Estou-lhe a escrever depois de ter lido a sua entrevista ao jornal cá da terra. Ficaram-me muitas dúvidas sobre os seus reais objectivos ao presidir a uma associação dita cívica. Vai-me perdoar, mas não posso acreditar integralmente no que disse. E as dúvidas com que fiquei foram as mesmas que muitos conterrâneos nossos ficaram também.
Presumo que já leu ou já lhe fizeram chegar a minha posição crítica em relação à referida associação e como tal já deve saber o porquê. No entanto volto a dizer-lhe qual o motivo das minha reticencias. Tenho uma opinião desfavorável em relação à ADE pelo facto de esta estar a servir de rampa de lançamento da sua candidatura à presidência da câmara, o que é totalmente legítimo como também estou farto de dizer.
O problema que vejo não está na candidatura mas o processo meio encapotado para a lançarem. Mas muito bem, foi essa a estratégia que entenderam como correcta e contra factos não há argumentos. Mas não era esta a dúvida que tinha. Então é assim: imaginemos que o senhor ganha as eleições (o que é possível). A dúvida que me surge, é como é que o senhor vai compatibilizar as várias tendências do movimento que o apoiou? O senhor já reparou que o dito movimento é uma aliança contra natura, que tem elementos que vão da extrema-esquerda à direita?
Vamos continuar a admitir que ganhou as eleições. Como será a sua relação com os seus vereadores eleitos, se depois cada um quiser puxar a brasa à sua sardinha?
Eu sei que todos eles irão jurar por todas as alminhas que terão um comportamento independente e que pensarão somente no bem da nossa cidade. Mas o senhor acredita nisso? Basta ver o que aconteceu com a anterior coligação concorrente à câmara e eram só dois partidos, que ainda por cima têm muitas afinidades. Foi tão eficaz que o único vereador eleito acabou por desertar para o “inimigo”.
Vai-me desculpar mais uma vez, mas não acredito numa tão ampla coligação. Mais cedo ou mais tarde a clubite virá ao de cima e aí teremos o senhor aos “papéis” tentando conciliar o inconciliável.
Acredito sinceramente nos seus bons propósitos. O que não acredito é na amálgama política que o vai apoiar. Com a idade que tenho já vi muita coisa na vida e quero crer que o senhor também. Só não sei é como é que vai cair numa confusão destas.
Que tenha sorte!
Jacinto César
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