"O PS governa à esquerda e de acordo com as possibilidades que tem de governar à esquerda".
Publicada no passado dia vinte e seis no corrente mês, a reacção do PS através do seu porta-voz, ás declarações do Dr. Mário Soares, vem por uma vez admitir toda a fragilidade dos “ideais de esquerda”, quando se trata de governar.
Uma ideologia política só faz sentido se tiver aplicabilidade na governação, permitindo, quaisquer que sejam as circunstâncias, percorrer o caminho da melhoria das condições de vida das populações e do desenvolvimento do país. Uma ideologia que só pode ser aplicada se para isso houver “possibilidades”, não tem condições para resolver os problemas do país, limita-se a esperar (na sombra) que outras ideologias os resolvam, para surgir à luz do dia apenas em tempos de vacas gordas, não é uma solução de governação. Esta afirmação é, no fundo, a confirmação de algo toda a gente sabe, com muito dinheiro é fácil governar, e é até possível esbanjar, hipotecando o futuro.
No mesmo comentário, o Dr. Vitalino Canas, diz ainda “À medida que os problemas forem sendo ultrapassados, é claro que a dimensão à esquerda poderá ser mais visível isso virá com o tempo".Qual será este tempo?... Não será por ventura o período pré eleitoral?... Não "descobriremos" nessa altura que a crise passou "miraculosamente" e que, de um momento para o outro se podem aplicar medidas "de esquerda", que não passam de despesismo inconsequente, para satisfazer as clientelas eleitorais?...
Revela ainda, esta afirmação, um total desprezo pelas regras da economia, segundo as quais, as medidas a desenvolver pelos governos devem ser anti-cíclicas, isto é, medidas de emagrecimento do estado, contenção das despesas e reprogramação do financiamento do estado social, quando uma economia em crescimento, permite acomodar os custos destes processos, sem que o peso no bem estar social seja excessivo, e provoque um empobrecimento da população e uma descapitalização das pequenas empresas, disponibilizando desta forma meios a serem utilizados pelo estado, quer na dinamização da economia quer no apoio social, quando a crise o exige.
Em suma segundo Vitalino Canas a ideologia de esquerda revela-se incapaz de uma estratégia que seja determinante no caminho a trilhar, andando a reboque do ciclo económico, mantendo-se "adormecida" quando o ciclo é desfavorável, para aparecer em todo o seu esplendor despesista em tempo de vacas gordas, ou quando, em véspera de eleições se "decreta" o fim da crise
Temos pois uma ideologia, a acreditar nas suas palavras, da qual não se pode esperar uma estratégia consequente de médio e longo prazo, pois só é aplicável aos bons momentos da economia., e que terá de ser abandonada sempre que a conjuntura seja desfavorável.
Esse tipo de ideologia, no fundo.
António Venâncio
De Rasputine a 28 de Novembro de 2007 às 15:40
"Temos pois uma ideologia, a acreditar nas suas palavras, da qual não se pode esperar uma estratégia consequente de médio e longo prazo, pois só é aplicável aos bons momentos da economia., e que terá de ser abandonada sempre que a conjuntura seja desfavorável.
Esse tipo de ideologia, no fundo."
Daí depreenderá a perversidade destes e outros ditos "esquerdistas" !!!
Esquerdas e direitas só mesmo para ingénuos. Ou não tinha reparado? Mais uma descoberta da pólvora!
De António Venâncio a 29 de Novembro de 2007 às 14:58
Caro Rarputine
"Esquerdas e direitas só mesmo para ingénuos" diz o amigo e eu estou completamente de acordo. Só é pena que o tema do post não fosse esse, mas o facto de um partido, que por acaso(para nossa desgraça), se encontra no poder, vir reconhecer pela boca do seu porta-voz, quer a ideologia subjacente ao seu programa, só é aplicável em situação de abastança. Que o mesmo é reconhecer que a sua governação nestes tempos de crise, não se baseia na matriz ideológica que defende, e como tal ou está a seguir uma ideologia alheia, ou a aplicar medidas avulsas, sem uma ideologia que lhes dê fio condutor e as torne coerentes. Sabemos nós que assim é de há muito, a novidade é que o venham reconhecer.
De besta do povo a 1 de Dezembro de 2007 às 14:21
Quando se diz esquerda, temos que saber onde esta o centro, só a partir daí, poderemos situar o PS de Sócrates.
Para mim, ele seguiu o mentor, não foi o Soares que meteu o Socialismo na gaveta? Ele (Sócrates) fechou a gaveta à chave.
O verdadeiro responsável é a classe média que o elegeu e continua a dar indicações de que quer mais do mesmo, com a desculpa que os outros são piores,
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