No passado dia 11 deixei aqui um texto, dirigido ao Presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Elvas, no qual defendia, expondo as minhas razões, que o PSD deveria concorrer sozinho Às próximas eleições autárquicas, na sequência de um outro de dia 6, no qual fizera um levantamento das últimas movimentações políticas em Elvas e da grande confusão que as mesmas sugeriam por parte da oposição.
Diz no primeiro desse textos” ...é claro que não interessa a um dos dois partidos que se saiba qual o seu real peso eleitoral,..., pelo que fará os possíveis e impossíveis para, através da coligação, ...., conseguir uma visibilidade que nunca teria, e colocar elementos seus em posição elegível.”(1) A verdade é que o recente texto de dia 22 do líder do CDS/PP no seu blog Câmara dos Comuns, vem confirmar a minha afirmação da altura.
Vamos então ler esse texto e procurar interpretar, o que nele se diz
Começa por dizer “O PS de Elvas anda manifestamente nervoso com mais uma possível coligação PSD/CDS para as autárquicas. Eles não gostam de coligações e passarei mais adiante a explicar porquê.”(2), ideia que reforça perto do final do texto quando afirma “É por isso que não estranhem quando ouvirem o PS dizer que PSD e CDS deviam concorrer sozinhos, cada um para seu lado. É claro que deveriam se apenas tivéssemos em conta o superior interesse….do PS!” (2), numa clara tentativa de condicionamento e de colagem de rótulo a quem não concorde com a coligação, conotando-o com o Partido Socialista( bem à maneira de outros tempos em que quem se manifestasse contra o governo era rotulado de comunista).
Depois vem dizer “Até ao momento a minha candidatura anunciada à Câmara de Elvas continua a ser a única e posso dizer, sob palavra de honra, que até ao momento continua de pé.”(2) e “O PSD já terá encontrado candidato”(2) dando a entender que está disposto a ir sozinho a eleições, tendo até tomado a iniciativa, e que o PSD estará também a tratar da sua candidatura, para logo de seguida acrescentar “havendo uma superior interesse da cidade numa coligação ela será de ponderar” como se fosse um sacrifício que fizesse em nome da cidade, quando é notório que, sem uma coligação e levando por diante a sua candidatura, será um completo fracasso.
Para tentar justificar o “superior e interesse da cidade”(2) vai buscar os resultados das eleições de 1993 para, esquecendo(ou desconhecendo) que as Ciências Sociais não são ciências exactas vir concluir que o “todo”seria igual à soma das “partes”, isto é que o resultado de uma coligação seria igual à soma dos resultados dos dois partidos individualmente. Ora esta conclusão é perfeitamente abusiva, como passarei a demonstrar, baseado em dados concreto recolhidos na página da ANMP-Associação Nacional de Municípios Portugueses relativos aos resultados eleitorais para a Câmara de Elvas nos últimos 30 anos.
Comecemos por 1979 o PSD concorreu à Câmara de Elvas com o seu símbolo e obteve 31,8 % , no ano de 1982 o PSD não se apresentou lista tendo integrado a UD e obteve 29,8 % menos 2 % do que obtivera nas eleições em que concorrera com o seu símbolo em 1985 o PSD voltou a apresentar-se com o seu símbolo no âmbito de um acordo em que o PSD apresentou a lista para a Câmara e o CDS para a Assembleia Municipal o PSD obteve 46 % dos votos a sua melhor votação de sempre e o CDS obteve 32,8 % para a Assembleis(não sei porquê perderam-se aqui 13,8 % dos votos, mais de ¼ dos que votaram para a Câmara não o fizeram para a Assembleia!...), 1989 O PSD apresenta lista para a Câmara e para a Assembleia Municipal, obtém 42,7 % para a Câmara e 37,7 % para a Assembleia Municipal. Apesar de ter descido para a Câmara, consegue a segunda maior votação de sempre e recupera nada mais nada menos que 5% dos votos na Assembleia Municipal, 1993,o ano referido como exemplo de para justificar a necessidade de uma coligação, o PSD concorre sozinho desce para 28,8 % para a Câmara e 28,3 % para a Assembleia Municipal, (curiosamente quase a mesma votação, apenas 0,5 % de diferença), o CDS recolhe apenas 6 %,1997 o PSD comete um erro de casting monumental, e tem a pior votação de sempre, contrriamente ao que seria de esperar o CDS não capitaliza as perdas do PSD, nem sequer em parte, perdendo ele próprio 2,8 % relativamente à votação anterior. Dai em diante o PSD e o CDS concorreram sempre coligados, conseguindo votações de 15,2% em 2001 e 22,1% em 2005.
Dos dados acima apresentados podemos concluir o seguinte:
1- O melhor resultado obtido por uma coligação expressa, os 29,8 % conseguidos pela UD no ano de 1982 é inferior aos três melhores resultados obtidos pelo PSD quando a concorrer com o seu símbolo, e está quase ao nível da votação obtida no ano de 1993, apenas 1% de diferença.
2- Os resultados obtidos nas últimas duas eleições, concorrendo em coligação são piores que todos os resultados do PSD tomados isoladamente(mesmo o tal de 1993), se excluirmos o ano de 1997 cujo desaire se deve à infeliz escolha do candidato.
3- O facto de o CDS não capitalizar a descida do PSD no ano de 1997 mostra a dificuldade de algum eleitorado do PSD em votar CDS mesmo quando não acredita na proposta do PSD e que portanto tende a afastar-se das coligações.
4- O mesmo se pode verificar no diferencial de votações entre a Câmara (PSD) e a Assembleia (CDS)
Não vejo pois porque motivo “O PS de Elvas anda manifestamente nervoso com mais uma possível coligação PSD/CDS “(2) quando o PDS tem tradicionalmente melhores resultados quando se apresenta por si.
António Venâncio
(1) Venâncio,António in
http://tascadasamoreiras.blogs.sapo.pt/1r19964.html
(2) http://elvas2050.blogspot.com/2009/02/autarquicas-2009.html
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