Seria ainda adolescente ou já adulto ainda jovem, fui “arrastado” com o meu Pai para uma reunião no antigo Cinema S. Mateus.
O promotor da reunião ao que me lembro foi Manuel António Torneiro.
O objectivo da reunião era o de reunir sinergias para a constituição de uma empresa cujo capital social seria subscrito pelos próprios elvenses.
O resultado final foi o de sempre em Elvas: nada!
Como é sabido por todos ou quase todos, sou professor na Escola Secundária, escola que neste momento está em ampliação e requalificação. Não sei quantas pessoas ali trabalham, mas são muitas. E o que é que é estranho na referida obra? Os trabalhadores. E porquê? A maioria são estrangeiros. Sou eu que sou tonto ou diz-se por aí que há falta de trabalho em Elvas? Não, trabalho há! Empregos é que não! Mas passemos à frente.
E se se fizesse renascer a ideia de Manuel António? Que ninguém me venha dizer que em Elvas não há dinheiro suficiente para por uma empresa de pé e que aqueles que avançassem com o dinheiro seriam os accionistas, pois não acredito. Então onde é que vejo o problema para que tal ideia tivesse êxito? É que, tal como no comércio, cada um gosta muito de ser dono da sua capelinha. Associativismo? Que é isso?
Em tempos que já lá vão, era proprietário conjuntamente com uns familiares meus de uma quinta, quinta essa que tinha
Sei que talvez seja utópico, mas não seria relativamente fácil entre todos os elvenses arranjar umas centenas de milhares de euros e investi-los na sua própria terra e em benefício dos seus filhos? Será que a Câmara Municipal não ofereceria os terrenos necessários para tal fim? Acredito que sim! Será que em Elvas não há pessoas qualificadas para por um projecto destes de pé? Acredito que sim!
Então se há pessoas, se há terreno e se há dinheiro, o que é que faz falta para sermos nós próprios a arranjar um emprego para os elvenses que necessitam dele? Nada! Faz falta “convencermos” alguém de fora a investir em Elvas. Vamos esperar sentados à espera de um milagre!
Jacinto César
Fiz uma proposta, o que não significa que não muitas outras soluções. Há no entanto uma grande quantidade de “não soluções”. Vejamos então.
1 – Elvas tem um problema muito grave e de difícil resolução. Trata-se da “fronteira” entre o Centro histórico e o resto da cidade. A cintura de muralhas constitui um obstáculo á circulação das pessoas. Por muito bons estacionamentos que haja, obriga sempre as pessoas a deslocarem-se de carro ou transportes públicos, o que não fazem, a não ser por um motivo muito forte.
Tomemos como exemplo o que se passa na vizinha cidade de Portalegre. Situemo-nos no Semeador. Com a maior das tranquilidades vamos pela Rua do Comércio abaixo até à zona do hospital sempre “dentro” da cidade. Não há obstáculo algum entre a parte “velha” e a “nova” da cidade. Facilmente as pessoas circulam entre as duas zonas sem darem por isso. E em Elvas? Bem, tomo-me a mim como exemplo. Que motivos tenho eu para ter que me deslocar ao centro? Nenhumas ou quase nenhumas. Tenho aqui à porta de casa tudo o que me faz falta no dia a dia. Quanto a factos não há argumentos.
2 – Fala-se muito no património. Quanto a mim, este não faz milagres, já que, por muitos turistas que o visitem, a cidade não está preparada para os receber. Veja-se por exemplo o número de restaurantes e hotéis situados no centro e o número dos que ficam na periferia. É completamente desajustado para o fim que se pretende. Receber turistas e tratar deles não é a tarefa fácil que muitos pensam. Não é trazê-los, dizer-lhes meia dúzia de tretas, sacar-lhes o maior número de euros e “voilá”. Muita gente que fala sobre este assunto não faz a mínima ideia do que estão falando, incluindo a própria Câmara Municipal. Já aqui alertei para o facto desta ter que incluir nos seus quadros de técnicos pessoas capazes de tal tarefa, coisa que até agora tem sido feita por amadores. E sobre este tema não gostaria de dizer mais porque estou farto de bater na mesma tecla e tudo continua igual. Não há património que resista.
3 – Há a noção que promovendo animação no centro histórico, as pessoas para lá se deslocam. Santa ingenuidade. Por mais eventos que ali se produzam, quem é que mexe um pé para assistir a tais eventos? Meia dúzia de pessoas a que se juntam os espectadores “institucionais”.
Continuo a afirmar: nos tempos que correm as pessoas cada vez mais se isolam em casa já que são possuidoras de meios para passarem os tempos livres. Para saírem para a rua é preciso haver motivos de interesse fora do comum. Atente-se ao seguinte: nos meus tempos de menino onde estavam os motivos de brincadeira? Obviamente na rua. Éramos aos bandos e só à força voltávamos a casa. E agora? O que é que faz sair a rapaziada para a rua se têm em casa tudo? Com os adultos passa-se o mesmo.
Caros amigos, todos podem dar as suas opiniões, no entanto desconfio que não vai ser fácil dar vida ao Centro Histórico de Elvas. É lamentável! É verdade! Mas penso que infelizmente é inevitável. É só ver o que se passa noutras cidades e não só em Portugal como por esse mundo fora.
Jacinto César
O apelo foi-me feito pelo Luis Pedras ao qual fui sensível. Assim sendo, deixo-vos aqui algumas organizações que estão a fazer a recolha de fundos para tal efeito e os respectivos links.
Seja solidário e brinde com menos um copo a favor do povo haitiano.
http://www.cruzvermelha.pt/cvp_t/noticias/not_forma_donativo_haiti_180110.asp
http://www.ami.org.pt/default.asp?id=p1p8p354&l=1
http://www.slbenfica.pt/Clube/EmpresasSLB/FundacaoBenfica/hp.asp
http://www.tmn.pt/portal/site/tmn
http://www.medicosdomundo.pt/
http://www.caritas.pt/
http://www.bvs.org.pt/view/viewPrincipal.php
Jacinto César
Quando por qualquer razão nos deslocamos a qualquer cidade, invariavelmente passamos a um Centro Comercial. Não há volta a dar. Ou vamos dar uma vista de olhos pelos livros ou discos, ou vamos a um bar beber um café ou comer uma refeição ligeira, ou dar uma vista de olhos somente. Isto já aconteceu a todos e continua a acontecer.
Queiramos nós ou não, um equipamento deste tipo atrai sempre muita gente. Se ficar situado num centro histórico, é certo e sabido que o anima.
Um caso em tudo idêntico ao de Elvas é Coimbra. A última vez que lá estive, o centro, dava pena! Num sábado à tarde aquilo que tinham sido ruas com um movimento muito grande de pessoas (refiro-me à Rua Visconde da Luz, Rua da Sofia e Rua Ferreira Borges), estava completamente às moscas. Já não era a Coimbra que conhecia. Entretanto fui dar uma volta até ao novo Coimbra Fórum e deparei-me com uma autêntica multidão lá dentro. O problema é que este fica fora da cidade.
Em Elvas ou damos o passo nesse sentido ou mais dia, menos dia haverá alguém a fazer um fora de portas. Nessa altura teremos então a “estocada” final no centro da cidade.
Por muito que se queira, não são os turistas que fazem o movimento. Já tenho ido a centro ao domingo e há turistas a passear e a tirar fotografias. Só que não chega. O que é que estes encontram? Ruas vazias de gente.
Somos nós, elvenses, é que temos que ter motivos para ir até à “cidade”. Caso contrário vamos dar uma curva até às lojas dos chineses ou até às grandes superfícies.
Senhores comerciantes: a responsabilidade é vossa e de mais ninguém. Vocês é que têm que nos dar motivos de interesse para irmos lá e gastarmos o dinheiro. Apressem-se sob pena de perderem outra vez o comboio.
Jacinto César
Perguntar-me-ão como é que se pode então resolver esse problema?
UMA POSSÍVEL SOLUÇÃO
Não há ninguém que não tenha a noção que ir aos centros comerciais é um dos “desportos” favoritos dos portugueses. Em Elvas qualquer coisa que se pareça com tal, não é coincidência. Não há mesmo!
E porque não fazer um mesmo no centro? Quem é que poderá dizer que “uma coisa destas” não atrairia muita gente ao centro, desde que estivesse aberto sábados e domingos como em toda a parte?
- Onde fazer?
Presumo que se olharem para a fotografia aérea todos se situarão. Contornado a vermelho encontra-se o edifício da antiga “Setubalense”. Se pensarmos bem, o edifício tem 5 andares: dois, abaixo da cota da Praça da República e três acima da referida cota. Tem 2 entradas: uma pela Rua da Cadeia e outra pela Praça da República. Mas se repararem, nas linhas a amarelo, facilmente se ligaria o Centro Comercial ao parque subterrâneo.
Penso que com mais ou menos burocracia e juntando os vários proprietários se chegaria a um acordo para juntar os “trapinhos”.
- Como fazer?
Pois bem, esse seria definitivamente o problema mais bicudo pois obrigava a UMA VERDADEIRA ASSOCIAÇÃO entre os comerciantes, que em primeiro lugar pensassem no bem comum e não cada um na sua quinta. Antes de aparecerem as grandes superfícies, os comerciantes tiveram todas as oportunidades de dar o passo em frente. Não o deram e agora poderão é estar a um passo do abismo.
Alguns dirão depois de ler estas linhas: este tipo é maluco e não entende nada do assunto. É verdade! Não entendo nada do assunto, no entanto entendo bastante de ser CONSUMIDOR. Sei o que quero e sei onde procurar. A maioria das pessoas são como eu.
Jacinto César
Vêm de trás, do tempo dos Descobrimento Portugueses, tempos em que “Honra” se escrevia com H maiúsculo, dois ditados que aqui me atrevo a citar.
O primeiro traduz a Honra de quem, à época, tinha funções dirigentes, e diz tão só o seguinte, “O Comandante é sempre o último a abandonar o navio”, o segundo que traduz a repulsa por quem se punha em fuga, diz o seguinte, “Os ratos são sempre os primeiros a abandonar o barco”. Longe de serem expressões para serem tomadas à letra, estes ditos traduziam, por um lado a liderança que, pela sua abnegação, noção do dever e espírito de sacrifício era exemplo e inspiração para quem as seguia e neles confiava, por outro o total desprezo por aqueles que, pensando apenas em si próprios e no seu bem estar que não se coíbem de abandonar todos os outros, e até mesmo de lhes passar por cima, se tal significar “salvar a pele”, ou simplesmente colher algum benefício.
Perguntarão os caros leitores a que vem hoje este assunto. Vem a propósito de algo que soube e que, não sendo directamente comigo, me indignou profundamente. Então não é que o presidente do Haiti, alegando que o palácio tinha ruído e não tinha condições para ficar, se meteu num avião e foi para a República Dominicana? Que exemplo deu aos seus concidadão que passam por momentos tão difíceis? Acaso, se ficasse, estaria em pior (ou sequer igual) situação que estão aqueles muitos milhares que hoje passam fome e sede? Acaso não deveria estar para os liderar? Acaso não seria agora o momento de mostrar ser digno da confiança que nele foi depositada, acompanhar o povo no seu sofrimento e apontar os caminhos para o reerguer? Não devia ser ele a transmitir a esperança nessa mesma reconstrução?
Infelizmente, quando olhamos em volta no mundo actual, raramente vemos dirigentes capazes da abnegação, do sentido do dever e do espírito de sacrifício capazes de motivar os que dirigem e cada vez vemos mais daqueles que apenas pensam em si próprios, que são capazes de tudo para conseguir um lugar, para quem o êxito são os zeros da conta bancária e que esbanjam, na exibição desse dinheiro em roupas de alta costura e carros de luxo, os recursos que aos mais humildes do povo que dirigem, matariam a fome. Este tipo de pessoa, na primeira oportunidade, ou quando as coisas começarem a ficar difíceis, não hesitará em “saltar fora”, alijando toda a responsabilidade, arranjará um qualquer cargo num qualquer organismo nacional ou internacional, para continuar a acrescentar zeros à já choruda conta, e a esbanjá-lo como até aí.
Nesta “nau” em que vivemos os “comandantes” cada vez se assemelham mais aos ratos.
Senhor Presidente, há em Elvas tanta gente capaz de fazer um trabalho bem feito! Assim sendo, está à espera de quê? Não me diga que está à espera que um qualquer carola faça o trabalho de borla?
Para uma cidade candidata a Património da Humanidade não acha que o site demonstra um amadorismo a todo o tamanho? Que pensará um português ou estrangeiro que se quer deslocar à nossa cidade e que tem que recorrer ao site para obter informações?
Jacinto César
A ser verdade as notícias que tenho vindo a receber, é natural haver mais de meio milhão de mortos no Haiti. Meio milhão de mortos.
Com isto não quero dizer que as catástrofes haviam de acontecer somente nos países, mas acontecerem quase em exclusivo aos países pobres é demais.
Espero que o nosso país que consegue gastar milhões nas coisas mais inúteis, onde a corrupção se mede em centenas ou milhares de milhões, se lembrem daqueles desgraçados que tudo perderam. Vamos lá cada um desembolsar uns euros e socorrer aqueles infelizes.
Jacinto César
Olhemos para o caso da Irlanda e da Grécia e principalmente para este último país. Todos sabemos que a crise internacional bateu à porta a todos os países. A uns mais que a outros, mas todos estão a sofrer. A Grécia em particular é detentora dos recordes de Défice Interno e Défice externo. Acredito que os seus governantes ainda sejam piores que os portugueses, no entanto não estava à espera ver o FMI, como foi hoje noticiado, ir ao referido país para por em ordem as suas contas. Afinal onde é que está o espírito de solidariedade entre os países europeus? Fiquei preocupado com a notícia, porque se temos o azar de cair nas mãos do FMI como nos anos a seguir ao 25A, lá voltamos nós a ter que apertar todos o cinto e a sério. Não estava à espera disto.
Jacinto César
Mas agora lembro-me eu que também tive “Excelente” e continuo na mesma.
Senhor Primeiro-Ministro, o senhor está a esquecer-se de mim? Não tem para aí uma presidenciazinha para mim, nem que seja a presidência da Associação de Moradores da minha rua?
Triste país este, que vão gozando com o pagode e o pagode vai calando.
Jacinto César
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